1ª pessoa sepultada, galeria para prefeitos, túmulos mais visitados; conheça histórias do Cemitério de Maringá
Com área total de 255 mil metros, o Cemitério Municipal tem 35 mil sepulturas e 80 mil pessoas sepultadas. Segundo a Prefeitura, ocorrem 25 e 30 sepultamentos sociais por mês, que são sepultamentos gratuitos, para pessoas em situação de vulnerabilidade social.
No total, são realizados entre 130 e 150 sepultamentos por mês no local. A maioria dos sepultamentos feitos no Cemitério Municipal, cerca de 70%, são de famílias que já possuem sepultura, conforme o município.
Segundo a Prefeitura de Maringá, o primeiro registro oficial de sepultamento é de 07/06/1947. Trata-se de H.P, um homem que faleceu aos 80 anos. Conforme a Prefeitura, trata-se do primeiro registro no livro tombo do cemitério, escrito a mão. “O que acontece é que há alguma situações em que as famílias trouxeram os restos mortais de familiares para o Cemitério de Maringá”, explica.
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A história do Cemitério Municipal
Se considerado o traçado que o urbanista Jorge de Macedo Vieira, responsável pelo projeto de Maringá, deu para a cidade, o Cemitério Municipal foi fundado em 10 de maio de 1947. A área escolhida para o Cemitério, perto da Avenida Cerro Azul foi inclusive prevista por ele. No entanto, o Cemitério passou a ser efetivamente utilizado na gestão de Inocente Villanova Júnior, o primeiro prefeito de Maringá (1952-1956).
Mas foi somente durante a gestão de João Paulino Vieira Filho (1960-1964) que o Cemitério de Maringá foi remodelado. João Paulino foi responsável pelo sistema de arruamento, já que, até então, as covas não seguiam uma determinada ordenação. Ele foi, inclusive, acusado de profanação de túmulos, ja que as obras envolviam remoção de túmulos.
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O Cemitério ganhou sua atual fachada somente na década de 1960, durante a gestão do então prefeito Luiz Moreira de Carvalho (1964-1968), que solicitou a urbanização do “Campo Santo” para o arquiteto José Augusto Bellucci, responsável pelos projetos paisagísticos e arquitetônicos do local. O prédio de entrada do cemitério foi idealizado por Bellucci, que também foi responsável pelos projetos da Catedral e do Edifício do Hotel Bandeirantes.
Dos túmulos mais visitados destacam-se os de Clodimar Pedrosa Lô, monsenhor Bernardo Abel Alphonse Cnudde, Arthur Salomão, Fabíola Regina Coalio e Marcia Constantino – confira abaixo as histórias.
Para consultar as personalidades e todas as pessoas que foram sepultadas no cemitério, como data de falecimento, registro em cartório, entre outros, clique aqui.
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Visitas no Cemitério Municipal no Dia de Finados
Nesta quinta-feira, 2 de novembro, dia de Finados, o Cemitério Municipal estará aberto para visitas das 7h às 19h. A expectativa era de que até 130 mil pessoas visitassem o local entre o fim de outubro e o feriado – veja no fim da matéria as informações completas sobre como será o Dia de Finados no Cemitério Municipal.
Missas no Dia de Finados
As celebrações religiosas serão realizadas a cada hora, das 9h às 17h, com intervalo das 13h às 14h. Confira aqui confira os horários das missas nos cemitérios de Maringá e paróquias da Arquidiocese.
Galeria especial para prefeitos
Todos os ex-prefeitos falecidos foram enterrados em uma galeria especial no Cemitério Municipal de Maringá. O espaço é reservado no cemitério para os prefeitos de Maringá em ordem cronológica. Segundo a Prefeitura, a galeria de prefeitos do Cemitério Municipal foi implantada no final da década de 70 para sepultamento de prefeitos e seus familiares. Confira abaixo os ex-prefeitos sepultados no Cemitério Municipal e a data de sepultamento.
- Inocente Villanova Júnior – 12/07/1986
- Américo Dias Ferraz – 15/01/1983
- João Paulino Vieira Filho – 20/11/2001
- Luiz Moreira de Carvalho – 27/09/1994
- Adriano José Valente – 06/02/2010
- Sílvio Magalhães Barros – 30/01/1979
- Sincler Sambatti – 07/08/1984;
- Said Felício Ferreira – 04/08/2010
- José Cláudio Pereira Neto – 16/09/2003
Fato curioso marcou sepultamento do prefeito José Cláudio
O Diário do Norte do Paraná registrou o sepultamento do prefeito José Cláudio em 18 de setembro de 2003. Sobre o caixão, as bandeiras do Brasil, do Partido dos Trabalhadores e do Município de Maringá. A cerimônia foi o principal assunto da imprensa. Porém, um fato curioso e que poderia ter terminado em tragédia ocorreu naquele dia no Cemitério Municipal de Maringá.
Como somente familiares, autoridades e amigos próximos tinham acesso a ficar próximos ao caixão, populares e a imprensa procuravam o melhor ângulo para acompanhar o funeral. Muitos se equilibraram nas lajes dos túmulos próximos até que se ouviu um barulho abafado e assustador. Ao olhar para um túmulo, os presentes presenciaram várias mãos saindo de uma sepultura. Muitos gritavam.
