Entenda o que é o ‘feed zero’, a nova tendência da geração Z
A prática de manter o perfil do Instagram sem nenhuma foto postada, evitando a exposição pública permanente e dando lugar ao uso de conteúdos efêmeros, como os stories e mensagens privadas (directs) é conhecida como ‘feed zero’. A tendência é crescente entre os jovens nascidos entre 1995 e 2010, a chamada geração Z, que demonstram cada vez mais interesse em preservar a privacidade nas redes sociais.
Ao contrário dos Millennials, nascidos entre 1982 e 1994, que costumavam preencher redes sociais como Orkut, Fotolog, e as primeiras versões do Instagram e Facebook com um grande volume de fotos, a geração de nativos digitais não costuma manter o registro dos melhores momentos em fotos no feed, mas faz postagens mais espontâneas e evita expor a própria imagem. Em entrevista à CBN Maringá, o neuropsicólogo Rodrigo Maciel explicou que o comportamento pode ser motivado por conta da vergonha ou do desânimo de criar publicações elaboradas e detalha como a falta (ou excesso) de registros nas redes sociais se relaciona com a saúde mental.
“A geração Z tem buscado essa questão da exposição de uma forma cada vez mais reservada, sem se expor, sem manter fotos no feed, por uma questão de evitar comparação e a exposição excessiva. Mas o que seria um resguardo à saúde mental pode também ser um sinal de problemas de autoestima ou socialização”, diz. Isso porque muitas vezes, ao postarem fotos, preferem cobrir seus rostos ou limitar as publicações para não deixar vestígios digitais permanentes. Aos pais que se preocupam com o comportamento, o segredo é conversar para entender as motivações. “Será que meu filho não está postando porque todos do grupo dele também não estão postando e ele está seguindo aquela tendência ou é porque ele está querendo esconder alguma coisa”, questiona o neuropsicólogo.
A visão ampla da motivação ajuda a entender se a falta de exposição é problema ou solução. O especialista ressalta que o excesso de posts ultra editados, típicos dos Millennials, tende a desencadear processos ansiosos e de comparação nociva e, por isso, também ser problemático.
Outro fator que influencia o comportamento de “Feed Zero” é o avanço das tecnologias de inteligência artificial (IA) para manipulação de fotos e vídeos. Muitos jovens da geração Z estão cientes de como suas imagens podem ser alteradas, usadas de forma indevida ou até mesmo editadas sem consentimento. “E se formos nos atentar a esse fato, o comportamento da geração Z seria até muito assertivo, de serem precavidos. Enquanto a gente está pensando na melhor foto, o melhor ângulo, a melhor edição, eles estão vivendo”, finaliza o neuropsicólogo, que ressalta que, se algum comportamento estiver causando problemas, é preciso buscar um profissional especializado.