Ouça: Empresária da região diz em áudio que não contrata homossexuais; ela deve responder criminalmente

Em áudio enviado em um aplicativo de mensagens, uma empresária de Marialva diz que não admite homossexual na equipe de trabalho. O caso foi registrado na delegacia da cidade. A denúncia foi feita por uma candidata a uma vaga de emprego numa clínica para idosos. Na entrevista, ela se declarou homossexual.
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A candidata não foi contratada e soube depois que a dona da clínica não a contratou por causa da orientação sexual. Uma amiga, que a havia indicado para a vaga de emprego, recebeu um áudio da dona da clínica. Na mensagem de voz, a empresária declara que não admite homossexuais na equipe de trabalho.
“Podem me indicar técnicos de enfermagem homens. Que não seja homossexual, porque homossexual eu não admito na minha equipe. É somente homens, tá? E lésbica também, não. Mulheres e homens profissionais da enfermagem. Se você souber de alguém que precisa, pode mandar meu contato. Agora, se for homossexual, nem precisa mandar contato porque na equipe eu não admito. Nem no home care e nem na clínica”, diz. Ouça abaixo:
A Polícia Civil abriu inquérito para apurar a denúncia e trata o caso como racismo. “Do ponto de vista jurídico existe uma uma dificuldade de fazer a tipificação deste delito por conta de uma lacuna que existe na legislação e, por conta disso, o STF tem um entendimento que deve ser aplicado à lei do racismo. Mas isso também não é muito claro, e acaba sendo algo discutível. Mas por ora, a gente vai seguir com esse entendimento”, afirma o delegado Aldair Oliveira.
A homofobia é considerada crime no Brasil, sendo equiparada ao crime de racismo, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Isso significa que atos de discriminação e preconceito contra pessoas LGBTQIA+ podem ser punidos com as mesmas penas previstas para o crime de racismo, incluindo reclusão e multa.
A empresária será ouvida nesta segunda-feira, 18, e, segundo o delegado, dificilmente poderá negar a autenticidade do áudio. “Nós ouvimos a pessoa que recebeu o áudio e ela confirmou a situação e nos apresentou o áudio do próprio celular. Nesse procedimento probatório, fazemos o auto de constatação: registramos prints, extraímos o conteúdo e documentamos nos autos. Eu considero pouco provável que ela negue a autoria, mas, se isso acontecer, o caminho será solicitar uma perícia de voz”, explica.
A reportagem tenta contato com a defesa da empresária, que não teve o nome divulgado pela polícia porque o processo corre em sigilo.
