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05 de dezembro de 2025

Tarifaço e Morango do Amor: estratégia, pessoas, recursos e clientes no limiar do disruptivo


Por Jeferson Cardoso Publicado 30/07/2025 às 11h26
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Em meio à escalada do chamado tarifaço, tarifas de até 50% sobre exportações brasileiras para os EUA, efetivas a partir de 1º de agosto de 2025 e à explosão da viralização do “morango do amor”, emergem nas empresas duas narrativas díspares que demandam a mesma resposta estratégica: como mobilizar pessoas, recursos e clientes para navegar crises e surfar oportunidades.

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Foto: Reprodução/Globo

Tarifaço: o cenário, os números e os riscos

Segundo o Deutsche Bank, entre 55% e 60% das exportações nominais brasileiras aos EUA ficarão sujeitas à tarifa de 50%. O Santander estima impacto de US$ 9,5 bi (≈ R$ 52,8 bi) na balança comercial ao longo de 12 meses. O Itaú projeta até US$ 16 bi (≈ R$ 88,9 bi) de queda nas exportações. A CNI fala em curto prazo de R$ 52 bi em exportações e 110 mil empregos perdidos. A Fiemg projeta perdas de até R$ 175 bi no longo prazo, retração de 1,49% do PIB, e quase 1,3 milhão de empregos deixados de existir. Já uma pesquisa da UFMG estimou prejuízo de US$ 4,9 bi (≈ R$ 28,6 bi) em 2025, com setor industrial perdendo US$ 8,8 bi e serviços caindo US$ 1,6 bi, São Paulo sofreria perda de R$ 4 bi e Minas cerca de R$ 1,16 bi. No agronegócio, os exportadores de carne estimam US$ 1 bi em perdas caso as tarifas se confirmem, já que representam cerca de 12% do total exportado da carne brasileira apenas no primeiro semestre de 2025.

Esses números não são abstractos: são equipes inquietas, contratos suspensos e planos estratégicos que viram pó da noite para o dia.

Morango do Amor: da rede ao faturamento e ao protagonismo interno

Entre junho e julho de 2025, os pedidos no iFood saltaram 2.300% a 2.490%, atingindo mais de 275 mil pedidos e 524 mil unidades vendidas. A alta de preços chegou a 70% em poucas semanas em São Paulo, um impacto direto do comportamento viral nas redes. Confeiteiras relatam faturamento semanal entre R$ 20 mil e R$ 70 mil, mesmo com restrições de escala e equipes reduzidas. Em uma loja em SP, a Piece Confeitaria faturou cerca de R$ 1.600 por dia, e redes consolidadas como Sodiê Doces venderam 8.000 unidades em um dia de lançamento.

Tudo isso surgiu de um conteúdo viral, não de pesquisa formal de mercado e gerou oportunidade real e imediata.

Convergência estratégica: pessoas, recursos e clientes

Em situações de tarifaço, gestões frágeis interrompem confiança. Comunicação clara, envolvimento da liderança e foco na retenção de talentos-chave são essenciais. No caso do morango do amor, equipes pequenas mas autônomas reagiram rápido ao aumento da demanda orgânica, mostrando que agilidade interna é diferencial competitivo.

Tarifas exigem realocação de investimentos e renegociação rápida com fornecedores. Quem não estiver preparado entra em colapso. Do outro lado, empreendedores reorganizaram recursos tempo, matéria-prima, entregas para escalar produção com rapidez.

Tarifas afetam percepção de confiança do cliente corporativo: requerem gestão proativa de relacionamento e renegociação de contratos. Viralização mostra clientes como propagadores de marca: uma narrativa emocional pode valer muito mais que um anúncio institucional.

Da estratégia ao propósito: gerir para o humano e o resultado

É nesta intersecção que organizações com liderança estratégica se diferenciam. Em minha experiência de consultoria, empresas que conseguem alinhar propósito com adaptação, explicitar o porquê da mudança, mesmo diante da incerteza, capacitar pessoas continuamente, de modo que novas habilidades possam ser reaplicadas tanto nos cortes quanto na inovação, diversificar geográfica e comercialmente, como sugerido por relatórios da Logcomex que indicam rota para Ásia, China, Índia e Sudeste Asiatico para mitigar impactos do mercado americano, e escutar o cliente em formato dinâmico, entendendo demandas que surgem da base, transformando insights em produtos e reconhecendo protagonismo interno e fora da empresa, são as que atravessam o inesperado com mais consistência.

Em suma: gestão estratégica é exatamente isso permitir que o humano, o recurso e o cliente se conectem nos dois extremos da escala: crise e crescimento.

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