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19 de dezembro de 2025

Oferta e procura na gestão cultural


Por Miguel Fernando/Equipe ICI Maringá Publicado 28/06/2021 às 13h24 Atualizado 19/10/2022 às 10h22
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Museu do Brooklyn | Imagem: Ilustrativa/Pixabay

Robin Pogrebin escreveu para o The New York Times sobre os desafios mais atuais do Museu do Brooklyn, em 2017. No artigo “O ‘enciclopédico’ Museu do Brooklyn clama por atenção contemporânea”, Pogrebin ressalta que os dirigentes do equipamento perceberam as inúmeras barreiras existentes para atrair usuários pagantes somente com suas coleções históricas.

Para superar tamanho problema, que está alicerçado em um mundo cada vez mais tecnológico, o conselho do museu optou por contratar como diretora, Anne Pasternak – possuidora de um modelo de gestão mais contemporâneo. Em pouco tempo, Pasternak promoveu modificações significativas, desde o formato expográfico até a maneira em como o museu se reconhece na comunidade ao qual está instalado.

O artigo nos aponta no horizonte dois dos vários desafios da gestão cultural:  o tecnológico e o mercadológico. O primeiro, voltado para as culturas computacionais, cada vez mais presentes em nosso modus operandi de viver e que, inevitavelmente, refletem no modo de consumo artístico e cultural. O segundo, tão complexo quanto, afere a necessidade proeminente de formação do mercado cultural para a identificação e a geração de valores, monetários, para a aquisição de bens artísticos.

Mesmo não sendo problemas, portanto, exclusivamente do Museu do Brooklyn, esses desafios tendem a se amplificar quando colocamos em pauta uma questão, amplamente discorrida por Anne Pasternak, que é a fronteira geográfica. Sobretudo em tempos de pandemia.

Situado em Nova York, o museu fica do outro lado do Rio Hudson, tendo à sua extremidade a ilha de Manhattan – coração econômico da cidade. Embora, o bairro do Brooklyn tenha ganhado sua expressividade turística nos últimos quinze anos em função do foco dado pelo cinema, ainda não se compara ao que ocorre do outro lado do East River.

Estudo

Para além das fronteiras territoriais, há alguns meses um grupo vem estruturando encontros em Nova York para que moradores locais possam destacar o que desejam das políticas culturais, artísticas e criativas da cidade. A ação, coordenada pela New York City’s Department of Cultural Affairs (DCLA), tem a expectativa de organizar um plano de cultura oficial local (People’s Cultural Plan).

Nas muitas pesquisas, que chegaram a ouvir mais de 185 mil nova-iorquinos, dois dados chamam a atenção: 50% disse que o custo acaba sendo uma barreira para participar da vida cultural da cidade; 75% dos ouvidos gostariam de participar de mais atividades artísticas e culturais com maior frequência.

Quando o plano for estruturado, se realmente conseguir chegar até essa etapa conclusiva – afinal, não se é fácil ouvir e atender a todos os anseios -, é possível que o conselho do Museu do Brooklyn chegue à conclusão de que suas dificuldades em manter o equilíbrio financeiro, baseados na expectativa de venda de ingressos em consonância com a elevação do número de visitantes, esteja calcado na tendência de impor exposições sem aferir o interesse de seus públicos.

Como qualquer negócio comercial, aqueles que desejam se manter no mercado precisam relativizar sempre com a oferta e a procura. Eis o princípio básico da economia. Na cultura, evidentemente, não há como se esperar de maneira diferente.

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Miguel Fernando/Equipe ICI Maringá

Gerenciado pela equipe do Instituto Cultural Ingá (ICI), é um espaço destinado às reflexões da cena artística e cultural, suas políticas públicas e o impacto social.