A repórter Luciana Peña, da CBN Maringá narrou aquele episódio ao vivo. Aos poucos ela entendeu que a laje de um dos túmulos não suportou ao peso de um grupo de crianças surdas-mudas. Elas caíram numa cova.
O Corpo de Bombeiros logo chegou para retirar as crianças, algumas em estado de choque. Por serem mudas, não conseguiam pedir socorro. Portanto, muita gente se assustou ao ver aquelas mãos tentando sair do túmulo.
Os policias, aos gritos, mandaram todos os populares saírem de todas as lajes, inclusive a imprensa. “Foi um dia de muitas emoções que até hoje carrego na minha memória”, disse Luciana Peña em depoimento aos 15 anos da emissora. Nenhuma criança ficou seriamente ferida.
Aqui, o Maringá Histórica conta em vídeo a história do Cemitério Municipal e dá mais detalhes sobre a galeria exclusiva dos prefeitos.
A história dos túmulos mais visitados no Cemitério de Maringá
Clôdimar Pedrosa Lô
É o túmulo mais visitado do Cemitério de Maringá no Dia de Finados. Considerado um santo popular não reconhecido pela Igreja Católica, o adolescente de 15 anos foi torturado até a morte por policiais, na madrugada de 24 de novembro de 1967. Ele era suspeito de roubo. O pai do adolescente, Sebastião Pedrosa Lô, veio do Ceará para Maringá e matou o homem que acusou o filho. Diversos milagres são atribuídos ao jovem e sempre foram rejeitados pela família. Seu avô, o pastor Oésio Pedrosa, durante anos distribuiu um folheto detalhando as circunstâncias da morte do neto e descartava casos que o associavam a fatos inexplicáveis. A história de Clodimar virou livro, filmes, música e documentário.
Monsenhor Bernardo Abel Alphonse Cnudde
A segunda sepultura mais visitada é a do monsenhor Bernardo Abel Alphonse Cnudde, um padre popular que atuou por 31 anos como pároco da Paróquia Divino Espírito Santo, na Zona 7. Nascido em Saint Saulve, na França, ele veio para Maringá convidado por Dom Jaime Luiz Coelho, 1° Arcebispo de Maringá, que o chamou para atuar na Diocese da cidade. Iniciou seus trabalhos como vigário colaborador na Paróquia Santa Maria Goretti, na Zona 7, depois auxiliou por 18 meses na Paróquia Santa Isabel do Ivaí na Diocese de Paranavaí, em 1968. Em 1969, retornou para a Arquidiocese de Maringá, atuando na paróquia Divino Espírito Santo, também na Zona 7; permaneceu até o ano de 2000, quando faleceu de infarto fulminante. Segundo a Arquidiocese de Maringá, ele não queria ser sepultado no cemitério Rainha da Paz, que é dedicado aos religiosos da Igreja católica, mas junto com o povo. Por isso foi sepultado no Cemitério Municipal. Seu túmulo fica na quadra 7, ao lado do cruzeiro principal do cemitério.
Arthur Salomão
O menino tinha 3 anos quando foi morto por uma bala perdida em 2012 no Jardim Alvorada, em Maringá. No momento, ele estava acompanhado da avó e da tia. Quando desceram do carro, os suspeitos passaram pelo local trocando tiros. Ele chegou a ser encaminhado para o hospital, mas não resistiu. O túmulo fica na quadra 47.
Márcia Constantino
O crime chocou a cidade. Márcia morreu aos 10 anos, em 2007. A garota brincava no pátio da igreja evangélica que frequentava com os pais. O autor do crime, Natanael Búfalo, pegou a criança enquanto os pais participavam de um evento. Ela foi encontrada na manhã seguinte. Márcia teve corpo queimado depois de ser estuprada e morta. Natanel Bufálo confessou o crime e foi condenado a 47 anos de prisão.
Fabíula Regina Coalio
A adolescente Fabíola Regina Coalio, 12 anos, foi atropelada por um motorista que disputava um ”racha”, na Avenida Colombo no dia 13 de agosto de 2003. A menina atravessava a avenida e morreu no local. Um dos participantes do racha foi preso minutos depois, mas o motorista que teria atropelado a menina fugiu sem prestar socorro. Em 2009, os dois motoristas foram levados a júri popular e condenados por homicídio doloso.
Guilherme Amâncio da Silva
A estátua de um menino saindo de uma cadeira de rodas em direção ao céu chama atenção de quem visita o Cemitério de Maringá. Ainda mais depois que eles conhecem a história de Guilherme Amâncio da Silva. O menino morreu em junho de 2019, menos de um mês antes de completar 13 anos.
Diagnosticado com meningite neonatal, a sequela da doença impôs várias limitações. Segundo a mãe Tatiana Amâncio, em entrevista ao GMC Online em 2019, ele não podia andar, nem falar e aos sete anos não conseguia comer.
