O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse nesta segunda-feira que a operação de blended finance que está sendo estruturada para levantar recursos à recuperação de áreas degradadas deve mobilizar mais de “uma dezena” de bilhões de reais em investimentos. A intenção é publicar a chamada para a operação ainda neste ano, com entrega das propostas no começo de 2025.
Após participar do fórum da ApexBrasil em São Paulo, Ceron contou a jornalistas que o governo tem condições de aportar, ao longo do ano que vem, cerca de R$ 2 bilhões no EcoInvest, o programa de hedge cambial que visa a atrair recursos para projetos sustentáveis de longo prazo. “Vamos alocando parcialmente de acordo com as diferentes linhas”, afirmou o secretário do Tesouro.
Na recuperação de áreas degradadas, haverá um leilão temático com objetivo de converter 1 milhão de hectares para a produção de biocombustíveis, combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês) e reflorestamento. “Nosso intuito é mais quantitativo em relação à reconversão de áreas. Então, vamos buscar um milhão de hectares, é muita coisa. Pode alavancar, com certeza, mais de uma dezena de bilhões de reais investidos”, afirmou o secretário do Tesouro.
“Fazer disso um processo de inovação, inclusive industrial, fomentar toda a indústria de biocombustíveis, que tem um potencial incrível, ou SAF, que pode ser uma plataforma exportadora fantástica para o país, ainda mais se ela vier da conversão de áreas degradadas”, acrescentou, ao falar das metas da operação.
Ceron disse ainda que está em discussão a criação de uma espécie de fundo de investimento em participações (FIP) voltado à estruturação de projetos da agenda verde. A ideia é que todo o mercado tenha condição de apoiar a agenda e viabilizar projetos inovadores em sua etapa inicial, onde os riscos são maiores.
Conforme Ceron, os próximos passos do EcoInvest não dependem de aprovação de projetos no Congresso, faltando apenas regulamentação do ministério da Fazenda e a publicação dos chamamentos para serem realizados. O secretário assegurou ainda que o programa terá “prestação de contas muito forte e rigorosa”, de modo a evitar greenwashing e reforçar a credibilidade do EcoInvest.