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23 de novembro de 2024

Pesquisadores da UFPR descobrem ‘árvores canibais’ no Paraná


Por Redação GMC Online Publicado 22/11/2023 às 16h44
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As raízes das árvores adjacentes colonizaram a região entre o lenho e a casca da árvore morta, formando um manto de raízes que também cresceram na parte interna da casca. Fotos: Rangel Consalter/Acervo

Em meio a uma plantação de pínus (Pinus herrerae) em solo pouco fértil, na região de Jaguariaíva – nordeste do Paraná-, a natureza revela uma estratégia engenhosa de sobrevivência. Enfrentando as dificuldades impostas, as árvores buscam atalhos para a obtenção de nutrientes e suas raízes crescem em troncos de pinheiros em decomposição que, devido às condições do ambiente florestal, permanecem em pé por anos.

A baixa fertilidade do solo enfraquece as plantas e provoca rachaduras e lascas em seus troncos, proporcionando uma oportunidade conveniente para as árvores vizinhas. Quando suas companheiras sucumbem à morte, as raízes das plantas sobreviventes se estendem, desafiando a gravidade ao envolver os troncos em decomposição, criando um cenário batizado pelos cientistas de “fitocanibalismo” e uma evidente adaptação à adversidade ambiental.

A ocorrência foi descrita por pesquisadores da Pós-graduação em Ciências do Solo da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e publicada no periódico científico Forest Systems.  

Capacidade cognitiva das plantas é ampliada em situações e ambientes desafiadores

As pesquisas científicas têm demonstrado, cada vez mais, a capacidade cognitiva das plantas. Estudos recentes já revelaram que vegetais se comunicam entre si, manipulam espécies da fauna, reconhecem membros da sua família e são capazes de fazer escolhas. Esses comportamentos fazem parte das estratégias de sobrevivência das plantas, que se ajustam a condições ambientais extremas e definem as melhores opções para sua conservação.  

O estudo da UFPR foi mais um a constatar o poder de adaptação desses organismos, descrevendo a habilidade de colonizar troncos ainda em pé de árvores mortas para obter nutrientes. O fenômeno funciona como um atalho no ciclo biogeoquímico de nutrientes em sistemas florestais, isto é, no processo de circulação dos elementos no ambiente para promover seu reaproveitamento.

Em ambientes florestais, as folhas de árvores caem sobre o solo e se acumulam, formando uma camada denominada serapilheira (ou serrapilheira), um estrato de matéria orgânica de origem vegetal e animal que se concentra sobre a superfície do solo.

Nesses ecossistemas, é comum que raízes de árvores colonizem a serapilheira para obter nutrientes, mas as raízes também são capazes de penetrar fendas de rochas, crescer em solos arenosos, expandir-se lateralmente para explorar o solo ao redor e até invadir o sistema de esgoto, em ambientes urbanos, à procura de água e de nutrientes, mantendo as plantas vivas nas condições menos prováveis de sobrevivência. 

As informações são do Ciência UFPR.

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