Delegado é morto em tentativa de assalto em São Paulo, a poucos metros de DP; vídeo
O delegado de classe especial Mauro Guimarães Soares, de 59 anos, morreu após ser baleado no peito durante uma tentativa de assalto no fim da manhã deste sábado, 21, na Rua Caio Graco, na Vila Romana, zona oeste da cidade de São Paulo. Ele caminhava com esposa, Ana Paula Batista Ramalho Soares, que também é policial, e reagiu ao ser abordado por dois bandidos numa moto, segundo relatos de testemunhas.
Um dos suspeitos, Enzo Wagner Lima Campos, de 24 anos, foi baleado duas vezes pelo delegado e caiu na calçada, sendo imobilizado por Ana Paula. Campos tinha saído da prisão havia menos de quatro meses, após receber a autorização judicial para trocar o regime fechado pelo albergue domiciliar, em que o condenado precisa se recolher em casa à noite e não pode deixar a cidade sem avisar a Justiça.
O comparsa, ainda não identificado, fugiu correndo. Internado, Campos disse que “não conhecia” o comparsa. Veja:
No começo da tarde, o helicóptero Águia, da Polícia Militar, sobrevoava a região para tentar encontrá-lo. O caso foi registrado como latrocínio no 91º Distrito Policial (Ceasa). Em nota, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) lamentou a morte do delegado e informou que Campos já havia sido preso em flagrante quatro vezes por crimes de roubos patrimoniais com uso de arma de fogo.
“No momento do ocorrido, o delegado, de 59 anos, estava acompanhado de sua esposa, também policial, quando ambos foram abordados por um criminoso em uma motocicleta, que anunciou o roubo. Durante a troca de tiros, o delegado foi atingido e veio a falecer”, diz a nota. A investigação será feita com apoio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Local de atenção para roubos
O casal vivia no bairro, a pouco metros do local do assalto, e o intuito dos bandidos seria roubar uma correntinha de ouro do delegado.
Um vídeo compartilhado por moradores mostra o momento da abordagem. Nele, um homem para uma motocicleta atrás de uma van. Quando o casal se aproxima, um motociclista vai em direção à calçada e aparenta anunciar o assalto. Nesse momento, uma mulher com um carrinho de bebê que estava a poucos metros de distância consegue mudar de direção e sair rapidamente. Na sequência, há disparos. O delegado e o motociclista ficam no chão. A policial que estava com o delegado remove a arma do suspeito e busca imobilizá-lo.
O caso ocorreu a poucos metros de distância do 7º Distrito Policial (Lapa), na Rua Camilo. Perto dali, funcionam também a 1.ª Companhia do 4.º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano, na Rua Vespasiano, e um outro Posto Policial na Rua Espártaco. Mesmo assim, a Rua Caio Graco e suas imediações são pontos de atenção para roubos na região entre Lapa e Perdizes.
Testemunhas
Ao Estadão, o chef de cozinha Gilson Alves, de 27 anos, contou ter sido uma das primeiras pessoas a chegar ao local após os disparos. Um dos tiros acertou seu carro, que estava estacionado na rua. Ele chegou a tentar prestar os primeiros socorros do delegado.
“Estava trabalhando e escutei os disparos. Saí para fora e vi toda a cena: o rapaz (motociclista) tentando levantar, o policial, que foi a vítima no caso, baleado. Tentei ajudar, corri, chamei a polícia”, relata. “A policial veio comigo e, na sequência, vieram outras viaturas.”
Testemunhas relataram que o motociclista sofreu uma tentativa de linchamento por algumas pessoas que estavam no entorno até a chegada da polícia. Depois, teria sido encaminhado para atendimento num hospital da região.
Quem foi Mauro Guimarães Soares
Mauro Guimarães Soares era delegado do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), com experiência em diversos departamentos e delegacias da Grande São Paulo, como de Barueri e Sorocaba.
Ele pertence a uma tradicional família de policiais de São Paulo. Seu irmão, o delegado Maurício Guimarães Soares, foi diretor do DPPC. Os dois são filhos do delegado Acrisio Soares, da cúpula da Polícia Civil nos anos 1980.
Homenagens
Mauro Guimarães Soares era delegado do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), com experiência em diversos departamentos e delegacias da Grande São Paulo, como de Barueri e Sorocaba. Era de classe especial, a faixa mais alta da carreira e pertencia a uma tradicional família de policiais.
Seu irmão, o delegado Maurício Guimarães Soares, foi diretor do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC). Os dois são filhos do delegado Acrisio Soares, da cúpula da polícia nos anos 1980. Sua mulher, Ana Paula, foi subdelegada geral e dirigiu a Academia de Polícia Doutor Coriolano Nogueira Cobra (Acadepol).
O delegado recebeu homenagens de colegas e políticos. “Todos os culpados serão presos e devidamente punidos. Meus sinceros sentimentos à família, amigos e toda a corporação”, escreveu o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) em suas redes sociais. Já o secretário de Segurança Pública do Estado, Guilherme Derrite (PL-SP), disse: “Que Deus abençoe os familiares, amigos e colegas”.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.