Ídolo no Galo e no Maringá FC, Marcelo Xavier anuncia a aposentadoria aos 37 anos
O zagueiro Marcelo Xavier anunciou nesta semana a aposentadoria dos gramados, aos 37 anos. A despedida do jogador aconteceu no último sábado, 19, com o título da Segunda Divisão do Campeonato Paranaense com o Galo Maringá. O “Xerife”, inclusive, foi o capitão do time na partida e ergueu a taça na comemoração.
Antes de retornar para o último ano de sua carreira, Marcelo Xavier defendeu o Juventus Jaraguá-SC, e tinha decidido se aposentar já no ano passado. Foi quando recebeu o convite para encerrar em sua cidade natal, no clube que o revelou.
— Essa decisão de parar mesmo já tinha sido tomada ano passado. Eu abri um centro de treinamento aqui [em Maringá]. No final do ano, o Paulinho (Regini) entrou em contato comigo. Eu recebi esse convite para finalizar dessa forma, e foi da maneira perfeita — contou o zagueiro.
Incialmente sendo contratado para ser um exemplo de experiência para o jovem elenco do Galo e sem muitas pretensões de ser titular, Marcelo foi homenageado jogando os 90 minutos com a braçadeira de capitão no jogo do título. E mesmo não precisando, contribuiu com uma atuação muito segura.
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— Foi uma homenagem linda. Quando começou o campeonato, eu já tinha a palavra do diretor e do treinador, Rafael Andrade, que no último jogo do campeonato ele ia me dar essa oportunidade de capitão. Eu fui contratado, na verdade, não foi nem para jogar muito, foi para auxiliar o pessoal no extracampo, fazer aquele elo de ligação entre a diretoria e os jogadores. E quando precisou de mim dentro de campo, como foi na final, eu estava preparado, porque eu vinha treinando igual aos outros.
Ao todo, o zagueiro atuou em três partidas na Segunda Divisão deste ano, sendo titular em dois jogos. No segundo jogo da final, o Galo Maringá venceu o Foz do Iguaçu por 3 a 1, e com um placar agregado de 5 a 3, conquistou o título. Na semifinal, o alvinegro atropelou o Nacional com um placar agregado de 7 a 2 e garantiu o acesso à Primeira Divisão do Paranaense de 2026.
Em 20 anos de carreira, Marcelo Xavier passou por 21 clubes – incluindo duas passagens marcantes pelo Maringá FC, clube que mais atuou e também é ídolo -, fez mais de 400 jogos e conquistou seis títulos. Pelos times de Maringá, o Xerife esteve presente em cinco campanhas que garantiram o acesso de divisão, o que lhe rendeu a alcunha de “Rei dos Acessos”.
Eu sou um cara realizado na minha carreira. Nem nos meus melhores sonhos eu imaginava que ia ter um final assim. É como eu digo para os meninos mais novos: eu não fiquei rico, eu não ganhei muito dinheiro, mas eu ganhei outras coisas que são muito mais importantes. Que é fazer amigos, conquistar o torcedor por onde eu passei, e vários títulos, vários acessos. Isso aí conta muito mais que dinheiro.
Títulos da carreira de Marcelo Xavier:
- Copa Paulista – 2010 e 2011 (Paulista de Jundiaí)
- Paranaense 2ª Divisão – 2013 (Grêmio Metropolitano Maringá/Maringá FC)
- Campeonato Mato-grossense – 2018 (Cuiabá)
- Paranaense 3ª Divisão – 2021 (Aruko/Galo Maringá)
- Paranaense 2ª Divisão – 2025 (Galo Maringá)
Acessos pelos clubes de Maringá
- 2005 – Paranaense 1ª Divisão (antigo Galo Maringá)
- 2013 – Paranaense 1ª Divisão (Grêmio Metropolitano Maringá/Maringá FC)
- 2021 – Paranaense 2ª Divisão (Aruko/Galo Maringá)
- 2022 – Paranaense 1ª Divisão (Aruko/Galo Maringá)
- 2025 – Paranaense 1ª Divisão (Galo Maringá)
Primeiros passos no antigo Galo Maringá
Aos 17 anos, o jovem Marcelo Xavier iniciava seus passos no recém fundado Galo Maringá – que um ano depois se transformou no ADAP/Galo. Marcelo fazia parte da Escolinha da Amafu (Associação Maringaense de Futebol), que fomentou a criação do clube alvinegro. O zagueiro logo se destacou e integrou o elenco profissional campeão da Segunda Divisão Paranaense de 2005.
Na época, o jogador foi para a Espanha para fazer um teste no Atlético de Madrid, retornou para Maringá e foi vendido ao Paulista de Jundiaí, onde atuou por seis temporadas. Inicialmente na equipe B, Xavier subiu ao profissional e disputou o Paulistão e a Copa Paulista, conquistando dois títulos.
