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17 de julho de 2024

Sexta-feira 13: Relembre lendas e histórias sobrenaturais de Maringá e região


Por Monique Manganaro Publicado 13/05/2022 às 19h03 Atualizado 20/10/2022 às 21h46
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Entre os momentos que ajudam a formar a história de Maringá estão casos sobrenaturais que intrigam e mexem com o imaginário da população. Exorcismos, um bandido com poderes sobrenaturais e um cemitério mal-assombrado são algumas das lendas maringaenses passadas de geração em geração e que são contadas até os dias de hoje. 

Nesta sexta-feira, 13, o GMC Online reuniu algumas das histórias sobrenaturais de Maringá e região para você relembrar. Confira: 

Exorcismo no Jardim Guaiapó

Realizado pelo padre Benno Wagner, um dos primeiros párocos da Igreja São José Operário, na Vila Operária, o exorcismo aconteceu no Jardim Guaiapó, em 1955, e foi documentado em livro. 

A história macabra envolvendo demônios está no livro “Maringá, Cidade Canção – Volta às raízes”, que está disponível para leitura ao público na sala do Patrimônio Histórico de Maringá.

O padre relata que uma casa do bairro tremia todas as noites e que ninguém conseguia dormir ou ter paz naquele local. Um dos moradores buscou ajuda do padre na paróquia e ao pesquisar sobre o assunto o padre Benno descobriu que naquele mesmo ano cinco irmãos italianos mataram o cunhado no local e desde então perderam a paz.

Segundo o padre, ao chegar na casa, várias pessoas do bairro o aguardavam ansiosos na esperança de que a oração ajudasse a espantar o espírito. Assim que ele chegou tudo parecia ser normal, até que eles começaram a rezar.

“Era semelhante a um terremoto. A casa tremia. Objetos caíam no chão. Parecia um violento abalo sísmico. Todos os presentes, com os olhos esbugalhados, olhavam para mim, que estava no centro macabro. Seguiu um momento de silêncio pavoroso. De repente, uma velhinha, sentada numa cadeira no canto da sala, gritou histericamente: ‘É agora, seu padre!’”, relata o padre Benno Wagner no livro “Maringá, Cidade Canção – Volta às raízes”.

No livro, o padre conta que nunca viu uma situação tão assustadora em toda a vida religiosa dele. Ele relata que parecia um filme, parecia ficção de tão estranho que era estar dentro de uma situação dessas.

“Perplexo, confesso que um estranho sentimento invadiu todo o meu ser. Prevenido porém, e avisado antes, com profunda fé no coração, acenei a meu sacristão que me alcançasse o meu Rituale do Exorcismo. Ele obedeceu. Estava porém tremendo e mal conseguia segurar a água benta. Foi então que pus em prática, o que tinha aprendido no meu curso de Teologia e Pastoral. Acredito que nunca rezei com tanta fé no coração. Sentia-me muito perto desse estranho fenômeno. Sei que o esconjurei em nome de Deus. Pedi paz para aquele povo e sossego para aquele lugar. Com a cruz na mão, aspergia a água benta, pedia a Deus a benção para o meu povo. E tudo aquietou”, disse o padre no livro.

Na casa onde foi realizado o exorcismo nunca mais se ouviu nada. No entanto, na residência ao lado, os moradores ouviam barulhos e coisas estranhas também aconteciam. O padre fez um exorcismo no local também e ficou chocado com o que aconteceu assim que entrou na casa de madeira.

“Quando ia dar o primeiro passo na sala da casa, escutei um barulho no sótão. Bem na minha frente, caiu de cima uma velha lima de afiar ferramentas. Com a parte apontada, ficou espetada no assoalho de peroba, mal um palmo diante dos meus pés. Por um nada atingiria minha cabeça”, relata Benno Wagner.

Depois de toda essa situação os espíritos foram embora, segundo Benno Wagner no livro. A história ficou registrada no livro “Maringá, Cidade Canção – Volta às raízes”. 

