Após vendaval em SP, qual o próximo destino do ciclone extratropical formado no Sul do Brasil?
O ciclone extratropical que trouxe transtornos para São Paulo na última quarta-feira, 10, irá tomar um novo rumo nos próximos dias o que deve influenciar o clima na capital paulista. De acordo com informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o fenômeno irá se deslocar em direção ao Oceano Atlântico, se afastando da região Sul, onde se formou.
Segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE) da Prefeitura de São Paulo, esse movimento irá permitir a chegada de ventos menos intensos, predomínio de sol e elevação das temperaturas em São Paulo.
Sob influência do fenômeno, a cidade registrou ventos de 98km/h o que gerou transtornos em atividades, serviços e transporte.
Com o deslocamento do ciclone, segundo o CGE, o sol aparece entre poucas nuvens no decorrer desta quinta-feira, 11, mas ainda com ventos que podem alcançar os 60 km/h. As temperaturas variam e no período da tarde a máxima atinge os 29°C. Os índices de umidade do ar entram em ligeiro declínio, com valores entre 32% e 90%.
Já na sexta-feira, 12, não há previsão de ventos fortes. O sol aparece e faz calor. No fim da tarde e à noite há potencial para chuva isolada e rápida com baixo potencial para formação de alagamentos. Mínima de 19°C e máxima de 30°C.
Apesar do retorno do tempo firme no Sudeste e Sul, pancadas moderadas a fortes ainda atingem parte do Centro-Oeste, Norte e Nordeste, de acordo com previsões da Climatempo.
Como se forma um ciclone?
O ciclone extratropical se forma a partir do encontro entre uma massa de ar quente e uma massa de ar frio em latitudes mais elevadas – um processo contínuo que, normalmente, ajuda a regular a temperatura do planeta. Por isso, os ciclones são muito frequentes. Porém, na maior parte das vezes, eles ocorrem sobre o mar e não são muito fortes e, por isso, passam despercebidos.
Com o aquecimento global, o aumento geral da temperatura e da umidade vem tornando os fenômenos mais intensos, como o visto nos últimos dias em São Paulo.
A formação e o desenvolvimento (ou, no linguajar da meteorologia, a ciclogênese) de um ciclone extratropical ocorrem em estágios claros. O estágio inicial ocorre em uma área de transição, onde há grandes diferenças de temperatura e umidade, com intenso cisalhamento do vento (diferenças substanciais de velocidade e direção do vento em curtas distâncias). Forma-se, então, uma área de baixa pressão atmosférica; isto é um vácuo para onde o ar tende a convergir.
Com a formação dessa área de baixa pressão atmosférica, as massas de ar começam a interagir de forma mais organizada. O ar quente, menos denso, é forçado a subir para além do ar frio, mais denso. Esse movimento ascendente do ar quente e úmido provoca a formação de nuvens carregadas e chuvas intensas. O sistema começa então a girar no sentido horário no Hemisfério Sul (anti-horário no Hemisfério Norte).
O ciclone atinge a sua intensidade máxima com um centro de baixa pressão bem definido e ventos fortes (que podem ultrapassar 90 km/h). A frente fria avança rapidamente ocludindo (encontrando e levantando) a frente quente, formando uma frente oclusa.
Em determinado ponto, o ar frio acaba por envolver completamente o centro de baixa pressão, cortando o suprimento de ar quente e úmido oriundo da superfície. O sistema começa, então, a perder energia, as nuvens se dissipam gradualmente e os ventos diminuem até a dissolução completa do ciclone.
Os ciclones extratropicais costumam ser grandes, podendo ter até mais de mil quilômetros de extensão, e sua duração varia de algumas horas a até dois ou três dias, dependendo da velocidade com que se deslocam.
