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04 de outubro de 2024

Saiba a diferença entre ‘Cidade Linear’ e ‘Cidade Circular’


Por Rafael Ninno Iseri Publicado 05/07/2024 às 16h35
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Foto: Reprodução/Pixabay

Caso você tenha um carro, um problema e pouco dinheiro para comprar uma peça original, muito provavelmente acabou se deparando com alguma das lojas da avenida Mo- rangueira ou, provavelmente, essas estarão entre as primeiras opções de compra, pois, o local permite a compra de peças com melhor custo benefício.

Essa região em particular é um exemplo onde várias empresas de um mesmo tipo de mercado estão concentradas em um local específico. Sabemos que a existência de elementos que destacam a empresa frente aos concorrentes é um aspecto essencial ao negócio, mas, por quê essas empresas estão concentradas no mesmo local?

Dado o problema acima, podemos introduzir o assunto que vamos falar hoje. Generi- camente, para a empresa ser rentável, as receitas devem ser superiores as despesas e, os custos devem crescer menos que a receita. Ou seja, economia de escala. Na literatura, essas empresas, apesar de possuirem suas especificidades, apresentam alguns elementos das teorias de Cidades Lineares e Cidades Circulares.

Hotelling (1929) introduz o modelo de Cidade Linear afirmando que, em um dado espaço linear, com consumidores uniformemente distribuídos e de produtos homogêneos (que não possuem difença entre si) e com o preço igualitario, mesmo que os comerciantes iniciem as atividades nas extremidades dessa linha, naturalmente, após um período, a localização entre os dois tende a convergir para o centro.

A justificativa é que a aproximação sucetiva para o centro permite que os comerciantes, cada vez mais, obtenham parcelas cada vez maior do mercado, até um ponto, no qual ambos disputem o mercado na região central, muito próximo um do outro. Um exemplo que pode demonstrar esse caso seria de uma pequena praia, em que geralmente bares se concentram em determinado local e, ambulantes que se instalam em locais fixo muito próximos, por exemplo, para alugar cadeiras e guarda-sol.

Entretanto, para além da consideração de uniformidade dos clientes, o modelo apre- senta diversas limitações, por exemplo, os custos de deslocamento podem acabar tornando inviável a existência do negócio, exigindo que as maiores margens de mercado tendem a ficar na extremidade dessa cidade. Outro ponto de limitação é que o modelo considera apenas os concorrentes estabelecidos, portanto, não considera a entrada de novas empresas no mesmo segmento. Por sua vez, a cidade circular, procura analisar, além da localização, os efeitos da entrada de empresas/comércios.

O modelo de Salop (1979), por sua vez, além de analisar a localizaçõao, enfatiza os efeitos de entrada de novas empresas, analisando se o número de empresas é socialmente ótimo. A hipótese inicial do modelo é semelhante a cidade Linear, ou seja, com consumi- dores uniformemente distribuídos em um perímetro e, como em um círculo, inicialmente os comerciantes estariam simetricamente distribuídos.

Considerando que os consumidores adquiram uma quantidade limitada de produtos, e que existam custos fixos, variáveis e de implementação da empresa, o mercado apresentaria a maior eficiência quando o número de empresas minimiza a soma total de custos fixos com o gasto de transporte. Neste caso, o gasto de transporte leva em consideração tanto o custo de transporte da mercadoria.

para o vendedor quanto o custo do cliente tem ao se locomover até o comerciante. E os custos fixos são tanto os custos de implementação do negócio como de despesas fixas.

Sabemos que no mundo real os pressupostos do modelo não são aplicáveis, entretanto, é bastante interessante observar que a dinâmica da Cidade Linear e Circular se assemelha com o comércio de auto-peças, pois, primeiro, a maioria dos negócios já estão estabelecidos, segundo, para um consumidor comum, inicialmente é indiferente qual a empresa que será comprada a peça, apresentando coportamento próximo de algo uniforme. Terceiro, dentro daquele perímetro os clientes podem se comportar de maneira próximo a uniforme, entretanto, parte desse comportamento ocorre por causa da primeira afirmação, assim, a regra não é necessáriamente aplicável fora daquele local. Quarto, suponha que o mercado esteja próximo da maior eficiência, o ingresso de um novo concorrente poderia gerar uma quantidade maior de empresas que o desejável, dado que os custos fixos aumentariam.

Portanto, considerando a afirmação que os negócios já estão estabelecidos a ponto que a localização já seja uma referência para esse determinado tipo de mercado, uma hipotética decisão da entrada de um novo negócio desse segmento, seja em um local próximo aos concorrentes, seja em um local distante, deve considerar custos operacionais conside- ravelmente mais altos, seja por necessidade de despesas de publicidade, como também de despesas com fornecedores e, ainda assim, não garantindo necessariamente que os clientes frequentem o local.

Assim, antes de iniciar a graduação, eu achava bastante curioso quando andava na cidade e via comércios tradicionais de um mesmo segmento estarem bastante próximos, enquanto que, por diversas vezes, empresas mais novas concorrentes que abriam em locais mais distantes tinham menos sucesso nos negócios. As teorias apresentadas, apesar das limitações, ajudou a entender melhor do que se trata os conceitos de Macrolocalização e Microlocalização quando se trabalha a questão da viabilidade econômica de uma empresa. Ou seja, é essencial para o sucesso de um negócio compreender, além do produto que está vendendo, saber como os concorrentes se comportam e como estão distribuídos.

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