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04 de dezembro de 2025

Conheça a gelateria maringaense que vai representar o Brasil em competição mundial


Por Brenda Caramaschi Publicado 02/08/2025 às 09h04
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Uma receita criada pela gelateria maringaense Flor do Ingá vai representar o Brasil em uma “Copa do Mundo” de gelatos artesanais. / Foto: divulgação

Uma receita criada pela gelateria maringaense Flor do Ingá vai representar o Brasil em uma “Copa do Mundo” de gelatos artesanais. Ela foi uma das duas selecionadas no país para seguir para etapa mundial da competição mais importante da categoria, que acontece a cada quatro anos, o  ‘Gelato Festival World Masters’, marcado para maio de 2026, na Itália.

A fase nacional da competição começou em 2023 e o empreendimento maringaense não conseguiu se classificar com a primeira receita de uva com chocolate branco, geleia de uva e macadâmia caramelizada, apresentada naquele ano. Porém, em 2024, houve mais uma chance e, dessa vez, o sabor “Doce Encontro” seguiu para a avaliação final de jurados renomados no universo gastronômico, que ocorreu na semana passada, em São Paulo. A autora da receita é Aline Vieira, sócia-proprietária da Flor do Ingá ao lado do marido. 

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O Doce Encontro é composto por sabores de queijo azul intenso e geléia cítrica de limão cravo. / Foto: divulgação

A ideia de misturar um queijo azul intenso e cremoso, tipo gorgonzola, com uma geléia de sabor cítrico veio durante uma viagem à Itália, onde degustou algo parecido em uma tábua de frios. A combinação agradou e, de volta ao Brasil, Aline começou os testes. Primeiro tentou com laranja, mas faltava uma acidez mais pronunciada, que ainda assim mantivesse tons florais e frescos, que remetessem à tropicalidade brasileira. Foi no limão cravo, também conhecido como limão rosa, que ela achou o que procurava. 

A acidez delicada na medida encontrou um casamento perfeito com o gelato de queijo azul, que já era servido aos clientes da gelateria com toques de doce de leite, pêra ao vinho e geléia de damasco. Para apresentar aos jurados, Aline ainda colocou pedaços da casca da fruta, mas precisou, para isso, encontrar um jeito de tornar o ingrediente comestível e sem o amargor característico. A originalidade e a ousadia agradaram o júri composto por Saiko Izawa, confeiteira executiva do Hotel Rosewood São Paulo; Patrícia Ferraz, jornalista gastronômica e colunista do Paladar, do Estadão; e Claude Troisgros, chef de cozinha francês, considerado um dos grandes nomes da gastronomia brasileira no momento. Ao todo 15 sabores produzidos por diferentes gelaterias finalistas do Brasil todo foram degustados pelo trio, que se surpreendeu com o sabor maringaense, que não era obviamente doce, como a maioria dos concorrentes, e chegaram a questionar se a ideia era ser uma sobremesa ou ser servido como entrada. A união de poucos ingredientes criou uma experiência equilibrada e marcante, que levou a gelateria maringaense à próxima fase, representando o Brasil.

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O trio de jurados técnicos renomados degustou 15 sabores e escolheu dois para representar o Brasil; um deles, da gelateria maringaense Flor do Ingá. / Foto: divulgação

“Eu quase caí das pernas a hora que eu fiquei sabendo quem seria o júri, porque a pessoa que você admira está ali te julgando. Dá um friozinho na barriga, mas foi gratificante. Eu me acalmei, respirei bem para poder falar e acredito que eu consegui expressar o que eu gostaria de expressar. Mas eu acho que que mexeu com eles realmente foi o salgadinho ácido, deu um bug legal na cabeça deles. A gente competiu com pessoas muito experientes,  pessoas que estudam tanto quanto a gente, que lutam tanto quanto a gente para entregar o melhor.  Não foi fácil classificar para a final, então ali todos já eram vencedores. Apesar do nosso sabor ser complexo de fazer, pela questão estrutural, de cálculo, balanceamento de receita, quando você olha de fora o nosso sabor é simples porque ele não tem muitos componentes. Tinha competidor que tinha cinco, quatro componentes na receita. E quando falou meu nome,  por um segundo eu pensei se não teria outra Aline, sabe?  Porque o nível ali estava muito alto, tinha muitos sabores muito criativos. Então a gente ficou muito feliz por ter sido escolhido”, comemora a maringaense.  

Assista a apresentação do gelato maringaense aos jurados:

Do início ao gelato premiado

Aline e o marido se conheceram trabalhando em um shopping, no interior de São Paulo. A maringaense voltou para a terra natal com a família para ficar perto da mãe, que estava com a saúde debilitada, e na Cidade Canção decidiu tirar da gaveta o sonho de empreender. “Sempre gostei de trabalhar com doce, sempre gostei de fazer doce. Então eu já tinha um viés voltado para culinária. O que faltava era dar atenção para essa voz interna. Eu trabalhava com algo que eu gosto, que é venda,  mas nunca tinha trabalhado no ramo alimentício”, relembra.  

A Flor do Ingá abriu as portas em 2017 e começou vendendo gelatos prontos, industrializados. Mas Aline sentia que as receitas poderiam ser aprimoradas, por isso, durante a pandemia da covid-19, se reinventou e passou a se dedicar a cursos dentro e fora do país para dar início à produção artesanal. Ela, que sempre gostou de gastronomia, buscava sabores. O marido, muito interessado por maquinários, pesquisava os melhores para poder utilizar na gelateria. Combinando ingredientes, desde 2021 criaram mais de 20 receitas próprias e nunca pararam de se aprofundar nos estudos. 

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Uma tábua de frios degustada em viagem à Itália, onde Aline buscou um curso para aprimorar as habilidades na gelateria, deu origem à ideia do gelato que vai disputar o título de melhor do mundo. / Foto: divulgação

“Sorvete não é como receita de bolo. O que a gente faz ali é artesanal, cada um é uma receita.  Precisa de um balanceamento mesmo. A gente precisa determinar parâmetros e precisa respeitar o que cada ingrediente entrega de nutrientes como gordura, proteína, açúcares. Cada um é um cálculo.  Nós fizemos vários cursos.  A gente é muito curioso sobre insumos,  combinações, a gente gosta muito desse universo gastronômico. Às vezes a gente está comendo algum prato e gera gatilho para produzir algum sabor diferente”, diz Aline.

O sabor premiado pode ser degustado pelos maringaenses a partir da segunda quinzena de agosto, quando a Flor do Ingá reabre, depois de uma reforma. E em 2026, esse mesmo Doce Encontro será servido aos jurados da etapa mundial do campeonato de gelatos artesanais. “Nós estamos cientes do que nos espera, porque lá fora o pessoal está bem engajado também. É um sonho de todos, do mundo inteiro, estar numa final, ser campeão do mundo, mas se você parar para pensar,  no mundo inteiro tem queijo azul.  Então,  acho que é uma forma de agradar o paladar.  Porque às vezes você come uma comida típica de fora e você não se reconhece ali. Apesar dele ser incomum, pela versatilidade ele agrada o mundo inteiro. Eu acho que pode ser positivo, mesmo o nosso sabor sendo tão singelo, simples”, torce a maringaense, na expectativa de agradar também os jurados internacionais.

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