22 de outubro de 2025

Após pacote antitarifaço, taxas curtas reduzem quedas e demais vértices sobem


Por Agência Estado Publicado 13/08/2025 às 18h21
Ouvir: 05:05

Sem maiores surpresas em relação às medidas governamentais para mitigar o impacto do tarifaço dos Estados Unidos sobre o Brasil, a curva a termo reagiu a falas mais duras do Executivo em relação à ofensiva comercial na segunda etapa do pregão desta quarta. Os vencimentos curtos reduziram o ritmo de queda observado desde o início da sessão, enquanto a parte intermediária e longa operou em alta.

Durante a cerimônia de assinatura da Medida Provisória “Brasil Soberano”, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o País está sendo “sancionado por ser mais democrático do que o seu agressor”. Já o presidente Lula disse que a “aposta” que os EUA estão fazendo pode não dar certo, e que o Brasil busca alternativas “para que os EUA aprendam que democracia e respeito comercial e multilateralismo vale para nós e deve valer para eles”.

As declarações foram feitas por volta das 13h30, quando os vértices dos DIs a partir de 2028 abriram mais. Na parte mais curta da curva, prevaleceu a divulgação de nova leva de dados de atividade mais fracos, que intensificaram discussões sobre um corte da Selic ainda este ano. “O mercado, praticamente, está precificando 50% de chance de o ciclo começar em dezembro”, diz Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.

Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 oscilou de 14,892% no ajuste anterior para 14,890%. O DI de janeiro de 2027 passou de 13,961% no ajuste de ontem para 13,92%. O DI de janeiro de 2028 ficou praticamente estável, ao passar de 13,194% no ajuste a 13,195%. O DI de janeiro de 2029 marcou 13,125%, de 13,093% no ajuste da véspera.

Na ponta mais longa da curva, o DI de janeiro de 2031 aumentou de 13,339% no ajuste para 13,39%. O DI de janeiro de 2033 avançou de 13,479% no ajuste anterior para 13,53%.

Para Luan Aral, trader da Genial Investimentos, a pressão nos DIs intermediários e longos foi tímida na sessão desta quarta, 13, mas ficou nítido que esses vértices subiram um pouco mais pelas falas de Haddad e Lula. “Ficou claro que o governo está indo para o ‘tudo ou nada’, em um movimento político de ataque contra Trump”, disse, lembrando que pesquisas eleitorais da Genial em parceria com o Instituto Quaest indicaram que a popularidade do governo aumentou após o tarifaço.

Aral pondera, no entanto, que no acumulado de agosto, o DI de janeiro de 2029, por exemplo, mostra redução de 0,3 ponto porcentual. “Um pequeno movimento de correção na sessão de hoje é válido”, diz.

Economista-chefe da Galapagos Capital, Tatiana Pinheiro aponta que o Programa Brasil Soberano, apoiado em seis medidas, veio conforme o previsto. A principal delas é uma linha de crédito de R$ 30 bilhões com juros subsidiados. Também compõem o pacote a compra, pelo governo, de itens perecíveis que seriam exportados ao mercado americano, a concessão de seguros à exportação, adiamento da cobrança de impostos e extensão do benefício fiscal Reintegra para todas as companhias que vendem aos EUA.

Especialista em política fiscal do Santander, o economista Ítalo Franca afirma que o plano governamental não tem efeito relevante sobre as contas públicas, o que ainda possibilita o cumprimento da meta fiscal de 2025.

Do lado da atividade, foi divulgada hoje pelo IBGE a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) de junho. O volume de vendas do varejo restrito, que não considera automóveis e material de construção, caiu 0,1% na passagem mensal, abaixo da mediana de instituições ouvidas pelo Projeções Broadcast, de 0,8%. Já o varejo ampliado, que inclui esses dois setores, teve retração maior ante maio, de 2,5%. A expectativa mediana para o dado era de alta de 0,1%.

“O mercado começa a debater mais abertamente sobre corte de juros”, aponta Aral, da Genial. Durante evento nesta tarde, o chairman e sócio-fundador do BTG Pactual, André Esteves, avaliou que os juros altos estão produzindo efeitos na convergência da inflação, o que pode dar espaço para o Banco Central (BC) começar a cortar a Selic a partir de dezembro ou janeiro.

Pauta do Leitor

Aconteceu algo e quer compartilhar?
Envie para nós!

WhatsApp da Redação

Comentar

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Economia

Secretário-geral da ONU vê risco de novas guerras comerciais e alerta para tarifas em alta


O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, alertou para um “alto risco de guerras comerciais motivas por…


O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, alertou para um “alto risco de guerras comerciais motivas por…

Economia

Durigan diz que alternativas devem render mesmos recursos previsto na MP 1.303


O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, disse que as alternativas desenhadas pelo governo à Medida Provisória (MP) 1.303…


O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, disse que as alternativas desenhadas pelo governo à Medida Provisória (MP) 1.303…

Economia

É essencial oferta de novos blocos que permita previsibilidade a empresas, diz diretor da ANP


O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Artur Watt Neto, destacou na manhã desta quarta-feira,…


O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Artur Watt Neto, destacou na manhã desta quarta-feira,…