06 de junho de 2025

Bancos privados ganham R$ 42,6 bi em valor de mercado com 1º trimestre acima do esperado


Por Agência Estado Publicado 17/05/2025 às 07h01
Ouvir: 06:33

Os três maiores bancos privados do País ganharam R$ 42,6 bilhões em valor de mercado após a divulgação dos balanços relativos ao primeiro trimestre, de acordo com levantamento do Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) feito a partir dos dados da B3. Os avanços refletem resultados que geraram perspectivas mais positivas para Itaú Unibanco, Bradesco e Santander Brasil, mesmo diante de um segundo semestre em que a desaceleração da economia tende a ficar mais clara.

Gigantes do setor privado ganham R$ 42,6 bi com balanços acima do previsto

Banco – Valor antes do balanço – Valor em 9/5 – Ganho

Itaú Unibanco – R$ 358,9 bi – R$ 377,3 bi – R$ 18,4 bi
Bradesco – R$ 131,3 bi – R$ 150,3 bi – R$ 19 bi
Santander Brasil – R$ 106,4 bi – R$ 111,6 bi – R$ 5,2 bi
Ganho total: R$ 42,6 bi

Fonte: B3, levantamento Broadcast
Valores antes do balanço consideram fechamento anterior às divulgações

Os investidores atribuem um valor maior a uma empresa quando consideram que ela deve gerar mais lucros do que o esperado anteriormente. No caso dos três bancos, isso se traduziu em mudanças de recomendação no caso do Bradesco, que bateu a expectativa do mercado no lucro e em diversas linhas de resultado.

O Bank of America, por exemplo, elevou de neutra para compra a recomendação para as ações preferenciais do banco, e aumentou de R$ 14 para R$ 17 o preço-alvo. Na visão dos analistas liderados por Mario Pierry, o primeiro trimestre acima das expectativas “deixou” a ação do Bradesco mais barata do que seria justo.

“O lucro líquido superou nessa estimativa em 8%, e levou a uma rentabilidade de 14,4% (1 ponto porcentual acima do esperado), dando evidências de que o plano de reestruturação, lançado um ano atrás, está tendo um impacto positivo (e estrutural) nas operações”, escreveram os profissionais.

Movimento similar foi feito pelo BB Investimentos, que tinha recomendação neutra para o Bradesco desde novembro de 2022. O analista Rafael Reis elevou essa recomendação a compra, sem mudar o preço-alvo. “O salto quantitativo do Bradesco neste trimestre marca uma virada mais contundente para o banco, em nossa visão, muito parecido com o que vimos no terceiro trimestre de 2023 do Santander.”

Mesmo no caso do Itaú, que negocia a múltiplos mais altos que os dos dois rivais, o mercado enxergou nos números do primeiro trimestre o gatilho de futuras revisões para cima nas previsões de lucro. “A forte geração de lucro do banco, a qualidade dos ativos e o balanço ainda o tornam atrativo em relação aos pares, mesmo com a avaliação ‘premium'”, escreveu Eduardo Rosman, do BTG Pactual, que recomenda a compra das ações.

Também não houve grandes revisões para o Santander, mas o mercado considera que o banco entrou em um ciclo mais positivo de resultados. “Embora a análise do trimestre tenha sido impactada pela implementação da 4.966 resolução do CMN que alterou as normas contábeis do setor, continuamos a ver uma melhoria estrutural nas tendências para a rentabilidade”, afirmou Gustavo Schroden, do Citi.

Protegidos

A mensagem dos bancos sobre o restante do ano também trouxe segurança ao mercado. Embora continuem crescendo no crédito, os maiores nomes do setor privado no País têm alocado capital de forma seletiva, preferindo linhas de crédito com garantias e clientes com perfil mais resiliente aos ciclos da economia.

No Santander, por exemplo, a linha de maior crescimento na operação de pessoa física foi a de financiamento de veículos, em que o próprio automóvel serve como garantia para o banco. Essa tem sido a tônica há alguns trimestres.

“O varejo massificado é onde a gente puxa essa média de ROE para os 17,4%. A gente tem nas novas safras do varejo massificado um ROE acima de 20%, obviamente prospectivo”, disse o presidente do banco, Mario Leão, em videoconferência para divulgar os resultados do trimestre, no final de abril.

Os três bancos têm afirmado que o objetivo é avançar em operações de crédito que tenham boa rentabilidade depois de descontado o custo das provisões contra a inadimplência. Desta forma, a carteira tende a crescer mais em produtos com garantia, como o financiamento de automóveis, imóveis ou o crédito consignado.

Estas linhas, na visão das instituições, permitem manter o crescimento da carteira mesmo com os juros mais altos. “Mesmo com esse apetite de crédito moderado, nós temos oportunidades porque temos capacidade de penetração em carteiras colateralizadas com garantias”, afirmou o presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, na semana passada.

A seletividade mostra uma diferença importante de posicionamento dos bancos em relação ao pós-pandemia. Em 2021, as maiores instituições do País aceleraram em produtos como o cartão de crédito para clientes de baixa renda, em uma tentativa de conter o avanço das fintechs. Com a alta da inflação e dos juros em 2022, a inadimplência nestes segmentos disparou, e foi preciso “limpar” as carteiras nos anos seguintes.

“O portfólio está muito bem defendido para um cenário mais desafiador”, disse na sexta o presidente do Itaú, Milton Maluhy. O banco fez um amplo processo de redução dos riscos da carteira entre 2022 e 2023, e agora, aposta no atendimento de clientes correntistas e não correntistas em uma plataforma só, o “superapp”, para conhecê-los melhor, reduzir os riscos e ampliar a rentabilidade.

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