Premiado escritor maringaense Oscar Nakasato lança ‘Ojiichan’, romance sobre velhice e solidão
Premiado escritor nascido em Maringá, Oscar Nakasato anunciou nesta sexta-feira, 9, a pré-venda de “Ojiichan” (Editora Fósforo, 168 páginas, R$ 72,90), romance que trata da velhice.
“Ojiichan”, que em japonês significa “vovô”, retrata a vida de Satoshi a partir do seu aniversário de 70 anos. Aposentar-se compulsoriamente no colégio onde lecionou por décadas será, para ele, o início de uma nova e dolorosa fase.
Seus colegas preparam uma festa de despedida, e os alunos, que carinhosamente o apelidaram de “Satossauro”, prestam homenagem ao professor. Preocupados em celebrar o merecido descanso após uma vida de trabalho, “ninguém ao redor parece enxergar a dor de Satoshi em deixar a rotina e dar início a uma nova fase”, revela o release sobre o novo livro encaminhado pela assessoria da Editora Fósforo.
Em casa, as coisas não estão muito melhores para Satoshi. A perda de memória de Kimiko, sua esposa, vai se agravando, e os cuidados com ela recaem sobre ele, sobretudo depois que uma tragédia acomete a filha do casal. Com o outro filho vivendo no Japão e o neto ausente, Satoshi experimenta, de modo estoico, os primeiros sinais da solidão, que só pioram quando ele é obrigado a se mudar para um apartamento menor e se despedir de Peri, seu cachorro.
“Tá saindo do forno o meu romance ‘Ojiichan’!!! Falta pouco! Estou orgulhoso por estar no catálogo da Editora Fósforo, tão nova e acendendo tantas ideias!! E ao lado de Annie Ernaux, Jon Fosse e outros grandes autores”, comemorou Nakasato em suas redes sociais.
No novo livro, o escritor de Maringá toca em pontos sensíveis da sociedade brasileira e provoca reflexões sobre a tragédia existencial ligada à morte que se espreita nos lares de casais idosos. “Em sua prosa a um só tempo austera e atenta aos detalhes, tão característica da cultura japonesa na qual Nakasato cresceu, ‘Ojiichan’ mostra que a terceira idade não é a linha de chegada, mas um caminho a ser trilhado, e transborda a beleza e a serenidade necessárias a um mundo ocidental de supervalorização da juventude e da velocidade.”
Para a jornalista Cora Rónai, que assina a orelha do livro de Nakasato, “Ojiichan” “é uma meditação sobre a velhice, sobre a condição humana, sobre as tensões e o afeto das relações familiares. Tudo é muito cotidiano, comedido e delicado neste romance brasileiro de alma oriental. Como boa parte da ficção contemporânea japonesa, a escrita de Oscar Nakasato, brasileiro neto de japoneses, é intimista e despretensiosa. Aparentemente simples na superfície, no fundo ela é um primor de observação e uma celebração da capacidade humana de encontrar beleza e propósito mesmo nas circunstâncias mais difíceis.”
Vida imita a arte
Além de escritor, Oscar Nakasato, que tem 61 anos de idade, é professor universitário em Apucarana, cidade a 62 quilômetros de Maringá. A reportagem do GMC Online perguntou se havia alguma semelhança entre ele e o protagonista de “Ojiichan”, também professor e se vendo perdido com a chegada da aposentadoria. A resposta do autor é “sim”.
“Nós sempre escrevemos sobre nós mesmos, ainda que os personagens sejam muitos distantes de quem somos. No caso de ‘Ojiichan’, é claro que o protagonista Satoshi tem muito do Oscar: é um professor nipo-brasileiro. Um tanto mais velho, mas já tô quase lá. Não desgosto do jovens, mas gosto mais de velhos. Eu os olho e penso em tudo que já viveram. Como escritor, é tudo o que quero”, afirma Nakasato.
Em outra postagem recente, Nakasato brincou com a passagem do tempo e o crescimento dos filhos. “Nossos filhos Lucas Shinji e Elis Tama estão se formando juntos. Elzinete e eu demos o prazo de seis meses para arrumarem emprego e saírem de casa. Depois vamos adotar um cachorro”, escreveu.
O maringaense comenta que ainda não há data definida para o lançamento de “Ojiichan” em Maringá.
Biografia de Oscar Nakasato
Oscar Nakasato nasceu em Maringá, em 1963. Doutor em Literatura Brasileira, é professor na Universidade Tecnológica Federal do Paraná e autor da tese “Imagens da integração e da dualidade: personagens nipo-brasileiros na ficção” (Blucher, 2010).
Seu romance de estreia “Nihonjin” ganhou o prêmio Benvirá de Literatura (2011), o prêmio literário Nikkei — Bunkyo de São Paulo (2011) e o Jabuti na categoria romance (2012). Na trama, correntes migratórias japonesas do começo do século 20 no Brasil contadas pelo neto de Hideo Inabata.
Em 2018, lançou pela Tordesilhas o seu segundo romance, “Dois”, história sobre a relação de dois irmãos. Nakasato também foi colaborador do caderno Ilustrada da Folha de S.Paulo, com resenhas críticas acerca da literatura japonesa.
- OJIICHAN
- Editora Fósforo
- Número de páginas: 168
- Preço sugerido: R$ 72,90
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