Juros ficam de lado, com mercado à espera da agenda da semana
Os juros fecharam perto da estabilidade, refletindo a expectativa do mercado pelos eventos da semana numa segunda-feira sem vetores capazes de impulsionar as taxas, o que foi traduzido também no giro de contratos abaixo da média padrão. Os agentes estão no aguardo da evolução da agenda de reformas em Brasília, após a sinalização positiva do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sobre a reforma tributária; da CPI da Covid no Senado; e da decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na quarta-feira, na semana que ainda reserva o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) de abril, na terça-feira, 27.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou a sessão regular em 4,63%, de 4,626% no ajuste anterior. Normalmente o mais líquido, esse vencimento girou hoje 233.085 contratos, contra média diária de 439 mil nos últimos 30 dias. A taxa do DI para janeiro de 2025 fechou em 7,69%, a mesma do ajuste da sexta-feira. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 8,32%, de 8,34% na sexta-feira.
A queda firme do dólar não foi capaz de trazer grande alívio às taxas tampouco o avanço da T-Note de dez anos as influenciou para cima. Após devolução consistente de prêmios nas duas últimas sessões, o mercado de juros fez nesta segunda-feira uma pausa. “Andou de lado, sem nada que pudesse dar direção, mas houve um pouco de fluxo tomador no miolo, com a espera pelo Fed e pela CPI”, afirmou o gerente da Mesa de Reais da CM Capital, Jefferson Lima, num momento em que, no meio da tarde, os DIs nos vértices intermediários oscilavam com viés de alta.
Após a sanção do Orçamento de 2021 na quinta-feira, cresceu a percepção de que a pauta de reformas poderia “andar” nas próximas semanas, antes que o ambiente em Brasília seja totalmente envolvido pela agenda eleitoral de 2022 no segundo semestre. O avanço nas discussões, na avaliação do economista da Renova Invest, Felipe Azevedo, pode ajudar no processo de desinclinação da curva visto no fim da semana passada. “Com o cenário de alta de juros, a tendência para ponta curta é abrir mais. Já a da curva longa é fechar, com melhora da pandemia e sinais positivos para a reforma tributária”, disse.
Pela manhã, Lira afirmou que espera que até a próxima segunda-feira possa fazer a leitura do relatório da proposta. Em entrevista à rádio Jovem Pan, disse que para esta semana estão previstas “algumas reuniões” com o objetivo de traçar “encaminhamentos para começarmos as tratativas”.
Na terça-feira, o mercado começa o dia já conhecendo o IPCA-15 de abril, que sai às 9 horas. A mediana das estimativas é de desaceleração para 0,67%, ante 0,83% em março, com preços de abertura arrefecendo, exceto os de serviços. Porém, por causa da deflação em abril de 2020 (-0,01%), o acumulado em 12 meses do deve saltar de 5,52% até março para 6,25%.
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