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23 de novembro de 2024

Investidor do Botafogo foi skatista e enriqueceu com efeitos visuais no cinema


Por Agência Estado Publicado 29/12/2021 às 11h00 Atualizado 21/10/2022 às 02h36
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O Botafogo está na iminência de ser administrado pelo magnata americano John Textor, que assinou um pré-contrato com o clube para ter prioridade na compra da sua Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Restam, segundo a agremiação carioca, trâmites jurídicos e legais antes da formalização da parceria com a Eagle Holding, fundo de investimentos liderado por Textor.

O Botafogo tenta seguir o caminho do Cruzeiro, que se transformou em clube-empresa com base na legislação recentemente aprovada pelo Congresso Nacional e vendeu 90% de suas ações para Ronaldo Fenômeno. Textor deve fazer um aporte no time carioca de R$ 410 milhões e assumirá a dívida, estimada em R$ 1 bilhão. O Botafogo ganhou a Série B e está de volta à elite do futebol nacional. Isso faz com que o clube aumente sua receita. Vai melhorar, por exemplo, suas cotas de TV na temporada 2022.

Nascido na pequena cidade americana de Kirksville, programador de origem e formado em Economia, o empresário de 56 anos se tornará o primeiro estrangeiro a ser dono de um time de futebol no Brasil usando a nova lei da Sociedade Anônima. Ele é fã de futebol, esporte pouco popular em seu país, tanto que é coproprietário do Crystal Palace, da Inglaterra, e negocia a aquisição do RWD Molenbeek, clube da segunda divisão da Bélgica. Em julho passado, tentou adquirir parte do Benfica, mas não obteve sucesso. Além disso, possui uma escolinha de futebol na Flórida, nos Estados Unidos.

Em agosto, o magnata americano pagou 87,5 milhões de libras (cerca de R$ 630 milhões, na cotação da época) por uma fatia das ações do Crystal Palace, que, de acordo com informações da imprensa britânica, é de 18%. Ele, porém, afirmou na ocasião que a porcentagem divulgada estava errada e limitou-se a dizer que sentia-se “feliz de ser parte da família Palace”.

Nos primeiros meses à frente do clube inglês, o executivo apostou em um técnico jovem, o ex-jogador francês Patrick Vieira, para substituir Roy Hodgson, e gastou 67 milhões de libras (cerca de R$ 510 milhões) em reforços importantes na janela de transferências mais cara da história do clube de Londres. Administrativamente, o sócio do Palace reduziu a dívida da agremiação em 50 milhões de libras (R$ 380 milhões), investiu 20 milhões de libras (R$ 151 milhões) nas melhorias do centro de treinamento e fez a promessa de custear uma ampla reforma no Selhurst Park, estádio quase centenário da equipe londrina. A obra deve custar 82 milhões de libras (R$ 622 milhões).

“Eu analisei muitas oportunidades em todo o futebol europeu para investir e poder seguir minha paixão pelo futebol e ter uma participação significativa em um clube”, explicou Textor no dia em que foi feito o anúncio da compra do Crystal Palace. Steve Parish, outro coproprietário e presidente do time de Londres, descreveu o investimento do bilionário como “ideal” para o clube devido aos “desafios financeiros significativos” nos últimos 18 meses.

GURU DA REALIDADE VIRTUAL DE HOLLYWOOD – Não foi por meio do futebol que Textor fez fortuna. Grande parte do dinheiro investido na modalidade ele conseguiu nos ramos de cinema, mídias e tecnologia. Foi definido pela revista Forbes como o “guru da realidade virtual de Hollywood”. A alcunha tem origem no trabalho na Digital Domain, empresa de efeitos visuais criada pelo famoso diretor James Cameron e da qual se tornou o maior acionista e copresidente em 2006.

A companhia já havia alcançado o sucesso antes de ser gerida por Textor, especialmente pelo trabalho em Titanic, que rendeu à empresa o Oscar de efeitos visuais em 1998. Mas com o executivo americano, a Digital Domain tornou-se mais conhecida ao faturar outras oito estatuetas do Oscar.

“O curioso caso de Benjamin Button”, “Os homens que não amavam as mulheres”, “Zodíaco”, “Gran Torino” e “Her” fazem parte do portfólio da empresa, além de franquias como “Exterminador do Futuro”, “Homem Aranha”, “Homem de Ferro”, “Piratas do Caribe”, “Star Trek”, “Transformers”, “Thor”, “Velozes & Furiosos”, “Vingadores” e “X-Men”.

O futuro acionista do Botafogo deixou o comando da Digital Domain em 2012. No ano seguinte, fundou a Pulse Evolution Corporation, responsável por criar hologramas ultrarrealistas, além de trabalhar com realidade virtual, realidade aumentada e inteligência artificial. A Pulse ganhou fama por duas apresentações holográficas, a do show do rapper Tupac Shakur, assassinado em 1996, no tradicional festival Coachella, em 2012, e a de Michael Jackson na premiação da Billboard de 2014, como homenagem aos cinco anos da morte do “rei do pop”.

O bilionário também é dono da Facebank, por meio da qual fundou em 2015 a fuboTV, empresa especializada em transmissões esportivas nos Estados Unidos. A plataforma de streaming detém os direitos de transmissão de ligas como NFL, MLB, NBA, NHL e MLS e exibe as partidas para vários países. Quando abriu suas ações na Bolsa de Nova York, a companhia foi avaliada em US$ 8 bilhões (cerca de R$ 45 bilhões), em outubro de 2020. VirtualBank, a Art Technology Group, Image Metrics, Faceware e EvolutionAl Corporation são as outras empresas com as quais está envolvido.

O magnata, que deverá ser dono de 90% das ações do Botafogo, entrou como empresário no universo esportivo por meio da fuboTV, mas o esporte o acompanha desde cedo. No fim da década de 1970, Textor jogou futebol americano universitário e foi skatista profissional. Na época, foi reconhecido como um dos melhores do skate nos EUA, mas teve de abandonar a carreira no início dos anos de 1980 em virtude de uma grave lesão na cabeça que o levou a ser hospitalizado.

Textor abriu mão do cargo de diretor-executivo da fuboTV para começar a investir uma fração de sua fortuna na compra de clubes de futebol. Acompanha de perto a rotina do Crystal Palace, incluindo a dos times de base e feminino, e interage com os torcedores nas redes sociais. Agora, o americano quer usar a imagem, tradição e grandeza do Botafogo para expandir seus negócios no futebol e se fazer ainda mais conhecido.

Ao ver um vídeo da torcida do Botafogo comemorando no Engenhão, o investidor disse estar impressionado e comparou os botafoguenses com os torcedores do Crystal Palace. “Inacreditável! Eu amo isso”, afirmou, estusiasmado com os apaixonados do clube do qual se tornará acionista majoritário.

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