Educar para quê?

Quando eu era criança ouvia muito uma frase na escola que até hoje me soa um tanto estranha: educação vem de casa! Essa frase era estranha porque se a educação vem de casa, o que se faria na escola? A função da escola não seria essa mesma, a de educar? Mas a ideia era outra, a ideia era de que um comportamento bem educado viria de casa, ou seja, dependia daquilo que os pais transmitiam a seus filhos. Esse comportamento bem educado seria a premissa para que alguém pudesse encontrar na escola os conteúdos da educação formal.
Se pensarmos bem, existem crianças que se comportam muito mal quando partimos do pressuposto do que é necessário de comportamento em uma sala de aula para que seja possível um ambiente no qual se possa aprender conteúdos. Entretanto, a abordagem da educação brasileira hoje é diferente. Entende-se que na escola deve-se aprender também as habilidades básicas para o convívio social, os comportamentos adequados e adaptados para cada situação. O problema, nesse caso, é que não se ensina comportamento na lousa. O comportamento é uma coisa que se apreende por convivência, por conflito, por relacionamento, por exemplo. Nesse sentido, as ferramentas que a escola e os professores tem para ensinar as crianças são um tanto limitados, pois cada indivíduo tem marcado em sua alma, em seu intelecto e até em sua pele, o seu contexto, seu ambiente, sua verdade.
Desde muito cedo somos marcados com algumas coisas que nos acompanharão ao longo de toda a vida. Além disso, nem sempre os pais são capazes de controlar os infortúnio que a vida nos traz. Podemos até mesmo perde-los, e isso é muito triste, pois toda criança deveria ter alguém ali, olhando por ela.
Tenho pensado ultimamente que é muito difícil para boa parte das crianças brasileiras aprender alguns conteúdos da língua portuguesa e da matemática, mas tal vez seja mais difícil que elas sintam seu valor no mundo e encontrem um sentido bom para viver em uma realidade com tanto desamor.
Realmente não consigo avaliar até que ponto a escola pode nos ajudar na tarefa de educar crianças. Talvez tenhamos que repensar em larga escala o sentido de educação e o que queremos de fato fazer na formação das pessoas que habitam esse mundo.