Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso site, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao acessar nosso portal, você concorda com o uso dessa tecnologia. Saiba mais em nossa Política de Privacidade.

08 de dezembro de 2025

Mulher perde duas filhas com doença rara e consegue salvar a terceira


Por Metrópoles, parceiro do GMC Online. Publicado 25/10/2025 às 09h42
Ouvir: 00:00

Quando Rafaela de Almeida Dourado Oliveira, de 33 anos, segurou a primeira filha nos braços, não imaginava que viveria uma das experiências mais dolorosas de sua vida.

image
Foto: Arquivo pessoal

Em 2013, Mel nasceu saudável, mas aos seis meses apresentou sinais de que algo não estava bem. Em menos de três dias, Rafaela viu a bebê partir sem que os médicos conseguissem explicar o que havia acontecido.

“Os rins dela pararam de funcionar e ninguém sabia o motivo. O laudo apontou falência múltipla de órgãos. Tentaram hemodiálise, mas ela não resistiu. Tudo aconteceu muito rápido”, lembra.

A segunda perda

Um ano depois, Rafaela, que era estudante de enfermagem, engravidou novamente. A segunda filha, Gabriela, nasceu saudável e se desenvolvia bem até completar um ano e dois meses. De repente, os sintomas voltaram a assombrar a família.

“Ela acordou inchada, com manchas roxas no corpo e sem urinar. Levei imediatamente ao hospital, mas já chegou em estado gravíssimo”, conta.

No Hospital da Luz, em São Paulo, uma médica que havia acabado de voltar dos Estados Unidos reconheceu os sinais da síndrome hemolítica urêmica atípica (SHUa), uma doença rara e grave que causa a formação de microcoágulos e leva à falência de múltiplos órgãos.

A nefrologista e pediatra Maria Helena Vaisbich, coordenadora do Comitê de Doenças Raras da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), explica que a SHUa ocorre por uma falha no sistema de defesa do corpo.

“O organismo passa a atacar as próprias células, o que leva à formação de coágulos dentro dos vasos sanguíneos e compromete rins, cérebro, coração e pulmões”, afirma.

Segundo a médica, os sintomas surgem de forma súbita. “A criança pode apresentar palidez intensa, anemia, manchas arroxeadas na pele, pouca urina e, muitas vezes, insuficiência renal que exige diálise”, detalha.

A criança foi encaminhada para outro hospital, onde os exames confirmaram a suspeita, mas o resultado levou quatro meses para sair. Nesse período, o estado de Gabriela se agravou rapidamente.

“Ela teve dois AVCs, paradas cardíacas, entrou em hemodiálise e ficou cada vez mais debilitada. Quando conseguimos o remédio, ela já estava muito fraca. Tomou apenas uma dose. Depois de nove meses lutando na UTI, ela faleceu”, recorda, emocionada, a mãe.

Terceira gravidez

Após a morte de Gabriela, Rafaela se separou do marido e passou anos tentando entender o que aconteceu. “Acreditei que o problema vinha dele. Só descobri que o gene era meu anos depois”, diz.

Em 2021, já em outro relacionamento, ela engravidou novamente. Giovana nasceu saudável, e a mãe acreditou que, dessa vez, tudo seria diferente. Mas, no Natal de 2022, os sintomas voltaram a aparecer. “Naquele momento, eu já sabia. Os médicos insistiam que era anemia ferropriva, mas eu tinha certeza que era SHUa”, conta.

Diagnóstico rápido salvou a filha

Rafaela entrou em contato com um grupo de famílias afetadas pela SHUa e recebeu a indicação de uma especialista em São Paulo. A médica, ao ouvir a história e ver os sintomas, iniciou o tratamento imediatamente, antes mesmo do resultado genético.

Maria Helena explica que essa conduta é essencial para salvar vidas. “Mesmo sendo uma doença de origem genética na maioria dos casos, não é preciso esperar o resultado do exame para começar o tratamento. Cada hora de atraso pode agravar as lesões nos órgãos”, diz.

A medicação foi obtida por meio de doação, o que permitiu que Giovana começasse o tratamento sem demora. O exame confirmou que Rafaela é portadora do gene da doença, e Giovana nasceu com a síndrome em atividade. Dessa vez, porém, o tratamento começou a tempo. “Conseguimos agir rápido e isso salvou a vida dela”, afirma.

Hoje, Giovana tem quatro anos, leva uma vida normal e faz uso do medicamento ravulizumabe, aplicado a cada dois meses. Cada dose custa cerca de R$ 30 mil, e são necessários sete frascos por aplicação, de acordo com o peso da criança.

“Antes, a maioria evoluía para insuficiência renal ou óbito. Hoje, com o bloqueio do mecanismo que desencadeia os sintomas, as crianças podem ter uma vida normal e sem sequelas”, ressalta a nefrologista.

Clique aqui e leia a reportagem completa no Metrópoles, parceiro do GMC Online.

Pauta do Leitor

Aconteceu algo e quer compartilhar?
Envie para nós!

WhatsApp da Redação
Geral

Roubo na Biblioteca Mário de Andrade: Interpol é notificada para impedir saída de obras do País


A Prefeitura de São Paulo notificou a Interpol, por meio da Polícia Federal (PF), sobre o roubo de obras de…


A Prefeitura de São Paulo notificou a Interpol, por meio da Polícia Federal (PF), sobre o roubo de obras de…

Geral

Lula dá prazo para criação de diretrizes do roteiro para eliminar combustíveis fósseis


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou nesta segunda-feira, 8, um prazo de 60 dias para que quatro ministérios…


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou nesta segunda-feira, 8, um prazo de 60 dias para que quatro ministérios…

Geral

O que se sabe sobre roubo de obras de arte da Biblioteca Mário de Andrade, no centro de SP


A Polícia Civil investiga o roubo à Biblioteca Mário de Andrade que desfalcou a exposição “Do livro ao museu: MAM…


A Polícia Civil investiga o roubo à Biblioteca Mário de Andrade que desfalcou a exposição “Do livro ao museu: MAM…