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11 de outubro de 2024

Viver o presente é “balela”


Por Gilson Aguiar Publicado 11/10/2024 às 08h44
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Fim da vida em pleno voo.

Um piloto morre de forma súbita em pleno voo. Ele não pilotava qualquer avião, era um A350-900, um Airbus da Turkish Airlines. Nada aconteceu com os passageiros, a tripulação, copiloto e um segundo piloto, pousaram o avião com segurança. 

A questão aqui não é o fato em si, mas a condição humana que se expressa no fato. Não entendeu? Eu explico. Como qualquer um de nós, o piloto acordou pela manhã e fez planos. Pensavam em algo que aconteceria dias depois do fatídico instante de sua morte. Ele não sabia que seria aquele o último dia de sua vida.

Nós não sabemos quando, como seres humanos conscientes de nossa existência, apenas sabemos que vai acontecer, que vamos morrer. Mas, ninguém vem com a data de validade precisa cravada no corpo. Ninguém é um pacote de bolacha que tem a data de validade expressa na embalagem. 

Quando o dia chega não é consciente, apenas para o suicida que promove a própria morte. Mesmo o soldado que avança da trincheira para as fileiras inimigas, sabe o risco que corre. Porém, ainda assim, tem a esperança de que tudo corra bem. 

No caso do piloto, alguém desligou as luzes do palco, as cortinas se fecharam e ninguém avisou que aquele era o fim do espetáculo, o “último ato”.

Vivemos na confiança do amanhã.

Porém, mesmo que seja o último dia, nós confiamos que haverá um amanhã. Vivemos pelo amanhã, esperamos que algumas coisas aconteçam depois. Elas podem até não acontecer, pode até não haver amanhã. Mas, se não há um depois, não há o que se fazer hoje. 

Quando se está pilotando um avião, há o deslocamento de um lugar para o outro. Está se saindo de uma cidade para outra, estamos em trajeto. Nada é mais amanhã do que uma viagem. Estou aqui, mas para ir para outro lugar, estou no meio do caminho.

O ser que nos serve de exemplo aqui estava em deslocamento. Estava em busca de um depois. Assim, somos nós na vida. Estamos em trajeto, saindo para um depois. Este negócio do “viva hoje como se fosse o último dia de sua vida”, não nos cabe. 

No existencialismo, a cada segundo vamos construindo o passado e desmanchando o futuro. Somos posteridade e projeção vivendo a cada momento. E, assim, a vida segue. 

Pauta do Leitor

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