Ulisses Maia analisa gestão, pontua destaques do aniversário da cidade e fala da ação como liderança regional

A CBN Maringá e o GMC Online, veículos do Grupo Maringá de Comunicação (GMC), entrevistaram nesta sexta-feira, 7, o prefeito de Maringá, Ulisses Maia, para um balanço da gestão às vésperas do aniversário de 74 anos da cidade, celebrado na próxima segunda-feira, 10. Nas entrevistas, Maia comentou sobre os destaques da comemoração, falou sobre o papel que o município tem como polo regional e sobre o transporte coletivo, um dilema durante a pandemia.
Confira na íntegra:
Reportagem: Mesmo em meio ao período mais desafiador da história, Maringá vai celebrar o aniversário de 74 anos. Quais são os destaques da comemoração?
Ulisses Maia: Primeiro, eu queria falar que nós estamos vivendo um momento difícil, sim. Muito sofrimento, dificuldades econômicas, mas nós temos que imaginar também que estamos numa cidade que conquistou ‘A Melhor Cidade do Brasil para se Viver’, por conta de indicadores e em 74 anos, apenas. É uma cidade que evoluiu demais e é um desafio nós continuarmos o trabalho para garantir que ela continue sendo a melhor cidade do Brasil para se viver. Por conta da pandemia, não precisa fazer o desfile, nessa época iria estar acontecendo a Expoingá, nós iríamos ter o show do aniversário da cidade, sempre tradicionalmente teve, mas infelizmente não podemos aglomerar. Então, nós fizemos uma programação de atividades culturais, todas elas online – VEJA AQUI, de certa forma é uma homenagem que se faz na nossa cidade. E, no dia do aniversário também, só com as autoridades, nós fazemos o hasteamento das bandeiras. Às 9h, nós vamos ter a camerata da Unicesumar tocando o hino a Maringá e a presença do governador, para prestigiar a nossa cidade, e na sequência o governador vai liberar recursos para Maringá, em torno de R$ 13 milhões que nós usaremos para recape de ruas e avenidas e uma ponta que faremos no Jardim Bertioga, ligando com Sarandi. Também aproveitaremos esse momento para entregar ao governador o projeto final do trevo do Catuaí que ele vai anunciar o processo de licitação.
Reportagem: Quais os principais motivos que Maringá tem para comemorar os 74 anos?
Ulisses Maia: A cidade tem 74 anos apenas. Para a cidade, é muito jovem, seria praticamente um bebê, porque as cidades que se destacam em nível nacional e até internacional, são cidades centenárias. Maringá 74 anos. É uma cidade que temos que comemorar, sim, porque os indicadores apontam como a melhor cidade do Brasil para se viver. Você pega o saneamento, que é extremamente [importante] para a qualidade de vida, para a saúde, nós somos a segunda do Brasil. O empreendedorismo de Maringá também se destaca. Maringá também é a segunda melhor cidade para se empreender no Paraná, perdendo só para a capital. Você pega as finanças públicas, com toda a dificuldade que existe no momento, mas nós temos superavit, o que permite investimentos na área da saúde, na área da educação. Você pega a educação pública municipal, é de excelência o nível do material escolar, do uniforme, do processo pedagógico, é exatamente ou até superior à escola privada. A própria saúde pública, a pandemia mostrou que o sistema público de saúde, o SUS aqui faz o trabalho igual também ou até melhor que determinados planos de saúde, então a cidade tem muita coisa boa. A segurança dela que preza a segurança pública das pessoas, que também preze alguns problemas com segurança que são normais e acontecem em cidades, mas os números comparados, nós somos uma das melhores cidades do Brasil em questão de segurança, então são alguns indicadores positivos. A geração de emprego, fundamental, nós temos vários meses ao longo do último ano em que nós ficamos em segundo na geração de emprego, perdendo apenas para a capital. Então Maringá tem aspectos positivos. Tem problemas? Claro, não vamos dizer que aqui é tudo prefeito e maravilhoso, mas tem também todo um planejamento para que a gente consiga resolver as demandas, deixando ela como a melhor cidade do Brasil para se viver sempre e para as pessoas.
