27 de março de 2025

Dólar tem 6º pregão seguido de queda e fecha a R$ 5,67, com exterior e isenção do IR no radar


Por Agência Estado Publicado 18/03/2025 às 17h41
Ouvir: 05:16

Após trocas de sinal pela manhã, o dólar se firmou em baixa no início da tarde desta terça-feira, 18, refletindo o alívio com a ausência de surpresas negativas no projeto de isenção de Imposto de Renda (IR) e o recuo da moeda norte-americana no exterior, em especial na comparação com divisas fortes.

Com mínima a R$ 5,6565, ao longo da cerimônia de apresentação da reforma do IR em Brasília, o dólar encerrou o dia em baixa de 0,25%, cotado a R$ 5,6721 – menor valor de fechamento desde 24 de outubro (R$ 5,6629).

dolar.jpg
Foto: Divulgação

Foi o sexto pregão consecutivo de queda da moeda, que já acumula desvalorização de 4,13% em março.

Para o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, o projeto de isenção de IR já estava de certa forma incorporado aos preços dos ativos domésticos. Sem ruídos fiscais e políticos, o real ficou livre para se beneficiar do ambiente externo favorável e da taxa de juros doméstica elevada.

“O Brasil sofre menos que outros países com as tarifas de importação dos EUA. E a China está dando mais estímulos à economia”, diz Weigt. “Tem muito fluxo estrangeiro para a bolsa. Parece que o dólar pode cair ainda mais.”

Como já anunciado, o governo quer isentar quem recebe até R$ 5 mil por mês. Para compensar a perda de receita, estimada em R$ 27 bilhões, o projeto prevê alteração das regras para quem recebe mais de R$ 50 mil mensais. Também está prevista a tributação de dividendos sobre valores que superem R$ 50 mil.

Tanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disseram que a proposta é neutra do ponto de vista fiscal. “Este projeto não vai aumentar um centavo na carga tributária da União”, disse Lula.

Presente na cerimônia de lançamento do projeto, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), classificou a isenção de IR como uma medida justa, mas já alertou que o texto deve ser alterado na passagem pela Casa e pelo Senado.

O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, vê riscos de a isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil por mês ser aprovada no Congresso sem a contrapartida de aumento de imposto para a alta renda, o que pode piorar a percepção de risco fiscal.

“Mas, por enquanto, o mercado parece operar com a tese de que não tem nada novo no fiscal e busca ativos mais baratos. Ninguém quer ir contra o movimento mais forte de entrada dos estrangeiros”, afirma Borsoi.

Lá fora, o índice DXY – termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes – operava em leve queda no fim da tarde, ao redor dos 103,200 pontos, após ter avançado pela manhã. As taxas dos Treasuries e as bolsas americanas recuaram.

Investidores adotam postura cautelosa à espera da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na quarta-feira, 19. É dado como certo que o banco central americano manterá a taxa básica na faixa entre 4,25% e 4,50%. As atenções se voltam às previsões dos dirigentes do Fed para juros e inflação, no chamado gráfico de pontos, e a alguma aceno no comunicado sobre os próximos passos da instituição.

Por aqui, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve entregar também na quarta a prometida alta de 1 ponto porcentual da taxa Selic, para 14,25% ao ano. Eventuais menções sobre o impacto da desaceleração da atividade e da apreciação do real sobre a inflação serão vistas com lupa, uma vez que podem sugerir abreviamento do processo de aperto monetário.

O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, afirma que o real e a bolsa doméstica se beneficiaram nos últimos dias de valorização das commodities, com destaque para o minério de ferro, após os recém-anunciados pacote de estímulos econômicos na China e na Europa.

“Com os mercados se ajustando, o Brasil continua sendo visto como um país subvalorizado, com ativos baratos”, afirma Gala. “Na minha visão, o câmbio deveria estar abaixo de R$ 5,00. Se essa correção continuar, será um alívio para o Banco Central.”

Pauta do Leitor

Aconteceu algo e quer compartilhar?
Envie para nós!

WhatsApp da Redação

Comentar

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Economia

Fechamento do mercado financeiro


A seguir, o fechamento dos principais indicadores do mercado financeiro. BOLSAS Ibovespa: +0,47% Pontos: 133.148,75 Máxima de +1,04% : 133.904…


A seguir, o fechamento dos principais indicadores do mercado financeiro. BOLSAS Ibovespa: +0,47% Pontos: 133.148,75 Máxima de +1,04% : 133.904…

Economia

Temos visibilidade zero, do tipo encoste e ligue os piscas, diz dirigente do Fed


O presidente do Federal Reserve (Fed) da distrital de Richmond, Tom Barkin, afirmou que a direção da política monetária pelo…


O presidente do Federal Reserve (Fed) da distrital de Richmond, Tom Barkin, afirmou que a direção da política monetária pelo…

Economia

Juros: inflação abaixo da esperada abre espaço para queda das taxas


O volume menor de títulos ofertados pelo Tesouro em leilão e a inflação abaixo da esperada no IPCA-15 de março…


O volume menor de títulos ofertados pelo Tesouro em leilão e a inflação abaixo da esperada no IPCA-15 de março…