Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso site, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao acessar nosso portal, você concorda com o uso dessa tecnologia. Saiba mais em nossa Política de Privacidade.

14 de novembro de 2024

Crise Hídrica no Brasil: entenda os desafios e impactos em tempos de escassez de água


Por Luana Ribeiro Publicado 14/11/2024 às 16h37
Ouvir: 00:00
image
Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil

A crise hídrica é um fenômeno que ocorre quando há uma escassez de água potável suficiente para atender às necessidades de uma região, impactando diretamente a vida da população e os ecossistemas. Esse problema não se limita à falta de água em termos absolutos, mas está também relacionado a um mau gerenciamento do recurso hídrico, como destaca o World Water Council.

Apesar de a água ser um recurso finito, ela pode ser reutilizada para diversas finalidades, mas seu consumo deve ser feito de maneira responsável para evitar sua escassez. No Brasil, a crise hídrica é agravada pela poluição da água, desmatamento e crescimento populacional, que aumentam a demanda por água potável e afetam a disponibilidade de recursos hídricos.

As principais causas incluem o uso excessivo e mal planejado da água, especialmente nos setores agrícola e industrial, que consomem a maior parte dos recursos. Além disso, a poluição por pesticidas, metais pesados e esgoto sem tratamento também agrava a situação. A crise hídrica tem consequências econômicas, como aumento no custo de produção e de alimentos, e ambientais, afetando a fauna e flora, além de prejudicar a matriz energética do Brasil, que depende das hidrelétricas para a geração de energia. A escassez de água também está associada ao aumento populacional e à urbanização, o que gera uma demanda ainda maior por recursos hídricos, tornando a crise cada vez mais iminente.

Portanto, a crise hídrica não é apenas uma questão de escassez física de água, mas uma crise de gestão inadequada e uso insustentável desse recurso essencial à vida. Diante disso, o Brasil pode enfrentar uma redução de até 40% na disponibilidade de água até 2040, de acordo com um estudo da Agência Nacional de Águas (ANA). O relatório, que analisa os impactos das mudanças climáticas nos recursos hídricos, aponta que bacias hidrográficas no Norte, Nordeste, Centro-Oeste e partes do Sudeste serão mais afetadas, com o aumento de rios intermitentes e redução das chuvas, especialmente no semiárido.

A região Sul, por outro lado, deve ter um aumento de até 5% na disponibilidade de água, embora com maior imprevisibilidade climática. O estudo também destaca a necessidade de reduzir a emissão de gases do efeito estufa para evitar a intensificação da estiagem em três das cinco regiões do Brasil. O evento “Jornada da Água 2024” discutiu a importância de uma gestão eficiente da água e destacou que mais de 100 milhões de brasileiros ainda não têm acesso a saneamento básico (CNN, 2024).

Por fim, a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) dependem diretamente da gestão eficiente da água, mas ela não recebe atenção adequada nas discussões sobre mudança climática, como evidenciado na COP 27. O vínculo entre água e clima é claro, e para mitigar os impactos das mudanças climáticas, é necessário incluir a água em planos de adaptação e mitigação, além de proteger ecossistemas aquáticos e fortalecer sistemas de água e saneamento.

Os desastres relacionados à água, como inundações e secas, aumentaram significativamente, e o acesso à água potável e ao saneamento segue como um desafio global. O progresso para alcançar o ODS 6 está ameaçado, e uma ação mais rápida e inteligente é essencial para garantir a água para todos. A crise hídrica é uma questão que exige um “novo contrato social” entre gerações, onde todos, em nível individual e coletivo, devem adotar práticas mais responsáveis.

Há sinais de esperança, como os planos nacionais de adaptação à mudança climática que incluem a água, mas a solução precisa ser global. A ação integrada sobre água e clima, como impulsionada pela COP27, deve ser expandida para enfrentar a crise hídrica de maneira eficaz. A Conferência da Água de 2023 é uma oportunidade crucial para impulsionar essa agenda. A água precisa ser uma prioridade global, e só com a participação de todos será possível resolver a crise.

Pauta do Leitor

Aconteceu algo e quer compartilhar?
Envie para nós!

WhatsApp da Redação