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23 de setembro de 2024

Economia Brasileira e a tragédia climática no Rio Grande do Sul


Por Bruna de Oliveira Ricardo Publicado 14/06/2024 às 13h54
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Foto: Ricardo Stuckert/PR

Segunda-feira, dia 29 de abril de 2024, uma data que não será esquecida tão brevemente no Brasil, principalmente pelos gaúchos. O Rio Grande do Sul passou por um dos momentos mais difíceis dos últimos anos. Considerado o desastre natural com maior impacto na economia brasileira, as enchentes destruíram mais de 470 municípios e afetaram mais de 2 milhões de pessoas.

Vale ressaltar que ainda estão sendo realizadas pesquisas e levantamentos do real impacto causado pelas fortes chuvas durante os últimos dois meses. Não foi possível mensurar com precisão os impactos até o momento.

De acordo com levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), 96% dos empregos industriais foram afetados pelas enchentes. O impacto das chuvas, portanto, deve ser sentido em escala nacional. A dimensão da catástrofe, porém, dificulta a coleta de informações e estimativas sobre a extensão do impacto. Apesar da escassez de dados sobre o tamanho do impacto, o consenso dos analistas é que os efeitos regionais estendem-se à economia brasileira. Segundo a Fiergs, estima-se que as cheias atingiram 80% da atividade econômica do estado. Ao todo, o desastre afetou 67,6% dos municípios gaúchos.

O Rio Grande do Sul é um importante produtor de trigo, sendo também um dos maiores produtores de arroz, soja e uva. Com isso, pode-se esperar que o preço do arroz e de derivados de trigo tenham um aumento significativo.
Alguns danos colaterais que a tragédia pode trazer, baseados em estudos do S&P Global, Itaú Unibanco, entre outras instituições são:

  • Risco de perda de aproximadamente 4% da produção nacional de soja;
  • Impactos no plantio de grãos da safra 2024-2025, cujo início ocorrerá no terceiro trimestre deste ano;
  • Dificuldades com o escoamento de parte da safra agrícola já colhida;
  • Transporte e armazenamento de grãos, ração animal e subprodutos agrícolas mais caros durante o período de reconstrução, causando gargalos relevantes nos transportes por ferrovias, rotas alternativas e portos, podendo ter reflexos inclusive sobre as exportações;
  • Pastagens prejudicadas pelos alagamentos, impactando a produção de leite;
  • Rebanhos e criadouros de aves dizimados pelas enchentes devem tornar mais altos os custos logísticos desse segmento.

Outro ponto a ser destacado sobre as enchentes é que três das maiores regiões afetadas (Região Metropolitana de Porto Alegre, Vale dos Sinos e Serra) contribuem com R$ 220 bilhões para a atividade econômica brasileira. Essas três regiões concentram 23,7 mil indústrias que empregam 433 mil pessoas.

Agora, olhando para o impacto fiscal, o Brasil há anos vem tentando equilibrar sua situação fiscal, ou seja, o governo faz um esforço para conseguir arrecadar mais dinheiro do que gasta, produzindo o que se chama de superávit fiscal. Com as enchentes que afetaram o setor produtivo, o fechamento temporário de alguns serviços interfere diretamente na arrecadação do estado. Além disso, quando olhamos para um problema menor, percebe-se que as portas desses empresários se mantiveram fechadas, sem funcionários, sem comercialização, sem giro monetário, nesse período, tudo isso influencia na economia fiscal do estado, prejudicando a economia de todo o país.

Gilberto Petry, presidente da FIERGS (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul), destaca a importância de serem tomadas medidas urgentes de suporte financeiro que garantam o pagamento de salários e evitem demissões. “A ação imediata é crucial para evitar o colapso de empresas afetadas direta e indiretamente pelas enchentes e a perda de milhares de empregos no Rio Grande do Sul”, diz.

É importante analisar que em situações de calamidades o estado precisa de crédito, de medidas emergenciais como auxílios e controle de preços. Diante disso, toda movimentação que é feita nesse cenário afeta não só o estado tomador, mas todo o Brasil. Mais crédito, mais moeda circulando, maior inflação, maior demanda, aumento de preços.

Em resumo, a tragédia que afetou o estado do Rio Grande do Sul pode ter efeitos em cascata na economia brasileira, afetando diversos setores e contribuindo para desafios econômicos mais amplos, como inflação, desemprego e redução do crescimento econômico. Além disso, os impactos fiscais são diversos, com as enchentes, a atividade econômica fica reduzida, resultando em uma diminuição na arrecadação de impostos sobre a produção, vendas e renda. Isso pode afetar as receitas do governo em níveis estaduais e federais, reduzindo os recursos disponíveis para investimentos em infraestrutura, programas sociais e outros setores. Os gastos emergenciais também podem influenciar nesse movimento. O governo gastou mais recursos em resposta às enchentes, incluindo o financiamento de operações de resgate, assistência humanitária, reconstrução de infraestrutura danificada e apoio financeiro para as empresas e indivíduos afetados. Esses gastos adicionais podem aumentar o déficit fiscal e a dívida pública do país, especialmente se não houver espaço orçamentário suficiente para acomodá-los. Se o governo precisar de empréstimos para financiar gastos relacionados a isso, pode aumentar a carga da dívida pública, resultando em maiores pagamentos de juros e pressionando ainda mais as finanças públicas no longo prazo. E por último, consequentemente, reduz o crescimento econômico.
Em momentos como esse, os danos não são apenas materiais, mas também emocionais e físicos. Além dos impactos econômicos, devemos fazer nossa parte como seres humanos, para que possamos manter nossa solidariedade e nossa ajuda ao Rio Grande do Sul.

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