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27 de dezembro de 2024

O pior juiz é o ignrante


Por Gilson Aguiar Publicado 18/12/2024 às 06h59
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Nossas ações e julgamentos devem andar casadas? 

Deveriam. O que consideramos de valor no mundo, daquilo que está à nossa volta, deve ser sentido para que nossos atos tenham um propósito. Enfim, meu comportamento tem uma intenção, logo, desejo algo com ele.

Claro que nem todo comportamento tem uma intenção elevada, apenas uma satisfação imediata. Se vou ao banheiro me parece óbvio o que desejo realizar, na maioria das vezes. Porém, levar uma vida como quem vai ao banheiro é uma pobreza existencial profunda. 

A vida é feita de necessidades mais complexas, que envolvem inúmeras pessoas e vai além de uma vontade fisiológica. 

Até aqui, nossa conversa parece óbvia, mas, repare, não são poucos os que vivem uma vida como se tivessem em busca de satisfazer o próprio organismo. Um ser voltado a saciar a si, focado na pobreza do pouco que se tem e ao que se deseja de imediato. 

Moral elevada não é sinal de sucesso material.

Você pode me repreender neste momento e considerar que há no mundo pessoas que têm pouca condição material. E que passam por necessidades que lhes são básicas, vivem uma busca de sobreviver em um cotidiano marcado por limitações. 

Lhe responderia que, mesmo essas, e entre elas, não é a falta de condição básica que lhe limita a capacidade de dar sentido aos atos que toma. Não se faz da miséria material uma justificativa para se agir diante do mundo com limitações de valor e sentido. 

Sendo mais claro, por mais miserável que seja a vida material, a miséria de caráter não é casamento necessário desta condição. 

Por isso, o bem sucedido em sua vida material não é sinônimo de caráter elevado. Na mesma lógica, e em sentido contrário, nem o pedinte em um semáforo, com seu cartaz que denuncia a pobreza de recursos econômicos, é na mesma proporção a expressão de uma limitação moral. 

Digo mais, a pobreza de caráter pode ser um pré-requisito para o enriquecimento material. Pode ser a qualidade mais importante, em determinados contextos, que permite e incentiva o sucesso econômico. Há quem se dê bem materialmente por abrir mão de valores elevados.

Pode, da mesma forma, a riqueza de caráter e de valores elevados serem um limitador para que se tenha as oportunidades econômicas. Muitos abrem mão do ganho fácil pelo valor elevado em detrimento da moral e o peso do ato injusto.  

Não é mais fácil quando julgamos os outros.

E, ao avaliarmos o ato alheio, o quanto sabemos dos sentidos e valores daqueles que julgamos? Temos o conhecimento e a noção da complexidade, ou não, do que determina uma escolha? Somos capazes de estabelecer com quais critérios um ser humano tem, de maneira precisa, para tomar uma atitude?

Em regra, presumimos pelo que estamos vendo. Avaliamos o outro pelo que se passa diante dos nossos olhos, pela fragilidade do que nosso olhar captura e nossa mente associa. No fundo, criamos na aparência do comportamento alheio uma motivação que fala muito mais sobre nós do que sobre aquele que está sendo julgado.

Por isso, conheça melhor antes de julgar. Repense no que movimenta a sua vida e os seus atos. Não há nos outros muito do que consideramos haver, tanto para o bem como para o mal. Aquilo que observamos no mundo e avaliamos fala mais sobre nós, diz quem somos e não quem os outros são. 

Logo, cuide de quem suas palavras julgam. Pondere sobre o que e de quem elas pronunciam. Ao bom ouvinte há muito a conhecer do que muitos falam e de quem se pronuncia. Muitas vezes o silêncio poupa falhas de nosso caráter.

Pauta do Leitor

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