Após a morte, a mãe teve a ideia da estátua ao ver algo parecido na internet. A obra pesa em torno de 90 quilos, a menino é de cimento, a cadeira de rodas é uma das cadeiras usadas pelo Guilherme durante a vida.
A estátua é uma obra do artista plástico Lucas Fioresi, que simboliza a liberdade de menino que viveu ‘preso’ a uma cadeira de rodas. Desde então o túmulo segue sendo um dos mais visitados.
Os túmulos mais visitados no Cemitério Parque de Maringá
A lápide mais procurada no Cemitério Parque de Maringá é a do major Abelardo José da Cruz, comandante da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) de Maringá, que morreu em 23 de dezembro de 1994, enquanto trabalhava. O major avistou cavalos soltos na BR-376 e parou para que a equipe retirasse os animais da pista. Um motorista perdeu o controle do carro e atingiu em cheio a viatura, matando o major. Desde então, Abelardo José da Cruz, que era tido pela corporação como um excelente policial, recebeu muitas homenagens em Maringá. Dentre elas, o nome da 4ª Companhia de Polícia Rodoviária Estadual, que tem o nome do major, o Contorno Norte de Maringá, que também recebeu o nome do policial, e a rua em que foi sepultado no Cemitério Parque. Leia mais sobre a história do major aqui.
A lápide do atleta Matheus Crema da Silva, de 15 anos, também está entre os túmulos mais visitados no Cemitério Parque de Maringá. Matheus morreu enquanto jogava futsal em um clube da cidade em agosto de 2012. Ele caiu e bateu a cabeça. O menino chegou a ser socorrido, mas morreu no hospital.
Matheus morreu enquanto jogava futsal em um clube de Maringá em agosto de 2012. A suspeita é de que ele tenha tropeçado e caído. O menino chegou a ser socorrido, mas morreu no hospital. Matheus tinha marcado dois gols e o time em que ele jogava estava vencendo a partida quando ocorreu o acidente. A família não foi encontrada pela reportagem.
Mausoléus imponentes e rivalidade entre túmulos
A rivalidade entre o Palmeiras e o Corinthians é mesmo eterna e no Cemitério Municipal de Maringá não é diferente. Na lista de túmulos procurados por visitantes estão as sepulturas de José Carlos Batista, corintiano, e Antônio Peruzzi, palmeirense.
Algumas pessoas tiram fotos no local porque os dois túmulos estão lado a lado e as duas famílias fizeram questão de adesivar as sepulturas com os símbolos dos times do coração dos dois falecidos. E se não bastasse estarem lado a lado enterrados no cemitério, os dois faleceram no mesmo dia. Nas duas lápides estão a data de 20 de setembro de 2011. Segundo as duas famílias, eles não se conheciam e foi só coincidência mesmo. Leia a reportagem completa aqui.
Saiba como será o Dia de Finados em Maringá
Os serviços de limpeza, polimento, colocação de placas, fotos, inscrições e vasos, além de colocação de tampões de granito ou mármore, serão proibidos nesta quinta-feira, 2. As intervenções nas sepulturas poderão ser feitas novamente a partir de 3 de novembro, exceto a limpeza por terceiros, que poderá ser retomada apenas a partir de 10 de novembro.
No Dia de Finados, o Cemitério Municipal estará aberto para visitas das 7h às 19h. A expectativa é que até 130 mil pessoas visitem o local entre o fim deste mês e o feriado. O cemitério tem cerca de 35 mil sepulturas. As celebrações religiosas serão realizadas a cada hora, das 9h às 17h, com intervalo das 13h às 14h.
Não será permitida a entrada de veículos particulares nesta quinta-feira. O município disponibilizará vans e micro-ônibus para que as pessoas possam se locomover dentro do cemitério. Também não será permitida a entrada de vasos com ornamentações plásticas ou papel impermeável, assim como qualquer tipo de sacolas ou pacotes com plástico, para evitar criadouros do mosquito da dengue.
O recolhimento de materiais recicláveis, incluindo borras de velas derretidas, será permitido após o encerramento do expediente nesta quinta-feira, após às 19h.
Comércio ambulante
O comércio ambulante será permitido apenas nos dias 1º e 2 nos locais determinados pela equipe de Fiscalização do município. Não será permitido o comércio em frente ao prédio da administração e no interior do Cemitério Municipal. Confira os locais permitidos:
– Calçada da Av. Juscelino Kubitschek de Oliveira, ao lado do Cemitério Municipal;
– Calçada da Praça de Todos os Santos;
– Na Rua Mem de Sá, em toda extensão, respeitando o limite de 20 metros entre os portões da Câmara de Velórios e o portão de nº 3, para facilitar o acesso de pedestres;
– Na Rua Dr. Saulo Porto Virmond, respeitando o limite de 20 metros no portão nº 4, para facilitar o acesso de pedestres.
Novas sepulturas
A venda de sepulturas está suspensa no Cemitério Municipal de Maringá, pois o município realiza a construção de novas sepulturas. A previsão é de que as novas carneiras duplas sejam disponibilizadas para concessão a partir do dia 13 de novembro. A finalização dos serviços depende das condições climáticas. O valor da carneira dupla é de R$ 7.078,37.