Livro reúne causos contados por moradores do extremo noroeste do Paraná
Gargalhadas, luzes e visões misteriosas, loira das seringueiras e lobisomem. Essas histórias, contadas por pessoas que as ouviram ou as vivenciaram, compõem o livro “Memórias e Oralidade – Narrativas da Microrregião do Extremo Noroeste do Paraná”, da professora Elmita Simonetti, de Paranavaí. Recuperar os frutos da cultura oral da região Noroeste do Paraná é a essência deste trabalho.
Muita informação histórica que se tem conhecimento hoje em dia é fruto da oralidade. As memórias culturais de situações vividas por pessoas da comunidade percorrem gerações e, por isso, resgatam mitos, rituais e valores que foram enfraquecidos na evolução da sociedade. “A coletânea é fruto de um estudo de caso sobre as marcas da oralidade na sociedade porque isto nos faz pensar o quanto é importante para uma cultura saber onde estão suas raízes.”, afirma a professora.
Elmita explica a inspiração para a realização desta pesquisa. “Já desenvolvi diversos trabalhos para contribuir com a área do conhecimento, mas como minha aposentadoria estava próxima, resolvi realizar esta pesquisa para deixar um último legado na Unespar [Universidade Estadual do Paraná].”.
Antes de ir a campo, a equipe responsável pela pesquisa se preparou para as histórias que iriam ouvir. Elmita explica que o intuito era conhecer causos místicos como lobisomem e luzes misteriosas por exemplo. Mas no decorrer das visitas, os contadores começaram a relatar também como foi a formação suas das cidades. A equipe optou então por acrescentar esses materiais na coletânea.
Devido ao regionalismo enraizado na linguagem, a professora conta as dificuldades no processo de transcrição, “demoramos um ano para transcrever todas as entrevistas porque nós havíamos nos comprometido que iriamos mantê-las da forma mais fiel possível, mas foi muito difícil porque o regionalismo presente na linguagem é muito variado então as vezes eles falavam palavras que não entendíamos.”.
No livro, a professora reuniu causos vivenciados por pessoas que moram nesta região. Foram quatro anos de pesquisa e em 2013, conseguiu publicar o material. No total, aparecem 22 cidades e 90 histórias. Durante as pesquisas, Elmita conseguiu filmar algumas entrevistas com os contadores e as reuniu também em um DVD que acompanha o livro.
Você já presenciou ou ouviu uma pessoa mais velha contar uma história intrigante? Mande para nós! Os causos serão reunidos em uma reportagem especial do GMC Online.
Conheça 9 causos contados por moradores do extremo noroeste do Paraná:
SÃO JOÃO DO CAIUÁ
“A Gargalhada”, causo contado por Geni Colontonio Nogueira.
SÃO CARLOS DO IVAÍ
“A luz do Rio Ivaí”, causo contado por Divanete dos Santos Cardoso.
SANTO ANTÔNIO DO CAIUÁ
“A Loira das Seringueiras”, causo contado por Maurício Alves de Almeida.
TERRA RICA
“A luz dos Três Morrinhos”, causo contado por Manoel Leite de Moraes (Bainho).
SÃO PEDRO DO PARANÁ
“Casa Queimada”, causo contado por Noé de Paula.
SÃO PEDRO DO PARANÁ
“Causos do Porto São José”, contado por Benedito José da Silva (Dito).
PARANAVAÍ
“Visão da dona Carmem”, causo contado por Eunice Maria Silva Barbarelli.
PARANAVAÍ
“Zé Vila, o homem-bicho”, causo contado por João Francisco da Silva.
PARANAVAÍ
“O Lobisomem de Paranavaí”, causo contado por Sirvaldo Vieira Figueiredo.
