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27 de dezembro de 2024

‘Minha filha virou meu maior pesadelo’, diz idosa vítima de golpe


Por Agência Estado Publicado 15/08/2022 às 14h30 Atualizado 20/10/2022 às 15h28
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A idosa que foi vítima de um golpe estimado em mais de R$ 720 milhões disse que a filha “se tornou uma inimiga” e que ainda convive com o medo. O golpe, que começou a ser aplicado no início de 2020 e durou até abril do ano passado, envolveu a filha e uma família de estelionatários, que se passavam por videntes.

“Não procurei mais cedo a Justiça, porque meu estado físico e emocional estava muito abalado, e eu estava também com muito medo. Não é fácil falar de filha, ainda mais numa situação dessa. Filha que foi criada com muito amor, com carinho e todo o conforto. E que, de repente, vira seu maior inimigo e pesadelo, lhe fazendo temer pela sua própria vida”, narrou Genevieve Boghici, de 83 anos, ao programa Fantástico, da TV Globo, nesse domingo, 14.

Apesar de afirmar que se sente “protegida e livre de uma situação que poderia ser macabra”, a idosa declarou que ainda tem medo. “É um processo que está acontecendo, e o meu medo não passou totalmente.”

Na quarta-feira passada, a Polícia Civil do Rio prendeu quatro dos seis acusados do crime – incluindo a filha da mulher, Sabine Boghici. Dois dos suspeitos não foram encontrados e estão foragidos.

Segundo a polícia, durante 15 meses a idosa foi isolada pela filha no seu apartamento em Copacabana, na zona sul do Rio. Inicialmente, a vítima transferiu cerca de R$ 5 milhões aos golpistas. O pretexto seria o pagamento de um “tratamento espiritual”. Quando a vítima deixou de fazer os repasses, passou a ser ameaçada e agredida fisicamente. O delegado responsável pelo caso afirmou que, em um dos episódios, a filha chegou a colocar uma faca no pescoço da mãe.

Obras de arte

O patrimônio desviado pelos criminosos, incluindo a filha da vítima, que lesaram a idosa, tem 16 obras de arte. Apenas três quadros de Tarsila do Amaral – Sono, Sol Poente e Pont Neuf – somados valem R$ 700 milhões, segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro. Os demais, de artistas como Emeric Marcier e Di Cavalcanti, valem, individualmente, de R$ 150 mil a R$ 2 milhões. Somando todas peças, o valor desviado ultrapassa os R$ 711 milhões.

Onze das obras, inclusive Sol Poente e Pont Neuf, foram recuperadas pela Polícia. A própria idosa conseguiu reaver Sol Poente, Mascaradas, de Di Cavalcanti, e O Menino, de Alberto Guignard. Maquete Para O Meu Espelho, de Antonio Dias, e Elevador Social, de Rubens Gerchman, teriam sido vendidos ao Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (Malba), na capital argentina. Somados, só esses dois quadros valem R$ 3 milhões.

A reportagem tenta posicionamento da defesa de Sabine, que ainda não retornou os sucessivos contatos. O espaço está aberto para manifestações.

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