Cafeteria de Maringá vai servir cafés campeões do cerrado mineiro

Você já ouviu alguém dizer “Esse café tem notas sensoriais de chocolate” ou então “esse aqui tem 89 pontos”? Você sabe o que isso significa ou de onde vem essa referência? Essas informações vêm do cupping, uma degustação de cafés feita por profissionais da área. Membros da Rota dos Cafés Especiais de Maringá fizeram essa prova técnica com alguns dos cafés mais disputados no país – um deles, inclusive, arrematado por R$ 200 mil a saca em um leilão beneficente. Nove lotes premiados do 13º Prêmio Região do Cerrado Mineiro, divididos entre as categorias Natural, Cereja Descascado e Fermentado, foram avaliados em um cupping conduzido por Michael Tamura, diretor do Café Tamura e reunindo donos de cafeterias e torrefações da cidade e da região que integram a Rota – e alguns deles, em breve poderão ser degustados por apreciadores de Maringá a região.
O cupping é o método profissional e padronizado de degustação de cafés especiais usado no mundo inteiro e entre os participantes desse encontro especial esteve Eduardo Barros, de Mandaguari, o único Q Instructor credenciado pela Specialty Coffee Association (SCA) na região. O título o torna instrutor licenciado para ensinar e certificar outras pessoas como Q-Graders (avaliadores de qualidade de café), uma certificação de alto nível que atesta a experiência e a capacidade de um profissional em avaliar a qualidade do café e treinar outras pessoas na área. São os Q-Graders quem fazem a identificação sensorial das notas que aparecem quando provamos diferentes grãos, como gostos que podem lembrar capim-limão, frutas cítricas, chocolate, castanhas e até calda de pudim e têm como base o paladar e o olfato. Segundo Barros, o processo começa com o café ainda verde, que é torrado seguindo regras específicas e, depois, preparado em mesa para avaliação.
“É o mesmo protocolo em qualquer lugar do mundo”, explica. “Quando enviamos uma ficha sensorial, quem recebe consegue validar se o que descrevemos realmente está na bebida”. Mas a prova não é feita com um café passado no filtro, em uma xícara, como a maioria faz em casa. A técnica específica é feita em copos que devem ter 10% de pó e 90% de água em ponto de primeira fervura e começa com a inalação do vapor d’água desprendido logo após esta infusão para poder identificar os aromas. O café é degustado em colher própria e o líquido entra na boca por uma sucção, fazendo um “barulhinho” característico.
“A gente joga o café como um jato na boca, para que todas as papilas gustativas identifiquem o máximo de elementos”. Tornar-se um provador, porém, exige prática: “É treino e amor pelo que se faz. Começa observando os sabores do dia a dia, criando memória gustativa”, explica Eduardo Barros.

Os cafés degustados por Tamura e pelo grupo não são amostras comuns: são justamente os lotes que movimentaram o leilão do Cerrado Mineiro, reconhecido internacionalmente pela qualidade e pela profissionalização da produção. Em 2025, o evento registrou recordes históricos, com sacas arrematadas por até R$ 200 mil, consolidando a região como uma das mais prestigiadas do país.
A surpresa para o público maringaense é que alguns dos cafés premiados foram arrematados pelo Café Tamura, que deve torrar o microlote em Maringá e disponibilizá-los em 2026. A cafeteria maringaense adquiriu microlotes dos três primeiros colocados do 13º Prêmio Região do Cerrado Mineiro na categoria Natural. O destaque vai para o campeão da disputa, cuja saca de 60 kg foi arrematada por R$ 100 mil no leilão solidário realizado em 19 de novembro. Poucos dias depois, em 4 de dezembro, o leilão virtual do Cerrado encerrou com mais uma conquista para a empresa: o lote 2º colocado da categoria Cereja Descascada, também arrematado por Tamura. “É um cafezão”, brinca Michael. “A experiência sensorial vale cada gole”. Os lotes adquiridos são pequenos, variando entre 20 e 30 quilos.
Tamura ressalta que a região do cerrado mineiro foi a primeira a conquistar a Indicação Geográfica para café no Brasil. A expectativa é disponibilizar os grãos campeões aos apreciadores de Maringá e região que buscam experiências raras e memoráveis no início de 2026, com o café mineiro sendo vendido na cafeteria maringaense.
