Energia
Dia desses estava conversando com um amigo sobre como as crianças tem energia, como qualquer hora é uma boa hora para brincar, pular, gritar, correr. As crianças são cheias de energia. Para nós, adultos, essa energia pode ser um tanto quanto chata. Nós estamos sempre cansados, sempre economizando o pouquinho de energia que temos. Por isso, acabamos ficando irritados, buscando impor nossos limites, aqueles que melhor se enquadram nas nossas necessidades.
A vida adulta é chata e nós somos chatos. Mas, talvez, a vida adulta seja tão chata porque nós somos muito chatos. Nós, adultos, conforme vamos crescendo, deixando comportamentos da infância, deixamos de lado também uma parte daquilo que nos dá a energia de viver.
Sete horas da manhã ou dez horas da noite, se você der espaço para uma criança, ela vai brincar. Nós, por outro lado, não brincamos nunca. Aliás, nós até brincamos, mas costumamos só brincar com palavras. As brincadeiras com palavras são a saída que encontramos para expressar um pouco de vida sem gastarmos muita energia. Queremos o prazer da brincadeira, mas sem nenhum movimento. Acontece que a vida é movimento, e a estagnação é a expressão da morte que há em nós.
Se queremos viver a vida, mas a vida mesma que se dá integral a nós, convém reaprendermos um pouco a brincar. Convém pularmos e dançarmos um pouco mais, talvez desprender nossa energia em atividades sem muitas finalidades pré-definidas. Talvez seja útil curtirmos um pouco mais o caminho da vida, pois a vida é basicamente o que se dá no viver.