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31 de outubro de 2024

Casarão centenário abre ao público como Instituto Artium de Cultura


Por Agência Estado Publicado 21/07/2021 às 16h55 Atualizado 20/10/2022 às 12h19
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Quem costuma circular pela Rua Piauí, no bairro de Higienópolis, em São Paulo, observa com curiosidade um enorme casarão, uma das poucas construções centenárias, fruto da época do café, ainda existentes na cidade. Construído em um nível elevado em relação à rua, o edifício chama atenção pela imponência. A curiosidade será finalmente saciada a partir do dia 10 de agosto, quando o público poderá transpor os enormes portões de ferro para acompanhar gratuitamente a exposição Semana de 21, que vai ocupar as dependências do casarão, agora administrado pelo Instituto Artium de Cultura.

“A exposição vai celebrar a diversidade de linguagens e mídias e, mais importante, as obras, todas contemporâneas, não pretendem dialogar com a arquitetura do espaço, observa o artista plástico e fotógrafo Alberto Simon, curador da mostra. Ele convidou 17 artistas, como Leda Catunda, Thomaz Rosa e Marcelo Cipis, que cederão um total de 25 obras – algumas estão sendo especialmente produzidas para a exposição. “A intenção é tornar evidente o contraste que signifique os 100 anos que separam a construção do casarão até sua reabertura como Instituto Artium, às vésperas do centenário da Semana de Arte Moderna de 1922.

Com funcionamento previsto para o período entre terça-feira e domingo, o espaço vai receber o público por meio de reserva gratuita de ingresso. “O espaço tem capacidade para funcionar 8 horas por dia e receber até 800 pessoas, mas, por conta dos protocolos sanitários, a permanência será de no máximo 60 visitantes ao mesmo tempo, que poderão ficar durante uma hora”, comenta o presidente do instituto, o empresário Carlos Cavalcanti.

Segundo ele, o Artium (palavra latina, que significa mundo das artes) pretende apresentar uma programação diversificada em várias linguagens. Em seu plano, estão projetos nas áreas de preservação de patrimônios imaterial e material, além de artes visuais e cênicas.

“Vamos privilegiar história e memória, sempre com conteúdo para professores”, afirma Edna Onodera que, ao lado de Victor Delboni, é responsável pelo projeto educativo. Segundo ela, a exposição terá sempre dois monitores para acompanhar os visitantes, especialmente os alunos de escolas que serão previamente convidados. “Devemos começar com estudantes de artes das faculdades da região, que poderão vir a pé”, comenta Delboni. “Teremos também vídeo sobre a Semana de 21 assim como outro mostrando detalhes do casarão.”

O edifício, aliás, vale uma visita contemplativa. Conhecido como Palacete Stahl, foi construído entre os anos 1920 e 21, para servir como residência do primeiro cônsul-geral da Coroa Sueca, em São Paulo, o comendador Gustav Stahl. Sua arquitetura, como era comum na época, era eclética, com o edifício construído no estilo Luis XVI modernizado, com detalhes decorativos como lustres de cristal, lambris de madeira, revestimento de seda adamascada em algumas paredes e afrescos de teto.

“No teto de uma sala, há a pintura de uma planta, que descobrimos ser uma flor identificada pelo botânico Lineu, no século 18”, observa Cavalcanti ao Estadão, na visita ao espaço. Em 1924, o prédio ganhou novo dono, o cafeicultor José de Souza Ferreira, e se tornou residência familiar. Em 1932 foi arrematado por outro fazendeiro, o também banqueiro Francisco José Pereira Leite.

O palacete assumiu nova função em 1940, quando foi adquirido pelo império do Japão para servir como território consular. Com o ataque japonês à base americana em Pearl Harbor em 1941, o que obrigou a entrada dos EUA na guerra, o corpo diplomático deixou o Brasil em 1942. Só em 1951 o edifício passou a abrigar o escritório de representação japonês e, no ano seguinte, recuperou o status de consulado.

Em 1970, o então Cônsul-geral Nobuo Okuchi foi sequestrado no cruzamento das ruas Alagoas e Bahia, por um grupo contrário ao governo. Ele foi libertado cinco dias depois em troca de presos políticos.

De anos depois, em 1980, o governo do Japão deixou o palacete, que sofreu severa deterioração até ser tombado em 2005 e comprado pelo atual proprietário em 2007 que iniciou o restauro dois anos depois. Finalmente, em janeiro do ano passado, o Instituto Artium transferiu sua sede para o edifício, completando a restauração.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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