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01 de julho de 2024

PIB brasileiro no primeiro trimestre de 2024 cresce 0,8%: o que isso significa?


Por Mateus Ramalho Ribeiro Da Fonseca Publicado 28/06/2024 às 18h34
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Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou um crescimento de 0,8% no primeiro trimestre de 2024, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em valores correntes, a economia brasileira acumulou R$ 2,7 trilhões entre janeiro e março.

O setor de serviços foi o principal impulsionador desse crescimento, apresentando uma alta de 1,4% no período. A agropecuária também contribuiu positivamente, com um aumento expressivo de 11,3%. Por outro lado, a indústria apresentou uma leve retração de 0,1%.

Figura 1 – Crescimento do PIB por setor no 1º trimestre de 2024 (%)

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Fonte: IBGE (2024)

Dentro do setor de serviços, o destaque ficou por conta do Comércio, que avançou 3% no trimestre. Os segmentos de Informação e Comunicação e Outras atividades de serviços também apresentaram crescimento significativo, de 2,1% e 1,6%, respectivamente.

Na comparação com o primeiro trimestre de 2023, a economia brasileira cresceu 2,5%, refletindo principalmente o bom desempenho do setor de serviços.

É importante ressaltar que esse resultado está alinhado com as expectativas do mercado financeiro e com as estimativas do Governo Federal. Em 2023, o PIB brasileiro cresceu 2,9%, totalizando R$ 10,9 trilhões em termos nominais, o que reposicionou o Brasil entre as 10 maiores economias do mundo.

Pela ótica da demanda, ressalta-se que o consumo das famílias continua em expansão, o que pode ser atribuído a diversos fatores:

a) Melhora no mercado de trabalho brasileiro;
b) Reduções na taxa Selic;
c) Inflação mais controlada;
d) Continuidade dos programas governamentais de auxílio às famílias;
e) Queda na inadimplência após o programa Desenrola, iniciativa do Governo Federal para renegociação de dívidas.

O que esse crescimento significa na prática?

O crescimento de 0,8% do PIB no primeiro trimestre de 2024 é um sinal positivo para a economia brasileira, indicando uma recuperação consistente após os desafios enfrentados nos últimos anos. Esse aumento reflete-se em diversos aspectos da vida econômica do país:

Geração de empregos: Com o crescimento econômico, espera-se um aumento na oferta de postos de trabalho, contribuindo para a redução do desemprego.

Aumento do consumo: O crescimento do PIB, associado à melhora no mercado de trabalho e à queda na inadimplência, tende a impulsionar o consumo das famílias.

Atração de investimentos: Um desempenho econômico positivo pode atrair mais investimentos, tanto nacionais quanto estrangeiros, fomentando ainda mais o crescimento.

Melhoria na arrecadação: Com o aumento da atividade econômica, há uma tendência de crescimento na arrecadação de impostos, o que pode contribuir para o equilíbrio das contas públicas.

Fortalecimento da posição internacional: O crescimento econômico reforça a posição do Brasil no cenário global, podendo melhorar sua capacidade de negociação em acordos internacionais.

No entanto, é importante ressaltar que ainda existem desafios a serem superados. A leve queda no setor industrial indica a necessidade de políticas específicas para estimular esse segmento. Além disso, a manutenção de um crescimento sustentável dependerá da continuidade de reformas estruturais e de uma gestão macroeconômica prudente.

E as expectativas de crescimento do Brasil para 2024?

As projeções para o crescimento econômico brasileiro em 2024 têm mostrado sinais positivos, segundo dados recentes divulgados pelo Banco Central (BC) e pelo Banco Mundial. O boletim Focus, publicado pelo BC, indica uma elevação na previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2,09% em 2024, mantendo-se estável em relação às projeções de quatro semanas atrás.

A inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), também teve sua projeção ajustada para 3,9% em 2024, um aumento em relação à estimativa anterior de 3,76%. É importante notar que essa projeção ainda se encontra dentro do intervalo da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

No que diz respeito à taxa básica de juros (Selic), o mercado mantém a expectativa de que encerrará 2024 em 10,25%, um aumento em relação à projeção de quatro semanas atrás, que era de 9,75%. Quanto ao câmbio, a previsão é de que o dólar feche o ano cotado a R$ 5,05.

O Banco Mundial, por sua vez, demonstrou um otimismo ainda maior em relação ao crescimento brasileiro. A instituição elevou sua estimativa de crescimento do PIB do Brasil de 1,5% para 2% em 2024, alinhando-se mais às projeções do mercado interno.

No entanto, é importante contextualizar esse crescimento no cenário global. Apesar da melhora nas projeções, o crescimento brasileiro ainda deve ficar abaixo da média mundial de 2,6% e da média dos países emergentes, estimada em 4,0%. Para efeito de comparação, as projeções de crescimento para a China e Índia são de 4,8% e 6,6%, respectivamente.

Figura 2 – Comparativo de projeções de crescimento do PIB para 2024 (%)

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Fonte: Banco Mundial (2024)

O que essas expectativas significam na prática?

Crescimento moderado: A projeção de crescimento de 2,09% para o PIB brasileiro em 2024 indica uma expectativa de expansão econômica moderada. Isso pode se traduzir em um aumento gradual na produção de bens e serviços, bem como na geração de empregos.

Desafio inflacionário: Com a projeção de inflação em 3,9%, o Brasil enfrenta o desafio de manter o poder de compra da população. Embora dentro da meta, esse nível de inflação exige atenção das autoridades monetárias.
Juros elevados: A manutenção da taxa Selic em patamares elevados (10,25%) sugere que o Banco Central continuará com uma política monetária restritiva para controlar a inflação, o que pode impactar investimentos e consumo.

Competitividade internacional: O crescimento abaixo da média mundial e de outros países emergentes pode indicar desafios na competitividade internacional do Brasil, demandando esforços para aumentar a produtividade e atrair investimentos.

Câmbio estável: A projeção de um dólar a R$ 5,05 sugere uma relativa estabilidade cambial, o que pode favorecer o planejamento de importações e exportações.

Em suma, as projeções para 2024 apontam para um cenário de crescimento moderado no Brasil, com o PIB apresentando um avanço de 0,8% no primeiro trimestre. Embora este seja um indicador positivo, o país enfrenta desafios significativos, principalmente no que tange à inflação e à competitividade internacional.

Para melhorar sua posição no cenário global, o Brasil precisará equilibrar cuidadosamente o controle inflacionário com políticas que estimulem o crescimento econômico. É fundamental que as autoridades mantenham o foco em estratégias que promovam um desenvolvimento econômico inclusivo e sustentável a longo prazo.

Isso inclui investimentos em educação, inovação tecnológica, infraestrutura e reformas estruturais que aumentem a produtividade e atraiam investimentos. Somente com uma abordagem abrangente e consistente, o país poderá superar os obstáculos atuais e alcançar um crescimento mais robusto e equitativo nos próximos anos.

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