‘Era como se eu estivesse presa dentro do meu próprio corpo’, diz jovem maringaense após perder 42 kg
Aos 29 anos, Iara Loução Pereira, natural de Cruzeiro do Oeste, região de Maringá, no Paraná, decidiu enfrentar um dos maiores desafios de sua vida: a cirurgia bariátrica. O procedimento, realizado em março de 2023, marcou o início de uma nova fase em sua trajetória, após anos de luta contra o sobrepeso, problemas de saúde e baixa autoestima. “Hoje eu sou outra pessoa. E não estou falando só do corpo, mas da mente também”, afirma em entrevista ao Portal GMC Online.
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Desde a infância, Iara conviveu com o excesso de peso. Ainda na infância, a jovem começou a perceber os primeiros impactos do preconceito: comentários maldosos, brincadeiras cruéis de colegas e até professores que reforçavam estigmas. A adolescência trouxe as primeiras tentativas de controle: dietas, remédios, academia. Porém, tudo o que tentava não conseguia seguir com regularidade, por diversos fatores externos.

Além dos aspectos físicos, questões emocionais também influenciaram seu processo. “Quando perdi meu irmão, engordei muito. Parei de fazer exercício, deixei de me cuidar”, conta. Mesmo após um intercâmbio na Suécia, onde conseguiu mudar alguns hábitos, o sobrepeso persistia, afetando não apenas sua saúde, mas também a forma como se via no espelho e se relacionava com o mundo.
A mudança de cidade para Maringá foi um ponto de virada. “Comecei a perceber que as pessoas aqui tinham outro estilo de vida, mais ativo. Eu me sentia deslocada”, relembra. Inspirada pela irmã, que também passou pela bariátrica, Iara decidiu procurar ajuda médica. Com histórico de dores nos joelhos, quadril e diagnóstico de bursite, além de um IMC elevado, ela se enquadrou nos critérios exigidos para a realização da cirurgia.
O processo foi longo e criterioso. Iara passou por exames, consultas com nutricionista, psicóloga e equipe multidisciplinar. “Não é uma decisão fácil. Exige preparo físico e emocional. Eu sabia que a mudança não era só no corpo, mas principalmente na cabeça.”
Nos meses seguintes após a realização da cirurgia, vieram os maiores desafios: a adaptação alimentar e a nova rotina. No início, a dieta líquida exigia extrema paciência, um copinho de café levava quase uma hora para ser ingerido, gole a gole. Em seguida, a dieta pastosa e, só depois, a alimentação sólida.
Dois anos depois, Iara comemora a perda de 42 quilos e a conquista de uma nova qualidade de vida. “Aprendi a entender meu corpo. O que antes era automático, hoje é consciente. Como devagar, com atenção, e ainda tenho receio de entalar ou passar mal se exagerar”, explica. A nova fase também trouxe mudanças na autoestima e nos relacionamentos. “Me sinto mais confiante, mais segura. A cirurgia não me salvou, mas me deu uma nova chance de cuidar de mim.”
Desafios
Apesar dos ganhos, Iara reconhece que a bariátrica não é um milagre. “Tem gente que pensa que é fácil, que é só operar e pronto. Mas é uma mudança para a vida toda. É preciso acompanhamento, disciplina e, principalmente, preparo emocional”, alerta.
Hoje, a jovem segue com suplementação, faz exercícios físicos com regularidade e mantém acompanhamento com nutricionista especializada. “Não é uma jornada que termina. É contínua, e requer responsabilidade.”
Para quem pensa em passar pelo mesmo processo, Iara deixa um recado: “Pesquise, converse com quem já fez, procure bons profissionais e, principalmente, esteja pronto para mudar não só o corpo, mas o estilo de vida inteiro. A bariátrica não é uma fuga, é um recomeço.”




