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23 de novembro de 2024

Há 53 anos, Grêmio Maringá batia a União Soviética no Willie Davids


Por Chrystian Iglecias, com Airton Donizete/Folhapress Publicado 13/02/2019 às 15h15 Atualizado 19/02/2023 às 17h25
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O calendário marcava 13 de fevereiro de 1966. Local: Estádio Regional Willie Davids. Lev Yashin, o Aranha Negra, e a seleção da União Soviética visitavam Maringá para enfrentar o Grêmio Esportivo Maringá. O resultado final? Um improvável 3 a 2 para os maringaenses.

A partida foi um marco na história do futebol da Cidade Canção. O Grêmio abriu 2 a 0 de vantagem no primeiro tempo, com gols de Luiz Roberto e Edgard. Mas a União Soviética buscou o empate com Shesterniev e Banischeviski, ainda na primeira etapa. Aos 13 minutos do segundo tempo, por fim, Edgard fez o segundo dele na partida e selou a vitória dos maringaenses.

Os amistosos no Brasil serviam de preparação para a Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra, na qual os soviéticos ficaram em quarto lugar. Antes de jogar em Maringá, a URSS goleara o Atlético-MG por 6 a 1, vencera o Cruzeiro por 1 a 0 e o Uberlândia por 2 a 0 – todos os jogos em Minas Gerais.

A façanha do Grêmio Esportivo Maringá rendeu até mesmo um telegrama do então governador do Paraná Paulo Pimentel.

“Peço, amigo Navarro (Mansur, presidente do Grêmio), que cumprimente aos atletas do Grêmio, leve meu abraço pessoal pela vitória magnífica do próprio futebol brasileiro nas terras araucarianas. Desejo, ainda, que sintam nesta manifestação, o calor do interesse com que acompanhei o impressionante feito esportivo internacional, conquistado pelos rapazes do Grêmio.”

O público foi de 20 mil torcedores e a renda teria chego à casa dos 100 milhões de cruzeiros, de acordo com informações da Tribuna do Paraná.

Elenco

Se os soviéticos tinham Yashin e Metreveli, o GEM tinha o zagueiro Roderley Geraldo de Oliveira, que comandava a defesa e permaneceu na cidade após encerrar a carreira. Ele recorda que os soviéticos tinham uma estrutura de fazer inveja.

“No intervalo, por exemplo, eles beberam crusch e comeram pão com presunto, e a gente só tinha uma aguinha pra beber”, conta.

Outro destaque era o goleiro Maurício Gonçalves, que também vive em Maringá. A maioria dos ataques soviéticos que passava pela zaga parava nas mãos dele.

“Ficamos emocionados com o estádio lotado nos apoiando com muita empolgação”, diz. “Do outro lado, víamos o lendário goleiro Yashin e o habilidoso Metreveli, mas acreditávamos que tínhamos condições de vencer e foi o que aconteceu.”

Para Maurício, não houve surpresa, enumerando os títulos que a equipe maringaense conquistara nos anos anteriores. Ele cita a boa fase do artilheiro Edgar, autor de dois gols contra os soviéticos.

“Ficamos com receio porque era uma equipe muito forte, mas não baixamos a cabeça e fomos pra cima”, afirma Edgar, que está com 81 anos e mora em Ponta Grossa.

O advogado Alcides Siqueira Gomes, que morreu recentemente, aos 71, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC), não participou do jogo, mas vivenciou-o, não apenas porque esteve no local da partida naquele dia memorável, mas por causa de uma lembrança especial.

Colecionador de cédulas antigas, ele contou em entrevista à imprensa local em 2018 que se aproximara de Metreveli e, com ajuda de um interprete em inglês, lhe dissera que queria ter uma cédula russa de cem rubros para agregar a sua coleção.

O craque lhe prometera enviá-la. Em pouco mais de 30 dias, chegava pelos Correios na casa do advogado o presente do ídolo soviético. Siqueira guardava-a com carinho entre outras da sua coleção.

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