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23 de novembro de 2024

Casa de apostas ganha leilão de medalha por R$ 150 mil e devolve à brasileira que a ganhou


Por Agência Estado Publicado 12/08/2024 às 09h26
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Foto: Reprodução/Instagram/@adrianaaraujoboxe

Quanto vale uma medalha olímpica? O valor para quem a conquista, com certeza é inestimável. Contudo, nem todo atleta consegue mantê-la por conta da falta de investimento e incentivo ao esporte. É o caso de Adriana Araújo, primeira medalhista feminina de boxe brasileira nos Jogos Olímpicos de Londres-2012.

Ela se viu em um momento de fragilidade financeira e teve de colocar sua medalha para leilão. O dinheiro arrecadado seria utilizado para montar um restaurante na Bahia, como parte de um planejamento de sua aposentadoria dos ringues.

Segundo ela, o dinheiro nunca foi sua principal motivação, mas precisou usar a razão para tomar decisões difíceis ao longo de sua carreira. Por isso, tomou a iniciativa de leiloar sua medalha no memorial do esporte. “Nesse momento tive de usar a razão. Estava com pouco dinheiro e vi na medalha uma oportunidade. Às 11h entrou em leilão. Logo às 16h já tinha um comprador. Vendi por R$ 150 mil. Não sabia se ficava feliz ou triste. Feliz pelo dinheiro, mas triste por ver a medalha indo embora, minha maior conquista”, contou a ex-atleta de 42 anos, ao Estadão.

O que a pugilista não esperava era que a sua medalha de bronze conquistada nos Jogos Olímpicos de Londres-2012, a primeira do boxe feminino brasileiro, retornaria às suas mãos. E o melhor de toda a história: os R$ 150 mil foram destinados a apoiar a ex-atleta na estruturação de uma academia de boxe, em São Paulo.

SURPRESA E NOVO MOMENTO

Após duas semanas, foi revelado que o verdadeiro comprador da medalha foi Alexandre Fonseca, CEO da Superbet Brasil, casa de apostas que decidiu, ao ver o caso da atleta, dar o maior lance no objeto e manter a baiana com a medalha e luvas nas mãos. “Ficamos sensibilizados que uma atleta de alto rendimento estava nessa situação. Por isso, queríamos ajudar nesse próximo passo e conseguir proporcionar uma aposentadoria mais tranquila para ela. A partir disso, depois da revelação que fomos nós que arrematamos esse lance, sentamos para conversar e oferecemos a oportunidade da academia”, diz Patrícia Prates, diretora de marketing da SuperBet Brasil.

Com o apoio financeiro e mentorias em gestão oferecidas pela empresa, a pugilista irá inaugurar em setembro o estúdio de boxe. O espaço será dedicado a aulas, palestras e formação de novos atletas e celebra a oportunidade. Quanto à medalha, Araújo não esconde a felicidade de ter o objeto de volta em suas mãos. “Sempre fui muito apegada a ela. Vivi a alegria em Londres e agora que ela retornou, não estava acreditando. Foi como se eu tivesse vencido duas vezes. Quanto à academia, vejo uma oportunidade de retribuir ao esporte o tanto que tanto ele me deu. Não posso ser ingrata com esse esporte.”

HISTÓRIA E DESAFIOS

Nascida em uma comunidade pobre de Salvador, Adriana Araújo trilhou um caminho de superação no esporte. Incentivada por uma amiga, entrou no mundo do boxe aos 18 anos, conciliando o esporte com o trabalho como agente de saúde. Sob a orientação do renomado treinador Luiz Dórea, Adriana rapidamente se destacou, quebrando barreiras e abrindo portas para o boxe feminino no Brasil.

Em Londres-2012, Adriana fez história ao se tornar a primeira brasileira a vencer uma luta de boxe feminino em Olimpíadas, conquistando a inédita medalha de bronze. A conquista, que representa um marco para o esporte nacional, foi celebrada como a centésima medalha brasileira nos Jogos Olímpicos.

Apesar das glórias, Adriana não esconde as dificuldades enfrentadas. Ela ainda ressalta que os atletas brasileiros em sua época e atualmente também permanecem a enfrentar desafios, mas que muitos atletas, principalmente as mulheres, vêm conquistando seu espaço.

“Hoje o boxe feminino, tem mais investimento. Muitos dirigentes eram contra e agora eles têm que investir por conta das conquistas. Apesar disso, hoje, ainda vejo muita tristeza quanto ao nosso cenário. Não temos o retorno que deveríamos ter. Imagine se a gente tivesse realmente apoio o quanto não poderíamos conquistar. É lamentável. Não serei a primeira nem a última a ter de passar por essa situação.”

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