Marcos Barros diz que Cinesystem quer valorizar o cinema independente; confira a entrevista
Depois de adquirir quatro unidades do Espaço Itaú de Cinema — duas em São Paulo, uma no Rio de Janeiro e uma no Distrito Federal —, a Cinesystem, empresa de Maringá, agora conta com 27 complexos e 181 salas em todo o país.
De acordo com Marcos Barros, diretor da exibidora, cujo market share foi de aproximadamente 4% no ano passado, a expansão da rede não visa apenas ao crescimento empresarial: ele também pretende valorizar a produção independente, tanto brasileira quanto estrangeira.
Barros tem mais de 20 anos de experiência no mercado exibidor e é o fundador e presidente do Conselho de Administração da Cinesystem Cinemas, exibidora que conta com cerca de 8 milhões de clientes por ano.
Atualmente, Barros também é presidente Associação Brasileira das Empresas Cinematográficas (Abraplex) e membro titular do Conselho Superior do Cinema – CSC, órgão colegiado integrante do Ministério do Turismo.
Em entrevista à Filme B, Marcos Barros comentou a nova aquisição da empresa, analisou o mercado diante do streaming e defendeu maior valorização das produções independentes. Veja abaixo.
Qual foi o objetivo da aquisição do circuito Espaço de Cinema?
Qualquer aquisição tem o objetivo de aumentar a escala e, com isso, reduzir custos. Mas houve outras razões. Primeiro, a importância de entrar na Zona Sul do Rio [Botafogo], em Brasília e na Pompeia [São Paulo], que é um dos cinemas mais frequentados do país. Com isso, podemos ampliar o Cine Atelier, nosso programa de projeção de filmes independentes, que ainda não têm o espaço merecido no grande circuito.
Qual a importância de valorizar o filme independente no grande circuito?
Muitas vezes, existem poucos gêneros em cartaz. A longo prazo, isso é desastroso para o nosso negócio, porque os novos consumidores se afastam. Nos EUA, o público vem caindo há mais de 30 anos. Por isso é importante apostar no chamado “filme médio”.
Essa pode ser uma estratégia de defesa contra o streaming?
O streaming não é necessariamente um mal para o cinema. Pelo contrário. Acho que a soma dos dois estimula a plateia e a formação de público. O problema é a janela, que não pode ser reduzida demais, e também o fato de os estúdios não produzirem filmes de gêneros mais variados. O problema não está no streaming, e sim na produção. Mas já existe uma movimentação para contornar isso. Apple e Amazon já estão lançando filmes nos cinemas, que, aliás, precisam ser a primeiríssima janela.
O que vai mudar na programação dos cinemas adquiridos pela Cinesystem?
A gente pretende investir e melhorar a curadoria de filmes independentes, promover eventos e fazer pré-estreias. Agora temos cinemas muito representativos para este tipo de produção. Não significa que não teremos blockbusters, e sim que vamos misturar.
Você já falou que a indústria de cinema voltaria aos patamares pré-pandemia em 2026. Ainda acredita nisso?
A greve dos atores e roteiristas deu uma represada nas produções, e pode ser que só em 2025 o ritmo volte ao normal. O ano de 2026 é, provavelmente, quando a indústria se estabilizará, e 2027 é o prazo final. Se até lá não estivermos nos níveis pré-pandemia, é porque estamos errando muito como indústria.
Leia a entrevista completa na Filme B.