Reportagem: O que mais mudou em Maringá que você considera significativo nos últimos anos? Em que Maringá surpreende enquanto uma comunidade, enquanto espaço público e privado de atuação?
Ulisses Maia: Maringá tem várias características diferentes de outras, mas eu acredito que a força da sociedade civil organizada é uma das características que destacam. Eu falo porque nos contatos que nós temos com outros prefeitos, com outras cidades, isso não é normal. Aqui há uma sinergia do poder público com a sociedade civil organizada, ajudando a cidade crescer. Não há concorrências, e não só em relação à sociedade civil organizada, mas em relação à representatividade política. De um modo geral, só alguma ou outra exceção, a representatividade política ela se une pela cidade. A disputa política eleitoral fica no âmbito da eleição. Após a eleição, nós trabalhamos com outros políticos. Por exemplo, temos quatro deputados federais e os quatros tem trabalhado com a administração, ajudado a cidade, colocado recursos no orçamento. Então isso também característica Maringá, é um fator muito positivo.
Reportagem: O planejamento ajuda ou engessa a cidade?
Ulisses Maia: Ele ajuda a garantir qualidade de vida. Ele engessa em determinadas circunstâncias, pro exemplo, você construir em Maringá é muito diferente e muito mais difícil do que você construir na média das outras cidades do Brasil. Porém, aqui as construções atendem ao planejamento, aqui nós temos área impermeável que você tem que tem que ter. Tem os recuos, quer dizer, aqui as construções são muito mais exigentes, o que possibilita a cidade ter uma qualidade de vida diferenciada, não é por acaso que chegamos à melhor [cidade] do Brasil para se viver, é por conta dos indicadores. Os indicadores são exigências que a gente tem nas mais diversas áreas e o que garante, evidentemente, a cidade com condições positivas e se destacando em nível nacional.
Reportagem: Quando a cidade a cidade vai, ou você acha que já fez isso, olhar para região e se responsabilizar pelo papel da região? Porque são muito diferentes alguns indicadores de Maringá, mas se você olhar o entorno, nem sempre é muito atrativo. Quando a gente vai resolver isso?
Ulisses Maia: Esse é um grande desafio, tanto é que neste mandato eu criei a Secretaria de Assuntos Metropolitanos, porque não dá para pensar só na cidade de Maringá. Nós temos que trabalhar de forma integrada. Inclusive, ontem [quinta-feira, 6], nós tivemos uma audiência pública com os prefeitos da região, com o Governo do Estado, na construção do plano de desenvolvimento urbano integrado. Isso aí é o começo do trabalho em região metropolitana que existe, hoje, apenas no aspecto político. Por exemplo, a Amusep [Associação dos Municípios do Setentrião Paranaense] trabalha politicamente, agora, a gente tem que trabalhar na gestão coletiva da cidade. Ações concretas. Por exemplo, nós temos nosso aeroporto aqui, mas se você olhar logo depois do aeroporto, nós temos uma área enorme reservada no nosso aeroporto, mas se você olha para Paiçandu, que é limítrofe com o aeroporto, tem construção de residência. Então, não dá para você pensar em planejamento urbano e gestão da cidade como um todo, sem olhar para a região metropolitana. Nós, inclusive, estamos atrasados nisso. Por exemplo, a mobilidade, você falou de 50 mil pessoas ou mais, por dia, quem vêm a Maringá e voltam para suas cidades, aí vamos falar da mobilidade. Não há integração entre o transporte coletivo e entre essa cidades, então, [para a] região metropolitana tem que haver essa integração do transporte coletivo. E aí, as cidades que fizerem parte da região metropolitana, que está definido agora neste plano de desenvolvimento urbano integrado, elas passam a ter responsabilidades conjuntas. Então isso é o princípio desse trabalho de consolidar a região metropolitana e, evidentemente, Maringá como cidade-polo ela tem responsabilidade, inclusive social, com toda essa região. Porque muitas pessoas que vêm a Maringá trabalhar ou consumir, essas pessoas muitas vezes gostariam de morar aqui na cidade e até por conta de aluguel, preço de imóvel, acaba mudando para outras cidade da região. Inclusive, o Codem (Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá) tem iniciado a tratativa de fazer ele se tornar regional.