Saruê, o bandido que se transformava em animais

Uma das lendas mais famosas é a de Saruê, um bandido que teria morado na Vila Operária. Em entrevista ao GMC Online, o historiador João Laércio relatou que apesar de ser criminoso, o homem seria protegido pelos moradores do bairro por ser uma espécie de “Robin Hood”.

O que fez Saruê se tornar popular até hoje entre os maringaenses é que o homem teria alguns poderes “mágicos”. Os relatos são de que ele se transformava em animais ou objetos para escapar da polícia.

Cemitério dos Caboclos 

Para começar a contar esta história, é preciso contextualizar este cemitério, que hoje está abandonado. Segundo pesquisa do projeto Maringá Histórica, sua construção se deu entre as décadas de 1930 e 1950. A finalidade era enterrar apenas os chamados “caboclos” que habitavam na região noroeste paranaense. Pouco estudados, os caboclos eram mestiços, entre índios, negros, brancos e até muçulmanos.

Estes mestiços eram pessoas de estatura mediana, fala mansa e marcados por construções rústicas. Os caboclos, inclusive, são considerados os primeiros habitantes da região metropolitana de Maringá. Eles teriam desaparecido na década de 60.

O local é repleto de artifícios usados para trabalhos espirituais. Isto significa que, hoje em dia, além dos curiosos, membros de religiões africanas provavelmente também visitam o histórico cemitério.

Fantasmas

A PR-323, conhecida como “rodovia da morte” devido ao altíssimo número de acidentes fatais, passa bem ao lado do Cemitério dos Caboclos. O relato mais emblemático é de um famoso personagem da região, que a comunidade apelidou de “Caboclinho”. Segundo a lenda, seu espírito apareceria no banco de passageiro de caminhões e puxaria o volante para a esquerda, causando acidentes. 

Foto: Reprodução

Muitos realmente acreditam que o Cemitério dos Caboclos é mesmo mal-assombrado. Entre diversas histórias contadas por moradores dos arredores do local, destacam-se os que garantem que veem vultos próximos ao cemitério e os que contam terem avistado caboclos andando nas margens da rodovia, e quando olhavam pelo retrovisor de seus veículos, adivinha: não tinha mais nada lá.  

Segundo a lenda, na região vivia um famoso curandeiro chamado Pai Çandu, que deu nome ao município. Ele seria um respeitado líder indígena que foi referência política entre as tribos da região durante a guerra contra o Paraguai. Pai Çandu teria aceitado ajudar os “homens brancos” no confronto em troca de receber reservas para que seu povo pudesse viver melhor. Os soldados brasileiros, no entanto, não cumpriram a promessa, o que fez Pai Çandu tomar uma decisão drástica: ele proibiu qualquer tipo de contato dos índios com os brancos.

Por serem filhos de índios com soldados brasileiros, os caboclos foram condenados a morte. Seus corpos, muitos ainda crianças, foram enterrados em valas comuns à mando de Çandu. Após a morte do líder, as mães destas crianças mortas resolveram construir o Cemitério dos Caboblos, como homenagem às vítimas da crueldade de Pai Çandu. No entanto, muitos creem que estas almas nunca descansaram…

Os acidentes na PR-323, de acordo com a lenda, nem sempre são frutos de negligência ao volante, e sim provocados pelos espíritos dos caboclos.

Foto: Reprodução

Uma história contada por um caminhoneiro afirma que, certo dia, enquanto voltava de um frete, o rádio do veículo parou de tocar músicas e começou a emitir sons de gemidos. Arrepiado dos pés à cabeça, o caminhoneiro sentia que não estava sozinho em sua cabine. Foi quando ele jura de pés juntos ter visto algo parecido com uma mão puxando o volante do caminhão e mudando sua rota, quase o fazendo tombar na estrada. Seria o “Caboclinho”?

O local foi tombado como patrimônio histórico.

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