Posteriormente, passou pelo tradicional Juventus da Mooca e pelo Novo Hamburgo, antes de retornar contratado pelo então Grêmio Metropolitano Maringá, que disputava a segunda divisão estadual.
Grande ídolo da primeira década do Maringá FC
Em 2013, o zagueiro voltou para casa para defender o novo clube da cidade. Na primeira temporada, foi novamente campeão da Segundona do Paranaense, colocando o time na elite pela primeira vez.
— Quando eu vim pela primeira vez, eu não conhecia o Paulinho (então diretor do Grêmio Metropolitano). Mas ele me acompanhava desde quando eu era do Galo, ainda com 17, 18 anos. Isso facilitou bastante. Quando eu recebi o contato… Assim, eu sou maringaense, né? Voltar pra casa pra atuar no time de casa é muito bom. E todas as vezes que eu recebi esse contato eu procurei retornar de primeira — contou Xavier.
Na temporada seguinte, o Grêmio Metropolitano passou a se chamar Maringá FC e alcançou a histórica final do estadual contra o Londrina, ficando com o vice-campeonato.
O ano de 2015 ainda seria memorável para a equipe do Xerife, que estreou na Copa do Brasil. Depois de eliminar o Madureira na primeira fase, o tricolor encarou o Santos na segunda fase. O empate em 2 a 2 no WD no jogo de ida deu esperanças para um campanha histórica, mas a derrota por 1 a 0 na Vila Belmiro encerrou o sonho, embora não tenha apagado o feito.
Na mesma temporada, Marcelo rumou para o Operário para disputar a Série D, e depois acumulou excelentes passagens por Botafogo-PB, Suphanburi-THA e Cuiabá.
Já como ídolo da torcida, o Xavier retornou ao Maringá FC em 2019, para a disputa do Paranaense e da Série D. Somando as duas passagens, o zagueiro atuou em 61 partidas – com quatro gols – com a camisa do Dogão, sendo o clube em que mais atuou na carreira.
Seleção dos 10 anos
Sua importância na história do clube em ascensão foi coroada em 2020. Completando uma década de história, o Maringá FC promoveu uma votação da “Seleção dos 10 anos” do clube, e Marcelo Xavier foi eleito entre os zagueiros. Assim, o Xerife ficou eternizado.
— Eu estou na Seleção dos 10 anos. Isso é muito orgulhoso pra mim. Eu considero o clube que eu melhor joguei. Eu tive uma passagem muito boa mesmo, falando em desempenho — disse.
— Eu gosto [do apelido Xerife]. Eu sou um jogador bem técnico, só que na hora que precisa, a gente precisa dar uma “xerifada”. E agora nesse último jogo tinha até uma bandeira que a torcida fez pra mim, escrito “Eterno Xerife”. Aquilo ali é uma coisa gratificante demais. Você vai ao estádio agora e a bandeira vai continuar lá.
Mais um retorno para um novo projeto
Dois anos depois de deixar Maringá mais uma vez, Marcelo Xavier retornou para mais um novo clube, o Aruko Sports Brasil. O projeto que viria se tornar o atual Galo Maringá iniciava seus passos no âmbito estadual, na terceira divisão.
Mas não demorou muito para chegar ao topo. Com Xavier, foi campeão da Terceirona em 2021 e vice-campeão da Segundona em 2022, garantindo dois acessos seguidos até a elite paranaense. Em 2025, o último retorno rendeu mais um acesso e mais um título, em trajetória semelhante à de 20 anos atrás, e no mesmo lugar.
— As minhas voltas para Maringá tiveram algumas diferenças, mas também algumas semelhanças. Porque em 2013 era o início do Metropolitano, em 2021 e 2022 era o início do Aruko. E agora, em 2025, vamos dizer assim, foi uma continuidade do Aruko que se transformou em Galo, mas é o início do Galo também.
Só agradecer mesmo o apoio do torcedor de Maringá. Eu como maringaense, consegui fazer história fora e também aqui em Maringá.
Novos projetos de vida
Penduradas as chuteiras, Marcelo Xavier ainda vai continuar conectado ao esporte. Há cerca de um ano, juntamente com Rodrigo do Carmo, fisioterapeuta do Galo, o maringaense montou o MXRC Treinamento e Saúde, um centro de treinamento em Maringá dedicado a vários públicos. Apesar de ainda estar no mesmo meio, a rotina deverá ser mais “sossegada” a partir de agora.
— Um dos motivos de eu parar de jogar futebol foram as viagens. Por exemplo, meu filho tem 15 anos e já estudou em mais de 10 escolas. Agora que ele está conseguindo fazer uns amiguinhos aqui em Maringá. Tem um lado bom de jogar futebol, só que tem alguns lados também que não são bons. E esse foi um dos motivos de eu parar com essas viagens — explicou Marcelo Xavier.
