Escala 996: o que é o modelo de trabalho de 72 horas semanais?
Entenda a rotina intensa que ficou famosa na China e que está sendo adotada nos Estados Unidos.
Você já ouviu falar da escala 996? O termo se refere a um modelo de jornada de trabalho adotado por algumas empresas chinesas e agora estadunidenses, principalmente do setor de tecnologia, onde os colaboradores atuam das 9h às 21h, seis dias por semana, totalizando 72 horas de trabalho semanais.
Apesar de ser defendida por alguns empresários como um modelo de alta produtividade, a escala 996 vem sendo amplamente criticada por provocar exaustão, estresse e problemas de saúde entre os trabalhadores.
Como surgiu a Escala 996?
A prática ganhou notoriedade no ambiente das startups e grandes empresas de tecnologia na China, especialmente no período de rápido crescimento da indústria digital. O termo “996” se tornou popular por volta de 2016, associado à cultura de trabalho extremo de empresas como Alibaba, Huawei e outras gigantes chinesas.
A justificativa era simples: quanto mais horas dedicadas, mais rápido seria o crescimento das empresas e, teoricamente, das carreiras.
Críticas e polêmicas envolvendo o modelo
O modelo logo passou a ser questionado. Muitos funcionários relataram jornadas exaustivas, dificuldade de conciliar vida pessoal e trabalho, e sintomas de burnout. Em alguns casos extremos, mortes por excesso de trabalho foram atribuídas a esse tipo de rotina, gerando repercussão internacional.
A discussão tomou grandes proporções nas redes sociais chinesas, com trabalhadores denunciando abusos e exigindo melhores condições. Movimentos como o “996.ICU” (ou seja, “trabalhar em 996 leva à UTI”) viralizaram como forma de protesto.
O que diz a legislação?
Apesar de algumas empresas ainda adotarem esse modelo de forma informal, o Código do Trabalho da China limita a jornada semanal a 44 horas, com pagamento extra por horas excedentes. Em 2021, a Suprema Corte do país declarou que o sistema 996 é ilegal, mas sua aplicação na prática segue com pouca fiscalização em certos setores.
E no Brasil, isso seria permitido?
No Brasil, a legislação trabalhista é clara: a jornada padrão é de 8 horas diárias, com um máximo de 44 horas semanais. Qualquer modelo que ultrapasse isso precisa ser compensado por banco de horas, horas extras ou escalas específicas autorizadas por convenção coletiva.
A prática do 996, portanto, não é permitida pela CLT.