Reportagem: A liderança, em relação à covid-19, foi tensa em algum momento? É difícil você gestar um problema em uma cidade que não está ligada somente a ela, que tem ligação a outros município?
Ulisses Maia: Sim, é difícil. Você lembra um momento muito polêmico quando eu anunciei a barreira sanitária e, de fato, nós fizemos evidentemente uma barreira sanitária educativa. Naquele momento teve influência. Eu me lembro que era um domingo, eu pensava fechamos tudo aqui em Maringá e no entorno dos municípios não estavam fechando, inclusive cidades grandes, vamos dar o exemplo de Cianorte. Naquele momento eu pensei, isso não é justo na cidade de Maringá, então, de 30 cidades da região, acho que duas ou três só que não estavam fechadas, isso não é justo. Eu anunciei a barreira sanitária. Evidentemente que jamais deixaríamos uma ambulância com uma pessoa doente, é óbvio, mas para que os prefeitos entendessem que eles também têm responsabilidade nos decretos, porque os pacientes e as pessoas das cidades que ficarem doentes, vão vir a Maringá. Então como que não vai fechar, por que tem que fechar só aqui? Então fizemos isso e funcionou. Nós tivemos aqui uma cidade próximo a Maringá que tinha liberado tudo, voltou atrás e fechou. A própria cidade de Cianorte, que depois eu conversei com o prefeito, ele acabou voltando atrás e fechando. Então, nesse momento foi um pouco de tensão. Mas, fora isso, nós evoluímos muito, então eu acredito que agora na pandemia a Amusep deu essa demonstração, então nós nos reunimos duas ou três vezes antes, para tomar a decisão em conjunto. O que nós fizemos aqui deu resultado positivo, mas esse foi o maior problema no Brasil, porque diferente de outros países, não ouve uma determinação única para o País todo, que deveria haver. Faltou totalmente [uma orientação federal], é notório, inquestionável. Não é uma crítica que eu estou fazendo ao governo federal, mas é notório que não houve uma determinação em nível nacional para que os demais governos e prefeituras acatassem. E, na falta dessa determinação nacional, cada governador tomou uma decisão e cada prefeito, o que é pior. Nós temos mais de cinco mil cidades no Brasil, você imagina, cada cidade com uma decisão diferente. Isso foi muito ruim, esse foi um problema sério, então, a tomada de decisão diferente entre as cidades.
Reportagem: A pandemia destacou muito a figura do prefeito, no País todo. É difícil ser prefeito nesse momento? De repente se eleva o valor do prefeito, mas a cobrança é na mesma proporção.
