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05 de outubro de 2024

Crise fiscal, dólar em alta e B3 em baixa: para onde vai a economia brasileira em 2024?


Por Sidinei Silvério da Silva Publicado 26/06/2024 às 16h32
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Foto: Pixabay

Neste artigo, buscamos analisar a situação econômica do Brasil em relação à política fiscal e seus reflexos no câmbio e no desempenho da B3, a bolsa de valores brasileira.

Citando o economista Pedro Malan, em um país onde até o passado é incerto, prever o futuro se torna uma tarefa ainda mais complexa. No entanto, as expectativas em relação às principais variáveis macroeconômicas são fundamentais para a estabilidade econômica e o crescimento do país. Diante desse cenário, o que podemos esperar para a economia brasileira em 2024?

Recentes acontecimentos aumentaram as incertezas em relação ao desempenho econômico em 2024, com projeções do Boletim Focus indicando aumento da inflação (IPCA-IBGE), da taxa de câmbio (R$/US$) e da taxa de juros básica (Selic), além de uma redução no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Os pilares do tripé macroeconômico foram postos em xeque pela percepção do mercado de que o governo federal não está comprometido com o equilíbrio fiscal, vez que o ajuste apenas pelo lado das receitas não está sendo suficiente. Sem a redução de despesas parece que a meta fiscal não será atingida, conforme evidenciado na Tabela 1.

Tabela 1. Dívida Líquida do Setor Público (% PIB) – Total – Setor público consolidado

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Fonte: O autor, a partir de dados do Banco Central do Brasil (2024).

O aumento mensal da Dívida Líquida do Setor Público em relação ao PIB, comparando 2023 e 2024, está em torno de 10%, o que é uma situação preocupante com impactos diretos sobre a taxa de câmbio e o desempenho da bolsa de valores brasileira.

Conforme demonstrado na Tabela 2, enquanto o câmbio (Dólar PTAX) teve uma desvalorização de 12,40% até 21 de junho deste ano, o Índice Bovespa (IBOV), que é um indicador importante do desempenho médio das ações negociadas na B3, registrou uma queda de quase 10%. Isso vai na contramão do desempenho de outras bolsas de valores, como a NYSE e a NASDAQ, onde os principais indicadores tiveram variações positivas em 2024, como o Índice Dow Jones (3,88%) e o Índice S&P 500 (14,57%).

Tabela 2. Evolução do Dólar PTAX e IBOV, Brasil, 2024

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Fonte: O autor, a partir de dados da Plataforma ProfitChart da Nelógica (2024).

O Real foi a sexta moeda mundial que mais se depreciou em 2024, inclusive apresentando um desempenho pior do que a moeda argentina. Em termos de desvalorização, até 21 de junho, o Real só foi melhor que as moedas da Nigéria, Egito, Sudão do Sul, Gana e Japão.

Quanto ao desempenho da B3, além das incertezas sobre a trajetória dos juros nos EUA e a deterioração do cenário geopolítico global, a saída de capital estrangeiro está contribuindo para agravar a situação. Os investidores internacionais já retiraram mais de R$ 34 bilhões em 2024, devido às mudanças negativas nas metas fiscais do Novo Arcabouço Fiscal e à falta de confiança, o que tem impactado negativamente as expectativas.

Diante do cenário mencionado, o nível de atividade econômica tem sofrido uma forte revisão para baixo. O relatório de mercado FOCUS do Banco Central do Brasil, que em 05 de janeiro deste ano, projetava um crescimento da economia brasileira de 2,92%, demonstrou em 14 de junho que a expectativa de crescimento foi reduzida para 2,08% (variação de -28,77%).

Em suma, neste contexto de incertezas agravadas pela questão fiscal, o desempenho da economia brasileira em 2024, em relação ao crescimento econômico, permanece duvidoso.

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