Curva a termo abre com desconforto fiscal-eleitoral, Treasuries e câmbio
Os juros futuros ampliaram a alta na curva a termo na tarde desta segunda, 22, mediante desconforto fiscal, na esteira de incertezas sobre quais serão os candidatos nas eleições de 2026. Como pano de fundo, a abertura da curva dos Treasuries nos Estados Unidos e o dólar a R$ 5,58, também impulsionaram o movimento, porém a liquidez foi reduzida nesta segunda-feira de agenda esvaziada e com feriado na semana.
O contrato de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 fechou com taxa de 13,84%, de 13,770%, e o para janeiro de 2029 avançou para 13,35%, de 13,237% na sexta-feira, enquanto o vencimento para janeiro de 2031 subiu para 13,655%, de 13,537% no ajuste anterior.
Destaque para notícias que apontam articulações para fortalecer a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo a CNN, o entorno do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), abriu conversas para disputar a vice-presidência na chapa de Flávio, numa costura liderada pelo presidente do PSD, Gilberto Kassab.
“Nessas últimas semanas o mercado financeiro vem acompanhando bastante esse desdobramento que temos com relação a Flávio Bolsonaro, Tarcísio, enfim. Antes do Flávio, havia uma propensão mais forte de um centro-direita ganhando força no ano que vem, mas na sequência do senador ganhando espaço nas pesquisas eleitorais, o mercado passa a colocar um pouco mais de ‘risco’ e tira um pouco a convicção de uma vitória de centro-direita”, comenta Rafael Passos, sócio e analista da Ajax Asset. Ele acrescenta que cada vez mais haverá maior volatilidade por conta do tema eleitoral, e que nesta semana a liquidez tende a ser menor.
O economista Julius Hedegus Netto, da JHN Consulting, concorda: “Estresse com front fiscal delicado e incertezas sobre eleições” balizaram o comportamento da curva.
Passos menciona, ainda, que o mercado reverbera a comunicação mais dura do Banco Central (BC) recentemente. “Justamente por conta de ruído político, o BC ainda tende a ficar mais hawkish. E lá fora não tem nenhum grande direcionamento, com as taxas mais longas abrindo – sendo um movimento mais técnico, do que de fato, fundamento. E também tem um estresse no câmbio, pois sazonalmente há uma demanda mais forte por dólar”, complementa o analista.
