13 de julho de 2025

Saiba onde encontrar sabores da Amazônia em Maringá


Por Brenda Caramaschi Publicado 22/06/2025 às 12h13
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Caldeirada Amazônica é destaque em cardápio sazonal da Sabores do Malte. / Foto: Brenda Caramaschi

Ingredientes que são sinônimos de brasilidade estão ganhando espaço a mais de três mil quilômetros de onde são cultivados. Os sabores típicos da amazônia podem ser encontrados em cardápios maringaenses, oferecendo experiências diferenciadas na hora de comer.

A cervejaria Sabores do Malte trouxe um festival amazônico que estreou na última quarta-feira, 18, e segue até o final de julho. Ali, os sabores do norte do país se fundem a pratos com a cara do nordeste, uma vez que o chef da casa é baiano, trazendo moquecas, escabeches e caldeiradas. Todos os 11 pratos do cardápio sazonal Sabores da Amazônia levam pirarucu, um peixe de água doce gigante, nativo da região amazônica, conhecido como o “bacalhau da Amazônia” e também como “gigante da Amazônia” e que é uma importante fonte de proteína para as comunidades ribeirinhas. 

Por meio de uma parceria com um frigorífico e uma logística elaborada, o peixe chega ainda fresco a Maringá. “Eu tenho um grande amigo que é engenheiro de pesca e trabalha no Tocantins, e eu vou para lá de vez em quando e estou sempre comendo pirarucu. Ele me passou um contato de um frigorífico que exporta boa parte do peixe dele. Fizemos um teste e chegou fresco aqui. Vem de avião, saindo de lá de madrugada e eu pego o isopor com peixe fresquinho vindo da amazônia”, detalha Marcos Schiavoni, sócio do empreendimento. 

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Tucupi é destaque nos cardápios que valorizam os ingredientes amazônicos. / Foto: Brenda Caramaschi

Alguns preparos levam outros ingredientes amazônicos como tucupi (um caldo amarelo extraído da mandioca brava, muito utilizado na culinária amazônica, especialmente no Pará) e jambu (uma planta nativa da região amazônica, conhecida por suas propriedades que causam uma sensação de formigamento e leve dormência na boca ao ser consumida). Para harmonizar, o mestre cervejeiro  Marcos Schiavoni indica cervejas leves, que combinam com o peixe. “O pirarucu é um peixe de rio, mas é um peixe muito leve, saboroso, com uma densidade agradável ao paladar, e pede cervejas leves  como lagers alemãs e belgas, cervejas de trigo vão muito bem com o pirarucu”.

Além do cardápio de inverno da cervejaria, é possível encontrar iguarias semelhantes no menu permanente do restaurante Baco Espaço Gastronômico. “A gente fez uma temporada de sabores brasileiros no cardápio e escolhemos vários ingredientes que representam o Brasil. Escolhemos também o tambaqui e o tucupi, por serem dois grandes ícones da Amazônia. São ingredientes com identidade, história e muito sabor. O sucesso foi tão grande que os pratos deixaram de ser temporários e entraram de vez no nosso cardápio principal. Foi uma forma de celebrar o Brasil e mostrar como a floresta também tem um lugar de destaque na gastronomia contemporânea”, conta Diego Pavan, diretor administrativo do Grupo Pavan, do qual o restaurante faz parte. Apesar de também ser um peixe grande, o tambaqui é bem menor que o pirarucu e é conhecido por sua carne macia, suculenta, com poucos espinhos e sabor levemente adocicado, sendo considerado um dos peixes mais saborosos da amazônia.

No menu do Baco os ingredientes se destacam em dois preparos: tambaqui à brasileira, que é o peixe grelhado com uma farofinha de castanha, um purê de banana da terra com gengibre e uma manteiga por cima para realçar o sabor, e o camarão à brasileira, com molho tucupi e arroz de coco. “O tucupi é extraído da mandioca brava.  É um dos ingredientes mais emblemáticos da gastronomia amazônica.  O interessante é que ele é um pouco ácido, terroso, tem um sabor bem profundo e um aroma intenso. Tem que ferver por pelo menos 12 horas para poder se tornar bom para o consumo então fica um caldo espesso e bem aromático”, destaca Pavan.

Mas também é possível encontrar os sabores da amazônia em doces preparados em Maringá. Durante a Maringá Coffee Week, David Pereira, que está a frente da Doces Cacau, serviu uma panacota intitulada “Doce Brasil no prato”, levando cumaru, que é conhecido como “baunilha brasileira”, e puxuri, que lembra o cardamomo e a noz-moscada, mas com sabor mais mentolado. Os mesmos temperos também estão presentes em doces preparados pela confeiteira Ana Flávia Boer. 

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Doce Brasil no Prato foi aposta da Doces Cacau durante a Maringá Coffe Week, levando cumaru e puxiri entre os ingredientes. / Foto: Brenda Caramaschi

E há ainda o cacau fino de origem, usado nos chocolates, inclusive na fábrica maringaense Lena. “A escolha do cacau para a Lena é um fator muito importante. Ele é a origem de todo o nosso trabalho.  E na Lena nós escolhemos duas origens das amêndoas. Elas são de cultivo, de agrofloresta, ou seja, elas estão dentro de florestas que fazem parte de um processo regenerativo ou elas estão em ambiente nativo, principalmente da Amazônia.  Então nós temos amêndoas da região do Tuerê e do Acará,  que são regiões que ficam no Pará, e é um cacau supervalorizado por ser um cacau fino, que é o cacau que passa pelo processo de fermentação.  E quando ele passa por esse processo, ele desenvolve aroma. E por isso que nós não utilizamos aroma para a produção do nosso chocolate. E são cooperativas que fazem um processo de fermentação e de secagem de uma forma equilibrada e padronizada para trazer qualidade no sensorial final do chocolate. Você percebe muito mais notas de flores,  de frutas, frutas vermelhas, açaí, notas de mel. É um diferencial que nós destacamos justamente porque nós estamos muito longe dessa região, mas é um fruto nativo do Brasil”, descreve Laís Ferrari, fundadora da empresa, que está com viagem marcada para o Pará na próxima semana para acompanhar a colheita.

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