Ulisses Maia: Primeiro, em relação à pandemia, mostrou a importância, eu não digo do prefeito, mas do municipalismo, ou seja, é nas cidades que as pessoas moram, então é aqui que as coisas acontecem. Nós estamos em nível nacional, com a Frente Nacional dos Prefeitos, nós estamos trabalhando no sentido do municipalismo. E, realmente, cada vez vai ter mais responsabilidades nos municípios, mas para isso precisa de recurso. Por exemplo, segurança pública, não era responsabilidade dos municípios, sempre foi do Governo do Estado e do Governo Federal. Dos municípios, vieram a Guarda Municipal, que na prática agora está assumindo a grande parte da segurança pública. Só que não tem os recursos [para se armar], por isso que a maior parte dos municípios brasileiros está com dificuldade financeira, ela assumiu muita responsabilidade e os recursos não vieram, isso em relação ao municipalismo. Em relação ao ser prefeito nesse momento muito difícil, não foi fácil, porque você tem que tomar decisão. O que eu optei aqui, foram com as decisões técnicas, porque não pode sair da minha cabeça a decisão, a decisão tem que ser técnica, e aí nós tivemos um respaldo da Secretaria de Saúde, sempre conversando com o Ministério Público da Saúde e as nossas decisões foram tomadas em cima daquilo. Agora, você protege a vida nessa decisão, só que evidentemente você afeta determinados setores da economia, essas pessoas que são afetadas, evidentemente, não estão satisfeitas. Mas eu entendo também que isso é um desafio e uma missão, eu não fui obrigado a ser prefeito, eu quis, eu gosto de trabalhar na vida pública, é uma missão que eu tive também e penso que contribui para preservar muitas vidas em Maringá.
Reportagem: Sobre a vacinação. A ideia é: estamos no começo do fim da pandemia? Como é que a gente pode ter a certeza de quando acaba isso se a gente não tem a certeza de quando chegam novas vacinas? E como é essa questão de gestar uma dose ou uma quantidade de vacinas e imunizantes e você não tem a previsão de quanto e quando vai chegar?
Ulisses Maia: Nós não temos a previsão de quanto vai chegar, quanto vai chegar e nem a decisão de quem vacinar e isso é importante dizer. Nessa distribuição das vacinas, aos municípios a responsabilidade ficou apenas da aplicação das vacinas, porque elas chegam na cidade já determinado. Em tese, [o prefeito] não [tem autonomia], ele poderia eventualmente, mas ele estaria descumprindo o Plano Nacional de Imunização [PNI] e o Plano Estadual. O Plano Municipal é exatamente igual ao Plano Estadual. Então, Maringá adotou o Plano Nacional de Imunização. Por exemplo, os coletores de lixo, por mim já teria vacinado todos eles, mas não estão na ordem do PNI. Se você começa a abrir exceção, todos os demais querem, então a decisão técnica que Maringá tomou é seguir o PNI e o Plano Estadual. Então a gente não sabe quantas vacinas vêm, quando vêm e o que vem já vem determinado o que aplicar, por isso que no primeiro momento da liminar da Justiça, eu disse: ‘Eu quero cumprir, mas não tem como’. O que aconteceu? O que facilitou, o governador Ratinho Junior entendeu que é importante iniciar o processo de retomada das aulas, reservar uma parcela de doses para imunização. A partir de semana que vem, nós vamos receber doses para vacina, mas respondendo sua pergunta, nós estamos no início do fim [da pandemia] sem dúvida alguma. O processo de vacina aumentou muito, a Frente Nacional dos Prefeitos, quando criou o consórcio, independentemente de comprar as vacinas, porque não tem as vacinas disponíveis nesse momento no mundo, ela teve uma influência na mudança de comportamento no Ministério da Saúde. Por exemplo, o MS no ano passado não quis comprar a vacina da Pfizer e, este ano, ele comprou no mesmo preço nas mesmas condições. Então, houve uma mudança de conceito com relação ao MS. Foi quando a justiça autorizou e, depois, veio a lei federal autorizando os governos, os estados e os municípios a comprarem as vacinas e aí todos foram atrás. E aí que fomos atrás de buscar a vacina e continuamos ainda, se aparecer um laboratório com a vacina autorizada pela Anvisa, nós vamos comprar, não só pelo consórcio nacional e também pela prefeitura, mas não vacina disponível. E não há por que? Porque o MS, há uns quatro meses, pelo menos, o MS está comprando todas as vacinas disponíveis nos laboratórios. Por isso, em que pesa ser quase que a conta gotas, está avançando muito. Nós já vacinamos aqui em Maringá quase 90 mil pessoas, 20% da população. Começamos amanhã [sábado, 8] a vacinação da comorbidades, quem tem mais de 60 anos, já estão todos vacinados, então nós estamos evoluindo e com mais quatro meses pela frente, acredito que grande parte já vai ter vacinado e, até o final do ano, todo mundo, se Deus quiser, já vai estar vacinado.
