29 de julho de 2025

Após alta em maio, varejo físico perde fôlego em junho com queda anual de 1,4%


Por Agência Estado Publicado 11/07/2025 às 19h05
Ouvir: 03:27

Após o impulso nas vendas gerado pelo Dia das Mães em maio, o comércio físico brasileiro perdeu fôlego em junho. Segundo dados do Índice de Performance do Varejo (IPV), da consultoria HiPartners, o faturamento do setor caiu 1,4% na comparação anual, enquanto o fluxo de consumidores recuou mais de 10% em lojas de rua e shoppings.

“O mês de junho de 2025 apresentou um cenário de fraco crescimento e desempenho aquém das expectativas para o varejo brasileiro, diferente do dinamismo observado em maio”, afirmou a sócia da HiPartners, Flávia Pini. Para ela, o momento exige estratégias “resilientes” por parte do setor.

A queda na movimentação foi de 11% nos shoppings e de 10% no comércio de rua. Em termos de receita, as lojas de rua recuaram 1,93% e as de shopping, 0,29%. A retração é atribuída à ausência de datas promocionais relevantes, aos juros ainda elevados e ao alto nível de endividamento das famílias, fatores que continuam restringindo o consumo.

Apesar do desempenho fraco no total nacional, algumas regiões destoaram. O Nordeste e o Centro-Oeste registraram crescimento no faturamento, de 4,11% e 1,47%, respectivamente. Já a Região Norte, embora tenha apresentado um salto de 34,9% no fluxo de visitação, viu seu faturamento cair 2,29%, sugerindo menor ticket médio ou baixa conversão de visitas em vendas.

Por outro lado, o Sudeste e o Sul, responsáveis por grande parte do consumo no País, mostraram retração nas duas frentes. O Sudeste caiu 2,68% em faturamento e 6,4% em fluxo, enquanto o Sul teve recuos mais acentuados, de 3,52% e 21,2%, respectivamente.

Mesmo com a retração no volume de vendas, o ticket médio subiu 5,3%, indicando um comportamento de consumo mais seletivo. As lojas de shopping puxaram essa alta, com variação de 6%, seguidas pelas lojas de rua, com 5,1%. Regionalmente, o maior avanço foi observado no Nordeste e no Sul, ambos com alta de 5,8%.

Setorialmente, apenas móveis e eletrodomésticos (1,81%) e tecidos, vestuário e calçados (0,54%) escaparam da queda no faturamento. A tendência aponta para uma priorização de itens duráveis ou essenciais, em detrimento de compras por impulso.

O cenário descrito pelo IPV da HiPartners dialoga com os dados mais recentes do IBGE. A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) mostrou alta de 2,1% no varejo restrito em maio, abaixo das projeções do mercado e sinalizando possível estagnação nas vendas em diversos segmentos, sobretudo nos mais sensíveis ao crédito.

A expectativa para os próximos meses é de recuperação gradual, com atenção especial ao mês de agosto, impulsionado pelo Dia dos Pais. No entanto, a HiPartners acredita que a trajetória da taxa Selic, os estímulos governamentais e o nível de endividamento das famílias continuarão sendo fatores decisivos para o ritmo do consumo no segundo semestre.

Pauta do Leitor

Aconteceu algo e quer compartilhar?
Envie para nós!

WhatsApp da Redação

Comentar

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Economia

EUA podem isentar café, cacau e outros produtos agrícolas, diz Lutnick


O secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, reconheceu que o país pode reconsiderar e isentar de tarifas comerciais…


O secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, reconheceu que o país pode reconsiderar e isentar de tarifas comerciais…

Economia

Criptomoedas: bitcoin opera estável à espera de catalisadores e de olho em decisão do Fed


O bitcoin rondava a estabilidade na tarde desta terça, 29, com investidores em busca de novos catalisadores para o mercado….


O bitcoin rondava a estabilidade na tarde desta terça, 29, com investidores em busca de novos catalisadores para o mercado….

Economia

Petróleo fecha em alta de mais de 3% com novo prazo de Trump para Rússia acabar com guerra


Os contratos futuros do petróleo fecharam em alta de mais de 3% nesta terça-feira, 29, estendendo o rali de ontem,…


Os contratos futuros do petróleo fecharam em alta de mais de 3% nesta terça-feira, 29, estendendo o rali de ontem,…