Dólar reduz alta com leilões do BC, mas cautela com votação fiscal e Lula persiste
O dólar desacelera a alta intradia, após cair de forma pontual aos R$ 6,0276 (-0,06%), reagindo ao anúncio do Banco Central de um leilão de venda de dólar no mercado à vista, às 9h35 desta segunda-feira, 16. O anúncio ocorreu após a divisa registrar máxima intradia, a R$ 6,0986 (+1,12%). O BC também já programou outro leilão de linha de até US$ 3 bilhões (10h20).
Essas ofertas de liquidez visam suprir a demanda maior de empresas para remessas de dividendos de fim de ano ao exterior, mas não desviam o dólar do sinal de alta, que reflete cautela com o cenário fiscal. O tempo é curto, de uma semana, para votação do pacote de cortes de gastos de R$ 70 bilhões no Senado, até sexta-feira, antes do recesso parlamentar, que começa no dia 23 e vai até 1º de fevereiro de 2025. Também são esperadas as votações da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA).
Investidores repercutem ainda a alta hospitalar do presidente Lula e suas críticas ao patamar da Selic. Para o presidente Lula, não há justificativa para que a Selic esteja neste nível (12,25%), já que, segundo ele, a inflação segue “totalmente controlada”. “A irresponsabilidade é de quem aumenta a taxa de juros e não do governo federal, mas vamos cuidar disso”, complementou.
Nos juros, desde sexta, a curva de juros passou a precificar maior chance de alta de 125 pontos-base da Selic em janeiro.
O boletim Focus está no radar. A mediana das projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis no Sistema Expectativas de Mercado, que embasa o relatório Focus, indica que a taxa Selic deve subir a 14,75% no fim do ciclo de aperto. Seria o maior nível nominal dos juros desde julho de 2006.
Já a mediana para a Selic no fim de 2025 saltou de 13,50% para 14%, no primeiro boletim divulgado após a decisão do Copom. O colegiado elevou os juros em 1 ponto porcentual, de 11,25% para 12,25%, e sinalizou mais dois aumentos da mesma magnitude – que levariam a taxa a 14,25% em março do ano que vem, o maior nível desde 2016. A estimativa intermediária para os juros no fim de 2026 subiu de 11,0% para 11,25%. A projeção para o fim de 2027 se estabilizou em 10,0%. .
Para o IPCA de 2025, a mediana subiu pela nona semana consecutiva, de 4,59% para 4,60% – acima do teto da meta, de 4,50%. A mediana para 2026 continuou em 4,0%, interrompendo uma sequência de seis semanas de alta. A projeção para 2027 avançou de 3,58% para 3,66%, o segundo aumento consecutivo.
Nos próximos dias, as atenções estarão ainda na ata do Copom (nesta terça, 17), na decisão sobre juros do Federal Reserve (Fed), na quarta-feira (18), e no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), na quinta-feira (19).
No exterior, o mercado reage a dados mais fracos de vendas no varejo na China, e a índices de gerentes de compras (PMI) de serviços melhores no Reino Unido, zona do euro e Alemanha, além do rebaixamento do rating soberano da França pela Moody’s.
A China informou que planeja adotar medidas para aumentar a renda doméstica e tornar sua política fiscal mais proativa, visando apoiar a recuperação econômica em 2025. A política monetária será acomodativa para reduzir a dívida fiscal, visando impulsionar a economia de forma coordenada.
Para a decisão do Fed, investidores esperam novo corte os juros em 25 pontos-base, mas que o Banco da Inglaterra mantenha as taxas, na quinta. A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, reforçou nesta segunda expectativa por contínuo relaxamento monetário ao longo do ano que vem, em meio à crescente confiança de que a inflação caminha para se acomodar na meta de 2% na zona do euro.
Às 9h54, o dólar à vista subia 0,36%, a R$ 6,0531. O dólar futuro para janeiro ganhava 0,20%, a R$ 6,0615.