Reportagem: O que a gente pode esperar do poder executivo daqui para frente?
Ulisses Maia: A gente tem essa previsão das vacinas, nesse ritmo conseguir vacinas, mas não dá para gente assegurar. ‘Ora, nós vamos liberar tudo, na semana que vem está tudo liberado’. O planejamento depende dos números, não dá para você ter um planejamento, você lembra em março, abril, foi terrível, os hospitais privados fecharam vários dias, fizemos muitas medidas restritivas e obtivemos os números. Então, hoje está com os números de 100 casos por dia, as mortes diminuíram muito, graças a Deus, e nós fizemos flexibilizações. Não está totalmente flexibilizado, mas fizemos algumas. Então o ritmo é o seguinte, aumenta a flexibilização com a diminuição dos casos. E o contrário também. Se, infelizmente os casos voltarem a aumentar, as taxas de UTI comprometerem, nós precisamos restringir de novo, não dá para dizer para você ‘mais um mês tudo certo, mais dois meses voltamos’, isso que é difícil. O setor de eventos, por exemplo, é um que fala ‘nós queremos uma data’, eu digo que também quero uma data, mas qual data? Quem garante que daqui 15 dias nós vamos estar com os números baixos? Quem garante daqui 30 dias? Vai ter realmente a vida normal somente depois das vacinas, mas como você mesmo disse, nem as vacinas nós temos a quantidade exata, porque há atraso, a produção nacional depende dos insumos, os insumos vêm da China basicamente, então tem uma série de fatores que não dependem do nosso controle. Então, o planejamento é, neste momento, com os números que estão aí, flexibilizamos ou a decisão contrária.
Reportagem: Qual a expectativa do futuro da cidade chegando o fim da pandemia? Qual a grande ação que Ulisses Maia, no seu segundo mandato, vai deixar como um legado? E outra pergunta: o que vai acontecer com o Ulisses Maia quando ele não for candidato a prefeito? Dizem até que você vai ser candidato a vice do Ratinho Jr.
Ulisses Maia: Os próximos passos de Maringá são ações para a cidade inteligente. A tecnologia veio, demonstrou na pandemia que ela está presente em todos os setores e vai avançar cada vez mais, então Maringá tem uma infraestrutura adequada, nós temos várias obras programadas, mas basicamente transformar os serviços públicos em serviços inteligentes que facilitem a vida das pessoas. Esse é um grande desafio até para que a gente continue sendo a melhor cidade do Brasil para se viver. Agora, em relação a mim, eu ainda tenho mais de três anos e meio de mandato. Não tem definição agora [para ser candidato a vice do Ratinho Jr. no Governo do Estado nas eleições de 2022]. Eu sou prefeito de Maringá, tenho compromisso com a população, Maringá tem uma liderança em toda região noroeste do Paraná, a gente está exercendo essa liderança. Eu só sairei candidato, em qualquer circunstância, se for positivo para a cidade, eu não vou tomar decisão de deixar o mandato de prefeito para disputar o mandato A, B, C. Não vou fazer isso em nada pessoal. Agora, se para a cidade, num projeto maior, for necessário a gente participar do processo, claro que não vou dizer não para Maringá, mas em regra, meu compromisso é completar o segundo mandato que a população me elegeu.
Reportagem: Queria que você falasse sobre a questão da Sudamed e da TCCC.
