Prêmio Queijos do Paraná: Conheça a burrata que trouxe medalha para Maringá
A empresa do João Eduardo Gomes produz cerca de 400 litros de leite por semana. E a queijaria que começou por acidente, agora trouxe um prêmio para Maringá. A burrata produzida pela empresa familiar do João, que fica em Iguatemi, foi medalha de prata na primeira edição do Prêmio Queijos do Paraná.
O João conta a história de como tudo começou. Foi na pandemia que o negócio deslanchou de vez.
Começamos com a produção de leite. Inicialmente eu queria só produzir leite, nunca quis produzir queijo. Aconteceu um acidente e por esse acidente eu tive que produzir queijo, porque a gente tinha uma quantidade de leite que estava sendo produzida, que era muito pra consumir, pouco pra vender e dava dó de jogar fora. Aí minha mãe, dona Madalena, sabia fazer queijo. Pedi pra ela me ensinar a fazer e comecei na atividade queijeira meio sem querer, mas sempre querendo sair. Viemos tocando isso aí e a coisa deu uma virada mesmo no começo da pandemia. Minha esposa tinha uma loja na cidade e ela, por conta da pandemia, fechou a loja, veio pro sítio, tomou gosto, venho pra dentro da queijaria comigo e assumiu a parte de comunicação social, pelo Instagram. Aí a coisa aconteceu de fato pra gente.
Sem saber se valeria a pena se inscrever no prêmio, eles decidiram arriscar e foram premiados entre 500 tipos de queijos.
Ganhamos duas medalhas. Uma de prata, na categoria ‘burrata’ mesmo, e uma de bronze, na categoria ‘especialidades lácteas’. A gente ficou bastante surpreso. Eu tava bastante cético em mandar. Acabamos mandando, esse e mais uns outros queijos, e deu certo, fomos premiados. Fico muito feliz. É um reconhecimento técnico. Só foram distribuídas 30 medalhas de prata e nós ganhamos entre 500, de um júri qualificado. Então, acima de tudo, é uma ratificação de que a gente tá no caminho certo, que a gente faz um produto realmente bom, de qualidade. E a gente tá muito feliz também por ser uma queijaria de Maringá.
Segundo ele, a premiação reforça o quanto as produções artesanais são de qualidade e não ficam para trás na qualidade dos produtos internacionais.
O brasileiro tende a comer queijos muito simples. A gente tem uma gama incrível de queijos sendo produzidos, inclusive aqui no Paraná. Esses concursos fazem chegar às pessoas que a gente têm produtos de qualidade aqui no Paraná também.
E a burrata premiada, apesar de ter um preparo, em tese, simples, é bastante demorado. Mínimo de 36 horas, explica.
É uma produção artesanal, então ela te dá uma produção mais cuidadosa. A gente trabalha com fermentação natural, longa. No mínimo 24 horas de fermentação da massa da mussarela pra depois fazer a burrata em si. É um desenvolvimento de sabores completamente diferente. Primeiro se traz o leite até a queijaria, esse leite é pasteurizado e a gente adiciona o fermento e o coalho. É feito um processo de manufatura até retirar o soro e colocamos em recipiente específico pra deixar ela fermentando em temperatura ambiente. Ela fica boa para ser filada quando ela atinge um ph específico, quando ela se torna maleável. Fazemos as burratas, embalamos e levamos pra câmara fria.
Feliz com a premiação que inspira a não parar de crescer e querer evoluir. Quem sabe transformar Maringá também na cidade reconhecida pela produção de queijos.
A gente começou com queijo branco de porta em porta. E foi aquele queijinho que minha mãe me ensinou a fazer, simples, comum, mas que fazíamos de um jeito que as pessoas vinham atrás. A ideia é continuar assim. Qualidade vai nos trazer crescimento, que passa por uma melhora constante. Tem que estudar, fazer intercâmbio, apostar que vai dar certo. A gente está muito feliz, se sentindo fazendo parte de algo maior. Temos a pretensão de entrar na Rota do Queijo, de transformar a nossa queijaria num ponto de visita, pra receber as pessoas e proporcionar uma experiência gastronômica, que geralmente elas não têm acesso. Enfim, os planos são muitos e o prêmio só vem ajudar, dar mais ânimo.
O Prêmio Queijos do Paraná foi idealizado por um comitê gestor formado pelo IDR-Paraná, Sistema FAEP/SENAR-PR, Sebrae-PR e Sindileite-PR, com apoio de 28 entidades. Agora, depois da premiação, os vencedores poderão colocar os selos das medalhas nas embalagens dos produtos.
