02 de maio de 2025

Conjuntura Econômica em 2024 e expectativas para 2025


Por Fábio Takahashi Publicado 07/02/2025 às 16h39
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Foto:  MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL

A economia brasileira em 2025 apresenta um cenário de desafios e oportunidades, refletindo os esforços para retomar o crescimento sustentável em um contexto global de incertezas. Após enfrentar os impactos de crises recentes (tanto geopolíticos como política interna do Brasil), o país busca consolidar avanços econômicos e sociais, equilibrando políticas de incentivo ao crescimento com ajustes fiscais necessários. Temas como inflação, mercado de trabalho, comércio exterior e sustentabilidade figuram como prioridades na agenda econômica nacional. Essa análise aborda os principais pontos que definem a conjuntura econômica brasileira no ano corrente.

O crescimento econômico do Brasil em 2025 apresenta sinais moderados com projeções do PIB em torno de 2,2% conforme o documento “World Economic Outlook” publicado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Setores como o agronegócio, energia renovável e tecnologia continuam a desempenhar papéis estratégicos no dinamismo econômico. No entanto, o crescimento é limitado por gargalos estruturais, como a baixa produtividade e infraestrutura insuficiente. Para destravar o crescimento econômico, o governo federal publicou iniciativas em 2023 e 2024 para incentivar investimentos privados como a ampliação de parcerias público-privadas (PPPs) conforme o novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC).

A inflação, que foi uma preocupação nos anos anteriores, apresenta sinais de desaceleração (nov/2024 foi de 4,87% a.a.; em dez/2024 terminou em 4,83% a.a.), aproximando-se da meta 4,5% a.a. estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). No entanto, há uma desconfiança por parte do mercado sobre a capacidade do governo federal de alcançar as metas fiscais para o ano de 2025. Em consequência, a taxa básica de juros (taxa Selic) manteve crescimento elevado desde setembro de 2024 (saltando de 10,5% a.a. para 10,75% a.a.) e em fevereiro de 2025 já alcançou o patamar de 13,25% a.a. (projeção de inflação de 5,2% para 2025) sem projeção de redução até o momento. No entanto, a incerteza global sobre os preços de commodities e a volatilidade cambial ainda podem pressionar os índices inflacionários. O Banco Central do Brasil (BCB) reforça sua política monetária cautelosa para assegurar a estabilidade de preços.

O mercado de trabalho brasileiro registrou avanços com a queda na taxa de desemprego, segundo o IBGE/PNAD Contínua em janeiro de 2024 essa taxa estava em 7,6% e deve terminar o ano em torno de 6,1% (a menor taxa na série histórica) que corresponde a aproximadamente 6,8 milhões de pessoas em busca de emprego no país. A preocupação maior está na informalidade do mercado de trabalho que está em torno de 38,7% em 2024, ou seja, foi registrado 40,3 milhões de trabalhadores informais (sem carteira assinada). No agrupamento setorial, as atividades de maior destaque até o último trimestre de 2024 estão no setor do comércio que foi responsável pela geração de 94.572 postos de trabalho, principalmente, com a atividade do comércio varejista tendo gerado 83.032 vagas. Em seguida, temos o setor de serviços com 67.717 novos empregos criados.

A política fiscal em 2025 ainda é um tema que preocupa os economistas e analistas de mercado pois reflete os esforços para equilibrar as contas públicas sem comprometer os investimentos sociais e em infraestrutura. O novo arcabouço fiscal estabelecido em 2023 impôs limites para o crescimento das despesas, ao mesmo tempo que buscou aumentar a eficiência da arrecadação. A dívida bruta do governo geral (DBGG) que representa o total de débitos de responsabilidade do governo federal, governos estaduais e municipais, incluindo operações compromissadas, junto ao setor privado, ao setor público financeiro e ao resto do mundo, alcançou 76,07% do PIB (em torno de R$9,0 trilhões) em dezembro de 2024. Para a Instituição Fiscal Independente (IFI) ligada ao Senado Federal, os esforços para reduzir o elevado déficit nas contas públicas pode encontrar obstáculos pois eventuais frustações na elevação de receitas, ciclo de alta da taxa Selic e piora nos prêmios de risco podem trazer riscos para a credibilidade da política fiscal.

No comércio exterior, o Brasil manteve superávits comerciais robustos, impulsionados pela exportação de commodities agrícolas e minerais. Conforme a publicação da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), as exportações do Brasil entre janeiro de dezembro de 2024 foram de US$337 bilhões (-0,8% em relação a 2023) com saldo comercial de US$74,5 bilhões (-24,6% em relação a 2023). No final de 2024 foi fechado o acordo Mercosul-União Europeia que permitirá a criação da maior área de livre comércio do mundo, com aproximadamente 780 milhões de pessoas. Além disso, o Brasil terminou 2024 como o segundo destino global de investimento direto (aproximadamente US$70 bilhões), atrás apenas dos EUA e à frente do México, Canadá e Austrália, sendo que as principais fontes desses investimentos são dos EUA, China e Japão.

A conjuntura política e econômica de 2025 continua marcada por incertezas internas e externas. O ambiente político doméstico, com polarizações e tensões institucionais, pode impactar a aprovação de reformas estruturais necessárias. Externamente, fatores como desaceleração da economia chinesa e conflitos geopolíticos geram volatilidade nos mercados e afetam as exportações. A resiliência da economia brasileira dependerá da capacidade de enfrentar esses riscos com políticas sólidas e previsíveis.

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