Startup de Maringá apresenta estudo sobre pegada de carbono da soja em congresso da Embrapa
Pesquisa liderada pela Jiantan será destaque no Congresso Brasileiro de Soja, com proposta de valorização de serviços ambientais nas propriedades rurais

A startup Jiantan, de Maringá, participa do Congresso Brasileiro de Soja 2024, promovido pela Embrapa em Campinas/SP, com a apresentação de um estudo inédito sobre a pegada de carbono na produção de soja. A pesquisa será apresentada nesta quarta-feira (dia 23), com o título “Pegada de carbono na produção de soja: insetting por serviços ambientais em propriedade rural no Paraná”. O trabalho foi elaborado por João Berdu (Jiantan), Marcelo Farid Pereira (UEM) e Rodolfo Coelho Prates (PUC-PR).
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O estudo foi desenvolvido em uma fazenda de 203 hectares em Ivatuba/PR, com foco na produção de soja e milho. Durante a safra 2022/2023, a Jiantan aplicou sua metodologia exclusiva para inventariar os gases de efeito estufa (GEE), com base nos padrões internacionais ISO 14064-1 e no Programa Brasileiro GHG Protocol, garantindo alta credibilidade.
O resultado apontou pegada de carbono de 302,61 quilos de CO₂ equivalente por tonelada de soja produzida, num total de 790 toneladas. A maioria das emissões (58,91%) veio da queima de combustível de máquinas agrícolas. Em contrapartida, o uso de biofertilizantes contribuiu para a redução das emissões de óxido nitroso, que representaram 40,43% do total. Emissões relacionadas à energia elétrica e fontes fugitivas somaram apenas 0,66%.
Um dos principais destaques do estudo é o sequestro de carbono pelas áreas de vegetação nativa da fazenda. Os 37,88 hectares de mata removeram 172,35 toneladas de CO₂ da atmosfera em um ano. A estimativa foi feita com base em metodologias do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) e do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). A reserva legal respondeu pela maior parte da captura, com 153,38 toneladas.
Segundo João Berdu, que é fundador e CEO da Jiantan, o diferencial da pesquisa está no conceito de insetting, que permite a neutralização das emissões dentro da cadeia produtiva. “O produtor pode oferecer soja com pegada de carbono já compensada pelas áreas preservadas da propriedade, agregando valor ambiental e de mercado ao produto”, destaca.
Modelo de negócio de destaque
A partir da metodologia da Jiantan, a propriedade estudada pode comercializar 72% da produção com emissões neutralizadas. Essa abordagem fortalece o papel dos serviços ambientais na agricultura e cria uma nova fonte de renda para produtores.
O modelo também possibilita a venda de Bônus de Remoção de Carbono (BRC) para empresas que buscam compensar suas emissões. O produtor interessado se cadastra gratuitamente na plataforma da Jiantan, com o CAR (Cadastro Ambiental Rural) e documentos básicos. Após validação por satélite, a vegetação nativa passa a gerar certificados com selo, QR Code e geolocalização. Cada tonelada removida rende ao produtor R$ 31,20.
Fundada em 2022, a Jiantan é uma das startups selecionadas pelo programa Paraná Anjo Inovador. A atuação conecta sustentabilidade, tecnologia e geração de valor no campo. A participação no Congresso Brasileiro de Soja marca um passo da empresa na consolidação de soluções ambientais aplicadas à agricultura brasileira.