Após ter mergulhado 2,74% ontem – no que foi sua maior perda desde 2 de janeiro de 2023 -, o Ibovespa teve nesta sexta-feira, 13, um segundo dia de piora, que se acentuou em direção ao fechamento.
O índice segue submetido a duas variáveis, coordenadas e associadas à deterioração do risco fiscal: o prosseguimento da pressão tanto no câmbio – com o dólar em alta de 0,40%, a R$ 6,03, apesar da oferta da moeda à vista pelo BC nesta sexta-feira – como na curva de juros doméstica.
Assim, com giro moderado a R$ 22,8 bilhões, o Ibovespa cedeu hoje 1,13%, a 124.612,22 pontos, no menor nível desde 28 de novembro (124.610,41). Na semana, acumulou perda de 1,06%, após leve avanço de 0,22% na anterior. No mês, cede agora 0,84% e, no ano, cai 7,13%.
Da mínima à máxima, o Ibovespa oscilou hoje de 124.578,23 a 126.290,33 pontos, saindo de abertura aos 126.102,26 pontos. No intradia, operou no patamar mais baixo desde 29 de novembro, então aos 123.946,16 pontos.
Apenas uma (Hapvida) das 86 ações da carteira Ibovespa havia avançado na quinta-feira, mas a recuperação para o índice não veio nesta última sessão da semana, o que o fez passar do positivo ao negativo no acumulado em dezembro.
Entre as blue chips, destaque hoje para a queda de 1,50% em Vale ON, que mostra agora perda de 4,25% no mês e de 21,48% no ano. Petrobras também cedeu terreno na sessão (ON -0,48%, PN -0,63%), mas conseguiu avançar na semana (ON +1,11%, PN +1,49%). Entre os grandes bancos, as perdas na sessão ficaram entre 1,16% (Bradesco ON) e 1,66% (Santander Unit), com revés na semana que chegou a 4,83% para Santander no intervalo – no mês, as ações do setor mostram perdas até 4,12% (Bradesco PN).
Na ponta ganhadora do Ibovespa na sessão, destaque para Pão de Açúcar (+4,87%) e Minerva (+1,60%), que ontem tinham figurado entre as maiores perdedoras. JBS (+1,13%) e Eletrobras (PNB +1,11%) também puxaram a fila de ganhos nesta sexta-feira. Do lado oposto, Brakem (-11,03%), Assai (-5,12%) e Vamos (-5,08%).
O Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira traz poucas mudanças no quadro das expectativas do mercado financeiro para o desempenho das ações no curtíssimo prazo. Entre os participantes, a projeção de alta para o Ibovespa na próxima semana voltou a ser majoritária, com 50% do total, frente a 40% na pesquisa anterior. A fatia dos que esperam estabilidade variou de 40% para 33,33%, enquanto a das respostas indicando baixa caiu de 20% para 16,67%.
“Desafios econômicos e políticos têm testado a paciência do mercado. Internamente, o mercado ainda olha com desconfiança para o pacote fiscal em discussão no Congresso, considerado frágil e sujeito a desidratações. E o otimismo do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, sobre a aprovação do pacote antes do recesso parlamentar é visto com reservas”, diz Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital. “Externamente, o cenário também não ajuda. A volatilidade nos preços de commodities, como metais e petróleo, cria ambiente adverso que pressiona ainda mais ações de peso, como Vale e Petrobras”, acrescenta.
“Questão fiscal continua a ser monitorada muito de perto pelo mercado, mesmo em um dia com pouco desdobramento, sem novidades, e com agenda de dados também esvaziada. O índice da Bolsa segue muito comprimido”, diz Rubens Cittadin, operador de renda variável da Manchester Investimentos. “Vale acompanhou a queda do minério de ontem para hoje, e foi um dos principais fatores para o desempenho do Ibovespa na sessão”, acrescenta.