Vida e dignidade não tem cor

“Fiquem longe de toda espécie de mal” (Paulo aos Tessalonicenses 5,24). Quem acolhe o amor de Deus e a vida nova em Cristo se aproxima da luz. “Aproximar-se da luz” é o convite que Jesus nos faz no Evangelho. Caminhar na luz, que é Cristo, que é a sua Palavra, a fim de que as nossas ações sejam realizadas em Deus, vencendo o mal pelo bem. 

Discípulo de Cristo, cristão, de verdade não tem medo que as suas obras sejam manifestadas, não se esconde por trás de esquemas que não condizem com a vida cristã. Jamais se deixa corromper. 

Somos chamados a ser cristãos por inteiro, a viver na santidade, principalmente através das pequenas coisas do dia a dia.  Condenamos a corrupção e cometemos pequenos atos de infidelidade, de preconceito, de exclusão e até mesmo de discriminação de cor, de raça, de religião, de posição social. Muitas das vezes somos levados a condenar o comportamento dos outros, e esquecemos de valorizar os pequenos gestos solidários dentro do próprio convívio familiar, como a gentileza, educação no falar, nos gestos e até mesmo no olhar. 

São os pequenos atos que nos levam a uma prática positiva e de convivência social agradável, como também os pequenos atos injustos, corruptos na convivência diária, que também levam a grandes atitudes de enganação, roubo, exploração e mals tratos.

Tenho certeza que neste tempo longo de isolamento social e forçada convivência dentro de casa, está sendo uma oportunidade para promover grandes mudanças de comportamento, de educação de disciplina, de respeito pelo outro, que até então estavam esquecidos. Por outro lado esse tempo, gerou conflitos, até graves resultando agressão, separação, ódio, isto porque nunca foram valorizados os pequenos gestos, as pequenas manifestações de carinho, afeto e aceitação das diferenças. Temos muito a dar. Muito mais que receber. Vieram às claras tantas coisas que no ativismo eram camufladas em nome do não ter tempo, e muitas vezes no direito de dar asas aos gostos pessoais, justificando ausência e descompromisso com aqueles pelos quais nos comprometemos amar por toda vida. 

O tempo presente vem carregado de profundas mudanças, e de grandes oportunidades, não só a nível social, mas principalmente no pequeno núcleo familiar, nas relações de trabalho, na convivência com os mais próximos, na valorização dos pequenos e excluídos.

A pandemia vem carregada de clamores. Um deles é o grito pelo respeito e valorização do diferente. Que a convivência seja acompanhada da busca da paz, jamais cedendo à tentação da agressividade. A busca da justiça que conduz à paz como caminho para um mundo cada vez mais solidário, desfazendo a espiral da violência em pontes de humanidade. A vida e a dignidade das pessoas continuamente são violadas de muitos modos, provocando tanto sofrimento. 

Sendo que a nossa sociedade é formada por pessoas que na maioria acreditam nos valores sobrenaturais e na fraternidade universal, esta é a hora de estabelecer neste mundo uma nova ordem, um novo estilo de vida, sonhado pelo ser humano e querido por Deus. 

Nosso Deus não nos abandona, não nos castiga, não sente prazer no sofrimento de seus filhos, mas espera ansiosamente, que cada um faça sua parte e conte com a presença Dele, como Deus Amor, que está conosco sempre. Quem crê em Cristo Ressuscitado é chamado a vida nova. Crê na vitória do amor sobre o ódio, da misericórdia sobre a vingança, da paz sobre a violência, do perdão sobre o ressentimento e da vida sobre a morte. Nós cremos no poder do amor misericordioso! Por isso, somos chamados a manifestar ao mundo o rosto misericordioso de Deus, sem preconceitos.