Ulisses Maia: Em relação à Sudamed, não há dúvida nenhuma de que a prefeitura está 100% correta. A prefeitura, há muitos anos, oferece um sistema de serviço à saúde do servidor e paga por isso. São em torno de 37 mil vidas atendidas. Nós fizemos a licitação no valor mais ou menos de R$ 80 que seria razoável por vida, isso com base nos orçamentos feitos na época, esse é o processo. Esta empresa apareceu e deu desconto pela metade e veio para R$ 44. E claro que veio a covid-19 nesse momento, porque esse contrato é de janeiro. Veio a covid, mas ela existe há 1 ano e meio, mas a empresa deveria ter imaginado que teria gastos com a covid, então, realmente, pelo que a gente vê, ela gastou no atendimento ao servidor nos hospitais de Maringá mais do que ela recebeu da prefeitura, mas não é problema da prefeitura, é o risco do negócio que ela quis entrar, ela não tem 1 centavo de atraso da prefeitura. Então, nós estamos rescindindo o contrato com ela, porque ela não tem mais hospitais para atender, os hospitais que atendem a Sudamed manifestaram formalmente que não atenderão mais, por conta disso estamos rescindindo o contrato e vamos abrir uma nova licitação. Enquanto isso, teremos que fazer um contrato emergencial para atender aos servidores. Com relação à TCCC, o transporte coletivo, não na cidade de Maringá, mas no Brasil está em crise. Os enfrentamentos que eu tive no início e que eu sempre tive com a TCCC foi porque eu sempre defendi a melhoria no conforto, na qualidade do transporte e preço baixo, para que as pessoas pudessem usar o transporte coletivo e essa sempre foi minha defesa e a gente conseguiu evoluir nisso. Aí veio o episódio da pandemia, de 130 mil pessoas por dia, hoje está em 35 mil pessoas, então é natural que houve uma queda de faturamento da empresa e o que acontece é que a empresa alega prejuízo. Até acredito que é possível que haja prejuízo, mas quantas empresas em Maringá tiveram prejuízos? A TCCC quer que a prefeitura cubra esse prejuízo. Eu não sei se isso é justo, eu não vou pegar R$ 20 milhões, da noite para o dia, tirar da Saúde, da Educação, da Segurança, de Obras, e colocar para cobrir o prejuízo, eu não posso tomar uma decisão minha. Quem garante que há prejuízo mesmo? Quem garante que é esse mesmo o valor? O que aconteceu? Ela entrou na justiça, nós estamos evidentemente fazendo a defesa e estamos contratando uma consultoria renomada para assessorar a prefeitura para que a gente tenha mais números. Agora, a TCCC tem que assumir que ela está aí há muitos anos e teve lucros milionários muito anos. Agora, no momento de crise, ela quer que a prefeitura pague a conta? Aí é um negócio muito fácil de tocar. Esse é um problema com a concessionária. Porém, o transporte coletivo de um modo geral é preocupante, o que eu sempre defendi é o estímulo ao uso do transporte coletivo, porque se continuarem as pessoas deixando de usar, nós continuamos com o trânsito cada vez com mais carros. Em Maringá, nós temos 310 mil veículos, é um número muito alto perante à média nacional. Ainda que, por conta de várias ações que nós fazemos com relação à mobilidade, nós não estamos com tanto problema no trânsito. Mas, olha, 310 mil veículos. Se o transporte coletivo continuar sem qualidade e com preço caro, vai aumentar mais, por isso que eu defendo e por isso que eu seguro o aumento da tarifa, porque se a gente tem 30 e poucas mil pessoas com a tarifa que está há dois anos nesse preço, imagina se fosse um preço alto, muito menos as pessoas usariam o transporte coletivo. Se você sobe a tarifa, com dois passageiros, ele paga tranquilamente um motorista de aplicativo do mesmo preço do transporte público. Então, essa é uma discussão que tem que ser feita e nós vamos fazer com a Câmara de Vereadores, com o Codem, com a sociedade civil organizada e tomar uma decisão coletiva da cidade.
Assista à entrevista completa:
