Maringá pavimenta estrada para se transformar em Smart City

A Prefeitura Municipal está finalizando o Planejamento Estratégico para transformar Maringá em uma Smart City. Alguns caminhos nesse sentido já foram percorridos. Porém, para seguir a passos mais rápidos e decisivos, a Secretaria de Aceleração Econômica, Turismo e Comunicação e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Maringá (Ipplam) estão se debruçando sobre vários eixos centrais que definem uma Smart City na teoria e na prática.
De acordo com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo Federal, os pilares de uma Smart City são governança, administração pública, planejamento urbano, tecnologia, meio ambiente, conexões internacionais, coesão social, capital humano e economia. Nesse sentido, Maringá está investindo no desenvolvimento de um Planejamento Macro (MacroPlan) de longo prazo e que definirá como a cidade enfrentará os desafios de ordem social, econômica e ambiental.
“Já avançamos em vários pilares. Sonhamos alto e com os pés no chão. Maringá tem plenas condições de conquistar destaque internacional neste aspecto, seja pela criatividade e poder de inovação dos nossos empreendedores, seja pela determinação da Prefeitura em investir pesado em políticas públicas para nos consolidarmos como Cidade Inteligente”, explica o secretário de Aceleração Econômica, Marcos Cordiolli. Todas as ações para se chegar a uma Smart City estão conectadas.
A inclusão digital, o uso de tecnologias na educação dos jovens e a formação de uma sociedade que pense digitalmente são fundamentais. Por isso, a Prefeitura de Maringá disponibilizou, em 2020, 1.885 notebooks para escolas, professores e 1.800 alunos do 4º e 5º ano da rede municipal de educação. O investimento de R$ 5 milhões inclui roteadores e armários e capacitação de mais de 300 professores.
No processo de inclusão digital, a Prefeitura está desenvolvendo estrutura para a integração da cidade por wifi, com disponibilidade de sinal gratuito para a população. Estão sendo criados diversos apps e plataformas onde o cidadão poderá acessar informações e serviços por meio digital da Prefeitura.
A ousadia vai além. O plano é que Maringá seja a primeira cidade “5G” do Brasil e oferecer a rede de quinta geração de internet móvel para a população. Outro passo é integrar todas as secretarias e prédios públicos e facilitar o acesso dos cidadãos aos serviços municipais, bem como criar canais para consultas sobre informações de utilidade pública.
Biga Data
A Prefeitura está fazendo a tarefa de casa tanto na inovação tecnológica quanto no levantamento e padronização das informações. “Criamos um programa de digitalização de processos internos e atendimento ao cidadão. Com a interligação total, teremos um canal direto com a população e com as instituições de cidade. Teremos condições de incrementar os negócios, realizar campanhas de utilidade pública e até criar uma rede de busca de talentos e oferta de empregos”, exemplifica o secretário.
A Prefeitura desenvolveu um sistema de geoprocessamento e implantou o Portal GeoMaringá que facilita o acesso à informações, prestação de serviços e planejamento da gestão pública. O sistema permite ações simples como medir distâncias, exportar imagem georreferenciada, localizar e identificar um determinado tipo de empresa em uma região da cidade, saber quais linhas de ônibus circulam próximo a equipamentos públicos como escolas, CMEIs e UBSs. O usuário pode navegar pelo município utilizando o Street View.

O Município está desenvolvendo um sistema de georreferenciamento que permitirá padronizar a identificação de imóveis rurais e facilitará o levantamento de informações sobre estradas, rios e árvores, entre outros pontos de referência. A Prefeitura é responsável por milhares de informações geradas diariamente e que estão sendo estruturadas para ser disponibilizadas e servir de base para a administração municipal, empresas e cidadãos. Será o Big Data de Maringá.
Incentivo à inovação
Maringá sabe que a inovação e a tecnologia são decisivas para tornar a cidade inteligente. Por isso, tem inúmeros projetos que incentivam empreendedores, startups e empresas. Um deles é o Edital de Inovação, reconhecido pelo Prêmio Gestor Público do Paraná 2020 e que abre espaço para que as empresas desenvolvam soluções inovadoras e contribuam para a solução de problemas e necessidades da sociedade. Em 2020, por exemplo, 45 projetos foram inscritos para atender 59 demandas de 19 secretarias e diretorias municipais. Entre os 33 projetos aprovados estão o Flugo, o Petis e o MySkills.
As empresas de tecnologia da informação têm sido amplamente incentivadas pela Prefeitura porque o setor é um setor não poluente, além de agregar empregos de qualidade. Um dos benefícios é a criação do Parque de TI, que abrigará empresas e instituições que contribuirão com o desenvolvimento de estudos e pesquisas, além da formação de mão de obra. O Município mantém ainda o ISS Tecnológico, lei que concede benefícios fiscais a empresas que realizam pesquisa e inovação e geram novos empregos.
Iluminação inteligente
Entre as ações já em andamento para transformar Maringá em uma Cidade Inteligente, está a implantação de lâmpadas e superpostes de Led na iluminação urbana. Várias avenidas já receberam lâmpadas de Led, como a avenida Carlos Borges, Gastão Vidigal e Tuiuti, entre outras. Além de melhorar o visual, a economia é de 50% na conta de energia em relação às lâmpadas convencionais. Escolas, quadras esportivas e praças também receberam a nova iluminação.
No futuro, a cidade poderá implantar controle remoto das luminárias para dimerização. Com este sistema, por meio de sensores, é possível controlar a intensidade do brilho das lâmpadas dimerizáveis. Hoje, o município conta com luminárias fotovoltaicas que produzem energia a partir da luz solar mesmo em dias nublados e chuvosos. A tecnologia é considerada uma fonte de energia alternativa, renovável, limpa e sustentável.

A prefeitura também instalou 1188 conjuntos toponímicos iluminados nas vias da cidade. São postes com placa de energia solar com conector para carregar telefone celular e para iluminação interna. Oferece informações em braile, CEP do local, bairro e numeração dos imóveis da quadra. O conjunto possibilita melhor visibilidade dos endereços durante a noite.
Segurança
Um ponto que Maringá precisa melhorar, e a Prefeitura está empenhada nisso, é no monitoramento da cidade. A Secretaria de Segurança tem um projeto que prevê a instalação, em pontos estratégicos, de 70 câmeras com software para leitura de placas de veículos. A ideia é ter uma Central Integrada de Monitoramento que vai atender a segurança de unidades de saúde e outros equipamentos públicos. “Conseguiremos levantar ‘muralhas de segurança’ para diversos casos, como por exemplo, violência doméstica”, comenta o secretário da pasta, Ivan Quartarolli. Ele complementa que as câmeras vão melhorar a sensação de segurança da população, contribuir com a redução das taxas de acidentes e crimes e contribuir para a elucidação dos mesmos.
O Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Maringá (IPPLAM) está desenvolvendo estudos para contribuir com a transformação de Maringá em Cidade Inteligente. A presidente do órgão e secretária de Urbanismo e Habitação, Bruna Barroca, diz que entre os estudos estão o monitoramento de movimento para controle do fluxo de pessoas para auxílio na tomada de decisões; sensores de veículos ligados a uma central que indicarão vagas públicas de estacionamento; disponibilização das informações aos motoristas por meio de aplicativo; apps e telas em abrigos com localização dos ônibus; sensores para controle dos semáforos, do número e velocidade média dos veículos, verificação contínua da qualidade do ar; previsão de intempéries, entre outros.
Entre os projetos do IPPLAM está o Eixo Monumental, uma obra que prioriza as pessoas e revitalizará o centro da cidade, da Catedral até a avenida Colombo. Entre as novidades está o cabeamento subterrâneo, que evitará a necessidade de postes elétricos.
