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16 de abril de 2024

‘CORINGA’ VENCE VENEZA 19: SURTO OU VANGUARDA?


Por Elton Telles Publicado 08/09/2019 às 19h47 Atualizado 24/02/2023 às 04h17
 Tempo de leitura estimado: 00:00

A 76ª edição do Festival de Veneza consagrou a superprodução “Coringa” com o Leão de Ouro, prêmio máximo atribuído pelo festival mais antigo e tradicional do ramo cinematográfico. É, no mínimo, curioso que um filme sobre a origem do vilão Coringa, um dos inimigos do Batman, se junte a um panteão de obras-primas como “Rashomon” (1950), “A Palavra” (1955) e “A Infância de Ivan” (1962), todos vencedores em Veneza em edições passadas. Mas não estou aqui para causar discórdia, até porque ainda não assisti ao filme, que recebeu comentários entusiasmados da crítica a ponto de colocá-lo como forte candidato ao Oscar do próximo ano. Por falar em Oscar, vale destacar que na última edição “Pantera Negra” se tornou o primeiro longa de super-herói a ser indicado na categoria Melhor Filme e venceu 3 estatuetas em categorias técnicas.

Se em muitas pessoas causou estranhamento o júri de Veneza conceder o top prize a “Coringa” entre os 21 pretendentes da competição oficial, já outras parabenizam a ousadia de laurear um produto da cultura pop e que certamente vai arrastar multidões às salas de cinemas. Houve comentários de que Veneza está trilhando um momento de vanguarda, primeiro por ter premiado um filme original do streaming Netflix no ano passado (o encantador “Roma”), e agora, um filme derivativo de super-heróis. Uma conclusão positiva que se tira com este resultado é a de quebrar a inacessibilidade das produções premiadas, sem, no entanto, ignorar os atributos artísticos. Mas como fica a Sétima Arte?

A vitória de “Coringa” em um renomado festival de cinema é uma enorme carta branca para se fazerem outros “filmes de super-heróis”, filão que bombardeia os cinemas desde 2008 com a média de 3 a 4 títulos por ano. Enche o saco? Enche. Mas enquanto houver público pagante para assistir a essas obras, os estúdios vão se mobilizar para entregar o que os espectadores querem. Neste contexto de lucro, é preciso lembrar que os 4 filmes da franquia “Os Vingadores” estão entre as 10 maiores bilheterias da história, sendo que o último deles, “Vingadores: Ultimato”, ocupa o primeiro lugar com arredondados U$ 2,8 bilhões arrecadados em todo o mundo.

O que mais me impressiona com o saldo final é que o júri deste ano foi presidido pela cineasta argentina Lucrecia Martel. Quem é familiarizado com a filmografia da diretora sabe o quão autoral e “fora do radar” são as produções que ela assina, quase sempre contemplativas, experimentais e com narrativas lacunares. Isto é, tudo o que não é esperado de uma biografia do Coringa. De novo, não assisti ao filme vencedor e não desconfio de sua qualidade, refiro-me aqui somente às possíveis divergências do perfil da autora com o que ela considerou o melhor em Veneza.

Vamos todos tirar a prova real no dia 3 de outubro, quando “Coringa” abrir no circuito brasileiro.

Outro momento relativamente controverso em Veneza foi o Grande Prêmio do Júri, espécie de segundo lugar, para “O Oficial e o Espião”, dirigido por Roman Polanski. Recebido com elogios rasgados pela crítica, muitos cinéfilos ficaram descontentes com a vitória de Polanski de um júri presidido por uma mulher dado o passado do diretor, acusado de estupro e pedofilia, motivo pelo qual não pôde comparecer à cerimônia. Na premiação, a esposa do cineasta, a atriz Emmanuelle Seigner, recebeu o troféu em seu lugar. O Prêmio Especial do Júri (3º lugar) foi para o documentário italiano “La Mafia Non è Più Quella di Una Volta” (“A Máfia Já Não é Mais a Mesma” em tradução livre), de Franco Maresco.

O Leão de Prata de Melhor Direção foi atribuído ao sueco Roy Andersson pelo seu trabalho poético em “About Endlessness” (“Sobre a Infinitude” em tradução livre), enquanto o Melhor Roteiro escolhido pelo júri veio de Hong Kong, representado pela animação “No. 7 Cherry Lane”, que narra o triângulo amoroso entre um estudante inglês com a sua tutora e a mãe da mulher que o ensina.

Quanto às categorias de atuação, o italiano Luca Marinelli desbancou vários nomes de peso e surpreendeu ao faturar a Copa Volpi de Melhor Ator por “Martin Eden”, onde interpreta o personagem-título inspirado na obra homônima do romancista Jack London. Já o prêmio de Melhor Interpretação feminina foi para a francesa Ariane Ascaride pelo drama “Gloria Mundi”, uma das várias colaborações da atriz com o marido e diretor, Robert Guédiguian.

O Brasil também marcou presença na premiação do Festival de Veneza 2019. A atriz e diretora estreante Bárbara Paz conquistou o troféu de Melhor Documentário na Mostra Veneza Clássicos com “Babenco, Alguém tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou”, sobre a trajetória do cineasta Hector Babenco, com quem Paz foi casada até sua morte, em 2010. Já na Mostra Realidade Virtual, Ricardo Laganaro ganhou a distinção de Melhor Experiência Imersiva com “A Linha”. Esses dois reconhecimentos são mais uma prova da potência do cinema brasileiro.

Confira abaixo os principais vencedores do Festival de Veneza 2019.

Leão de Ouro
“Coringa”, de Todd Phillips (EUA)

Grande Prêmio do Júri
“O Oficial e o Espião”, de Roman Polanski (França)

Prêmio Especial do Júri
“The Mafia Is No Longer What It Used to Be”, de Franco Maresco (Itália)

Leão de Prata – Direção
Roy Andersson, por “About Endlessness” (Suécia)

Copa Volpi – Ator
Luca Marinelli, por “Martin Eden” (Itália)

Copa Volpi – Atriz
Ariane Ascaride, por “Gloria Mundi” (França)

Roteiro
Yonfan, por “No. 17 Cherry Lane” (Hong Kong/China)

Prêmio Marcello Mastroianni – Ator/Atriz Jovem
Toby Wallace, por “Babyteeth” (Austrália)

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