Setembro Amarelo: o papel das empresas na prevenção do suicídio e na identificação de sinais de alerta
No dia 10 de setembro, Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, é um momento crucial para refletirmos sobre a saúde mental no ambiente de trabalho, um espaço onde passamos a maior parte de nossas vidas. Recentemente, tivemos a notícia triste de um colaborador que foi encontrado sem vida em seu local de trabalho, o que nos leva a perguntar: como as empresas podem agir de maneira mais proativa para evitar tragédias como essa?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que cerca de 700 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano. No Brasil, o número gira em torno de 14 mil pessoas. Os dados são alarmantes e colocam o suicídio como uma das principais causas de morte entre jovens adultos, mas os impactos se estendem a todas as faixas etárias. O ambiente corporativo, em particular, deve ser visto como um ponto focal para ações preventivas.
O Papel das Empresas na Identificação de Riscos
Os gestores precisam estar atentos a sinais de alerta que indiquem que um colaborador está enfrentando dificuldades emocionais graves. Entre os sintomas mais comuns estão:
- Mudanças bruscas de comportamento: Isolamento, apatia, perda de interesse em atividades diárias e, por vezes, em tarefas de trabalho.
- Queda de produtividade: A pessoa pode apresentar falta de concentração e aumento no número de erros ou ausência em compromissos profissionais.
- Expressões verbais: Comentários que revelam desespero, frustração extrema ou até mesmo pensamentos suicidas não devem ser ignorados.
- Aspectos físicos: Cansaço, perda ou ganho significativo de peso e problemas no sono também são sinais que podem indicar transtornos mentais.
O Que as Empresas Podem Fazer?
De acordo com a pesquisa realizada pela American Psychological Association (APA), a criação de um ambiente de trabalho que promova bem-estar emocional pode reduzir significativamente o risco de suicídio. Para isso, as empresas devem adotar algumas práticas:
- Criação de Programas de Apoio à Saúde Mental: Oferecer acesso a psicólogos e outros profissionais de saúde mental, seja através de planos de saúde ou programas internos de bem-estar. Empresas que oferecem suporte psicológico registram até 25% de redução em sintomas de ansiedade e depressão, segundo a Harvard Business Review.
- Treinamento de Lideranças: Supervisores, gerentes e diretores precisam ser treinados para identificar sinais de distúrbios emocionais. Estudos mostram que uma abordagem empática e proativa pode aumentar a confiança entre colaborador e empresa.
- Espaços de Descompressão e Diálogo: Incentivar conversas abertas sobre saúde mental e criar espaços de descompressão no ambiente de trabalho ajudam os funcionários a se sentirem mais confortáveis para falar sobre suas dificuldades.
- Monitoramento de Fatores de Estresse: Condições de trabalho inadequadas, excesso de carga horária e prazos apertados são gatilhos frequentes. Estudos da OMS indicam que ambientes de trabalho que não respeitam a carga horária têm maiores chances de gerar esgotamento emocional.
Dados Internacionais: Suporte Efetivo no Combate ao Suicídio
Uma pesquisa da Centers for Disease Control and Prevention (CDC) nos EUA apontou que 77% das pessoas que cometeram suicídio tinham histórico de problemas de saúde mental, muitas vezes não diagnosticados ou tratados inadequadamente. A OMS destaca ainda que três em cada quatro pessoas com transtornos mentais não recebem o tratamento adequado, e o local de trabalho pode ser um ponto de virada na identificação precoce desses casos.
As empresas que investem em políticas de saúde mental reportam uma diminuição de até 30% nos casos de afastamentos por doenças mentais. Além disso, a International Labour Organization (ILO) recomenda que empresas criem programas permanentes de cuidado com a saúde mental, o que pode aumentar a produtividade e engajamento em até 60%.
Conclusão
O suicídio é um tema que deve ser tratado com urgência e seriedade dentro das empresas. As organizações têm uma responsabilidade direta na criação de um ambiente de trabalho saudável e na promoção do bem-estar emocional de seus colaboradores. Investir em programas de saúde mental e criar uma cultura de apoio pode não só salvar vidas, mas também fortalecer o tecido social e emocional de toda a equipe.
O combate ao suicídio começa com a escuta, o acolhimento e a ação preventiva. Juntos, podemos fazer a diferença.