Meio Ambiente
A Prefeitura sabe que tem muito chão a percorrer. Precisa incentivar e criar condições para o aumento no uso dos carros elétricos. Estão no radar ações para estimular os eletropostos e aumentar a autonomia destes veículos. A frota da empresa concessionária de transporte coletivo de Maringá já possui dois ônibus elétricos, mais silenciosos e que reduzem a poluição do ar.
Outro ponto importante para as cidades inteligentes é o estímulo ao uso de bicicletas. Maringá tem hoje mais de 40 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas e tem várias obras em andamento ou projetos de ampliação. O objetivo é chegar a 77 quilômetros até o final de 2022, interligando a cidade de norte a sul, de leste a oeste. A Prefeitura vai estudar, no futuro, formas de ampliar o uso das pistas no período noturno, como implantação de ciclovias auto-iluminadas com piso gerador de energia ou uso de energia solar, além de locais para atendimento de demandas emergenciais de ciclistas.

Maringá finalizou, em 2017, o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos que contou com ampla participação da sociedade. O documento visa a melhoria da salubridade ambiental, a proteção dos recursos hídricos, a universalização dos serviços, o desenvolvimento progressivo e a promoção da saúde. São muitas ações transversais ao meio ambiente, saúde e bem-estar, economia, educação, segurança e cultura.
Os parques lineares são um exemplo. A Prefeitura está construindo dois. O Parque Linear Gralha Azul, no Conjunto Ney Braga, e o Parque Linear Rio Samambaia, no Jardim Piatã. São equipamentos públicos que garantem lazer, desenvolvimento sustentável e conservação ambiental. Os espaços vão contar com parque infantil, quadras, pomar, estacionamento, pistas de caminhada, Academia da Terceira Idade (ATI), palco cultural, entre outros benefícios.
Os parques lineares estão em áreas ao longo de córregos ou rios e têm a função de preservar os locais que antes eram alvos de descarte irregular de lixo. Ao mesmo tempo que preservam o meio ambiente, os parques estimulam a convivência entre a comunidade e sensibilizam os moradores do entorno para o cuidado com esses espaços.
A Prefeitura de Maringá recolhe diariamente cerca de 400 mil quilos de lixo orgânico e reciclável, por meio da coleta seletiva e coleta convencional. A reciclagem dos materiais recolhidos é realizada por 5 cooperativas contratadas pelo município. Elas contribuem com o meio ambiente, movimentam a economia e empregam 150 pessoas. Ainda são necessárias mais campanhas de conscientização sobre a separação do lixo e descarte regular.
Outras 5 toneladas de resíduos são descartados por dia de forma irregular nas vias públicas, canteiros, terrenos e fundos de vale. A Prefeitura tem feito campanhas de conscientização e aplicado multas para evitar este descarte. E também criou o Ecoponto, em fase de reformulação, para descarte de recicláveis e inservíveis, como eletrônicos, resíduos de construção civil e volumosos (móveis, sofás, colchões).
Com mais de 140 mil árvores em ruas e avenidas, Maringá é uma das cidades mais arborizadas do país. O preço deste benefício são as folhas que caem diariamente em bueiros. Por isso, a Secretaria de Infraestrutura desenvolveu um protótipo de Retentor de Impurezas de Águas Pluviais. No futuro, a cidade planeja a implantação de contêineres de lixo soterrados que geram economia e melhoram o trabalho da coleta, além de reduzir a emissão dos gases do efeito estufa.
Outro ponto a favor da Smart City é a Lei do IPTU Verde (Lei nº 9860/2014) que prevê a concessão de desconto de até 20% sobre o tributo para imóveis residenciais que gerem benefícios para o meio ambiente, como sistemas de capitação da água da chuva; reúso de água; aquecimento solar e uso de energia eólica, de material sustentável ou de energia passiva.